Economia
16/08/2023Drex: entenda como deve funcionar a moeda digital brasileira na prática
Com uso de blockchain e documentação meticulosa das transações financeiras, moeda deve ser um marco para a segurança digital na economia
O Banco Central (Bacen) apresentou, oficialmente, o nome da nova moeda digital brasileira, o Drex, anteriormente chamada de real digital. A iniciativa, em curso desde 2020, foi concebida para fomentar a criação de negócios inovadores — proporcionando a empreendedores e população um acesso mais equitativo às vantagens da economia digital, tudo em um ambiente seguro e altamente resiliente contra fraudes.
A implementação do Drex está em etapa de experimentação desde março, com simulações programadas para setembro deste ano. O lançamento oficial da moeda digital deve ocorrer no fim de 2024 ou no início de 2025.
Bancos centrais de nações como China, Suécia e Estados Unidos já se debruçam sobre essa evolução. O objetivo é reformular o método pelo qual o Brasil produz cédulas, considerando que o modelo atual, centrado na impressão, apresenta custos significativos.
O Drex tem potencial de mudar completamente a realidade da digitalização econômica no Brasil.
O que é o Drex?
O Drex é, em essência, uma representação digital do real físico, com operação e supervisão sob a chancela do Bacen e a segurança do blockchain. A moeda digital mantém paridade com o real, adotando a relação de 1 para 1 (R$ 1 = RD$ 1), distinguindo-se das criptomoedas tradicionais pela natureza centralizada e mais transparente.
O Drex, assim como o PIX, segue as tendências de digitalização financeira mundial, com o objetivo de tornar as transações mais fluidas e ininterruptas. No entanto, embora represente uma evolução digital do real, é vital reconhecer que o Drex não sinaliza o fim iminente das moedas físicas tradicionais.
Os objetivos são minimizar os custos de transação, potencializar a eficiência de pagamentos e catalisar inovações financeiras. Além disso, o Drex contribuirá para uma rastreabilidade maior nas transações, ajudando na mitigação de atividades ilícitas.
Um destaque importante entre o Drex e o real tradicional é a entidade garantidora. Enquanto depósitos convencionais são assegurados por bancos individuais, o Drex é diretamente garantido pelo Bacen. Isso proporciona aos usuários uma conexão mais direta e confiável.
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Para ilustrar como funcionará
O Drex ainda está em fase de teste. Mas o que tudo indica, deverá funcionar da seguinte forma:
- O Bacen emite o Drex.
- Uma entidade financeira, devidamente credenciada pelo Bacen, aloca o Drex em sua respectiva conta CBDC (moeda digital do Bacen).
- O cliente “X” dispõe de um saldo de 90 mil Drex na carteira digital no aplicativo de seu banco.
- O cliente “Y”, possuidor de um saldo de 10 mil Drex na carteira digital, decide vender o carro, anunciando-o em uma plataforma de marketplace pelo valor de 80 mil Drex.
- Esse automóvel é, então, tokenizado, o que significa que seus detalhes (cor, placa, marca, quilometragem etc.) são convertidos em uma representação digital.
- O Detran é notificado assim que o token é gerado.
- Ao decidir adquirir um automóvel, o cliente “X” acessa o marketplace e se interessa pelo veículo de “Y”, visualizando a representação tokenizada do produto.
- Um contrato digital inteligente (smart contract) é estabelecido, autenticando as informações de ambos os lados. Se todas as condições forem cumpridas e não houver impedimentos, a transação será autorizada.
- O pagamento em Drex é efetuado por “X” a “Y”, simultaneamente à transferência do registro do veículo para o nome de “X”.
Essa troca ágil, possibilitada pela sinergia entre Drex e tokens de ativos, facilita a mudança de propriedade. O que torna esse processo viável é a blockchain, que documenta meticulosamente as transações. O protocolo DvP (entrega versus pagamento) e o contrato inteligente garantem operações autônomas, eliminando a necessidade de intermediação externa.
Primeiros passos
De início, o Drex focará em operações entre entidades financeiras. Eventualmente, o público em geral poderá acessá-lo via carteiras digitais proporcionadas por entidades de pagamento, como bancos e fintechs.
Essas carteiras servirão como mediadoras, possibilitando a conversão de reais em Drex e vice-versa. Frente à incorporação de tokenização e às operações via blockchain, transferências — como a aquisição de bens — serão simplificadas, conectando diretamente compradores e vendedores em um ecossistema digital. O Drex implicará certos custos operacionais, mas detalhes específicos ainda não foram divulgados.
Impacto do Drex no comércio
Os comerciantes e empreendedores terão inúmeras oportunidades com a introdução do Drex, dada a agilidade e eficácia das transações. Graças aos smart contracts (contratos digitais), processos serão automatizados e otimizados, acelerando negociações e diminuindo a necessidade de intermediários. Outra vantagem notável é a capacidade de recebimento quase imediato após uma transação, ao otimizar o fluxo de caixa e tornar a moeda digital ainda mais atrativa para a comunidade empresarial.
Drex × PIX
Drex e PIX têm propósitos distintos. O PIX serve como uma plataforma para pagamentos instantâneos, priorizando a velocidade na transferência de fundos entre contas. O Drex é a versão digital do real brasileiro, funcionando como uma moeda digital. Assim, enquanto o PIX é uma ferramenta para movimentar dinheiro, o Drex é o próprio dinheiro em formato digital.
Drex × Criptomoedas
O Drex representa uma moeda digital respaldada e garantida pelo Bacen, enquanto as criptomoedas operam em um ambiente descentralizado, independentemente de qualquer autoridade monetária central. A garantia do governo ao Drex oferece estabilidade e paridade em relação ao real tradicional. Em contraste, as criptomoedas, sendo sujeitas às dinâmicas de mercado, podem experienciar flutuações de valor significativas.
Aplicações do Drex
O alcance total dos serviços oferecidos por meio do Drex ainda está sendo moldado, porém as primeiras indicações do projeto-piloto destacam aplicações em segmentos como depósitos de reservas bancárias, liquidação, conta única do Tesouro Nacional, depósitos bancários correntes, contas de pagamento de instituições financeiras e títulos públicos federais. Adicionalmente, um potencial caminho se desenha para que benefícios sociais e trabalhistas sejam também distribuídos via Drex.
Segurança do ambiente do Drex
A base tecnológica do Drex é o blockchain, amplamente elogiado pela solidez e pela resistência contra invasões e fraudes. Contudo, é crucial reconhecer que nenhuma tecnologia é infalível. A integridade do Drex não se limita ao seu arcabouço tecnológico; também reside na capacidade dos usuários de permanecerem vigilantes contra ameaças potenciais, como esquemas de phishing e táticas de engenharia social.
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