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04/07/2025Custo de vida nos lares paulistanos é pressionada pela alta dos alimentos e pelo aumento na conta de luz, aponta FecomercioSP
Comida sobe 10% para a classe E; desaceleração lenta continua preocupando as famílias, com alta acumulada de 6% nos últimos 12 meses
Com a inflação persistente na alimentação e o aumento nos remédios e na conta de luz, o custo de vida na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) subiu 0,24%, em maio [tabela 1], segundo os dados da pesquisa Custo de Vida por Classe Social (CVCS), produzida pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) com base nas informações do IBGE. Mesmo representando uma desaceleração em comparação com o mês de abril, o índice aponta para uma pressão significativa sobre as famílias, já que, em 12 meses, a alta do custo de vida já registrou 6,01%.
[TABELA 1]
Custo de vida na Região Metropolitana de São Paulo (CVCS)
Grupos de consumo – Maio de 2025
Fonte: IBGE/FecomercioSP
De acordo com a FecomercioSP, a leve desaceleração não deve ser interpretada como um alívio, pois foi apenas conduzida pelo grupo de transportes. A alta nos itens essenciais, como alimentação, saúde e energia, são preocupantes para as famílias. Segundo a estimativa da Entidade, a tendência é de alta a partir de julho, então, é importante que consumidores e empresários tenham cautela e atenção neste momento.
O grupo de alimentação e bebidas apresentou a maior variação desde dezembro de 2023, com alta acumulada de 9,04% nos últimos 12 meses. O impacto foi mais intenso para os lares de menor renda: na classe E, a inflação do grupo superou os 10%, enquanto nas classes B e A, as variações foram de 8,74% e 8,75%, respectivamente.
A alta nos preços foi sentida tanto no consumo dentro do domicílio (0,68%) quanto fora (0,55%). Dentre os alimentos consumidos em casa, o café moído se destacou, com aumento de 7,3%, no mês, e impressionantes 72,72%, no acumulado de 12 meses. Também registraram altas o leite longa vida (3%), o chocolate (4,4%) e o corte de acém (4%), reforçando a pressão sobre itens essenciais da cesta de consumo. Fora do lar, refeições em bares e restaurantes subiram 0,9%, mesmo índice observado no cafezinho.
Em decorrência desse encarecimento de produtos e serviços na RMSP, as famílias de renda mais baixa continuam sendo as mais impactadas, com variação de 6,56% (classe E), ante 5,68% na classe A, a mais alta no acumulado [tabela 2].
[TABELA 2]
Custo de vida na Região Metropolitana de São Paulo (2025)
Variação por classes sociais – Acumulado dos 12 meses
Fonte: IBGE/FecomercioSP
Impacto para o custo de vida
O grupo de saúde foi o segundo que mais pressionou a inflação no mês, com avanço de 0,87%. No acumulado do ano, a alta chega a 3,59%, e em 12 meses, a 6,02%. Produtos como medicamentos e itens de higiene e beleza pressionam o bolso das famílias, com aumento em hormônios (3,1%), hipotensores (3%), artigos para a pele (2,4%), sabonetes (0,7%) e peças de higiene bucal (0,7%).
O grupo de habitação, por sua vez, registrou aumento de 0,54%, incentivado pela mudança da bandeira tarifária (de verde para amarela). Por isso, a conta de energia elétrica aumentou 1,8% em maio.
[TABELA 3]
Custo de vida na Região Metropolitana de São Paulo (2025)
Variação por classes sociais — Maio de 2025
Fonte: IBGE/FecomercioSP
Também apontaram alta os grupos de vestuário (0,38%), despesas pessoais (0,35%) e educação (0,01%). Já os segmentos de comunicação e artigos do lar não apresentaram variação.
A queda de 0,64% nos transportes trouxe alívio especialmente para os lares de baixa renda [tabela 3], com recuos de 1,5%, para a classe E, e de 1,43%, para a D. Para a classe A, a retração foi mais leve (-0,32%). O resultado foi puxado, principalmente, pela redução nos preços dos combustíveis — com queda de 1,2% na gasolina e de 2% no etanol. Nos serviços, destacaram-se as quedas nos valores do ônibus interestadual (-2,8%) e, sobretudo, das passagens aéreas, que recuaram 9,9%, mantendo a tendência de baixa registrada desde o início do ano.
Nota metodológica
CVCS
O Custo de Vida por Classe Social (CVCS), formado pelo Índice de Preços de Serviços (IPS) e pelo Índice de Preços do Varejo (IPV), utiliza informações da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE e contempla as cinco faixas de renda familiar (A, B, C, D e E) para avaliar os pesos e os efeitos da alta de preços na região metropolitana de São Paulo em 247 itens de consumo. A estrutura de ponderação é fixa e baseada na participação dos itens de consumo obtida pela POF de 2008/2009 para cada grupo de renda e para a média geral. O IPS avalia 66 itens de serviços, e o IPV, 181 produtos de consumo.