Negócios
11/06/2020Fintechs e digitalização de bancos precisam gerar nova dinâmica para concessão de crédito pós-pandemia
Apesar da pequena, mas crescente, participação no mercado, as fintechs tendem a ser uma alternativa robusta à grande concentração bancária do Brasil
As consequências da concentração de mercado pelos grandes bancos são as taxas de juros e os excessos de garantias exigidas para empréstimos
(Arte: TUTU)
A crise do coronavírus tornou ainda mais evidente um grande gargalo no País: a concentração bancária. São basicamente cinco principais bancos que centralizam 85% do mercado. O porcentual chega a 100% em municípios pequenos do interior, onde há um número ainda menor de bancos operando e, por consequência, menos concorrência por clientes. Em relação ao crédito, R$ 7 a cada R$ 10 emprestados pelos bancos no Brasil saem dessas poucas, mas grandes, instituições – e isso cria muita dependência do povo brasileiro em relação a essas financeiras, que ditam toda a dinâmica da liberação de recursos.
Os Estados Unidos, por exemplo, abrigam 4 mil bancos locais, responsáveis por 60% dos empréstimos para os pequenos negócios – com a função de desenvolver a economia regional, ou seja, manter o dinheiro localmente para o benefício da comunidade. Um cenário oposto ao do Brasil.
O que pode contribuir para a pulverização do crédito no País, principalmente para as micros e pequenas empresas, são as fintechs de crédito. Elas devem desempenhar um papel importante no cenário pós-pandemia, ressalta a FecomercioSP.
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O benefício das fintechs passa pela aprovação de crédito mais rápida e menos burocrática, com melhor relacionamento com o cliente – por meio da tecnologia – e com melhores condições de pagamento. As principais empresas que prestam esse serviço em território nacional são: Nexoos, Geru, Mova, WEEL, Creditas e IOOU.
O mercado, contudo, ainda é muito pequeno. Cerca de 30% dos recursos liberados são concentrados nas regiões Sul e Sudeste, onde está a maior estrutura financeira do Brasil. Esses empréstimos variam de acordo com cada empresa, mas, normalmente, o público é formado por negócios que demandam menos de R$ 1 milhão.
A FecomercioSP reitera que a capilaridade e o ganho de escala dos grandes bancos ainda dificultam a atuação das fintechs e que esse modelo de negócio ainda não permite a oferta de taxas muito vantajosas às empresas. Apesar disso, pontua que a participação da tecnologia e a digitalização na concessão de crédito são caminhos sem volta.
Vale a pena ao empresário acessar os sites dessas instituições e ver as condições de empréstimos e qual perfil é o mais adequado ao negócio. Elas disponibilizam simuladores de taxa de juros e prazos de pagamento.
Para auxiliar, a Federação fez uma simulação nos sites das principais fintechs do País.
Crédito está mais “difícil” durante a pandemia
As principais consequências da concentração de mercado pelos grandes bancos são as taxas de juros e os excessos de garantias exigidas – isso não mudou durante a pandemia. De acordo com o último relatório de crédito do Banco Central, período que já pega o início da crise no País, a taxa média de juros para as empresas em março foi de 16,6% a.a., e o prazo médio para pagamento foi de 22,4 meses, nada muito diferente dos meses anteriores, pontua a FecomercioSP.
Um estudo especial do Banco Central sobre concorrência no setor sugeriu que “tecnologias que eliminem a dimensão geográfica dos mercados de crédito podem contribuir significativamente para a ampliação do crédito e a redução do seu custo, na medida em que permitem maior concorrência sem a necessidade de presença física em cada localidade”. O período pós-pandemia vai exigir um rearranjo nesse cenário para que a recuperação econômica do Brasil seja mais célere – e isso dependerá, sobretudo, da sobrevivência dos pequenos negócios.
Clique aqui e veja o resultado e a análise da FecomercioSP sobre a simulação de crédito nas principais fintechs do País.