Sustentabilidade
02/06/2015Drones são solução para mapeamento de áreas verdes
Com o equipamento, é possível averiguar a situação de vegetações
Por Deisy de Assis
A fiscalização de áreas verdes tem obstáculos técnicos pelas dimensões e pela necessidade de precisão. Os Veículos Aéreos Não Tripulados ou Veículos Aéreos Remotamente Pilotados, conhecidos como drones, têm apresentado bons resultados quando adotados para acompanhamento de áreas reflorestadas.
De acordo com o professor Rubens Duarte Coelho, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), da Universidade de São Paulo (USP), as atividades com drones no mercado têm evoluído rapidamente nos EUA e na Europa.
“No Brasil, observamos empresas trabalhando há aproximadamente cinco anos com os drones”, disse o docente que, por meio do departamento de engenharia e biossistemas da ESALQ, atua com drones em áreas irrigadas de café, cana-de-açúcar, batata, soja e uva.
A Secretaria Municipal do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Campinas, no interior de São Paulo, também identificou esse potencial do equipamento em benefício do meio ambiente. Por meio de parceria com o Colégio Cotuca, vinculado à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a pasta implementou na cidade o monitoramento de áreas utilizando drones.
“Temos na cidade um banco de áreas verdes públicas, nas quais empresas fizeram compensações ambientais. No entanto, algumas são de difícil acesso, com muitos hectares e milhares de mudas. Não conseguíamos fiscalizar precisamente”, afirma o secretário do verde de Campinas, Rogério Menezes. Ele afirma que já foram feitos dois voos e, até o final de 2016, outros 18 serão realizados para o acompanhamento de oito áreas.
O professor Jocir Pereira da Silva é quem realiza o georreferenciamento com alunos dos cursos técnicos do Cotuca e, posteriormente, faz o geoprocessamento das imagens. Segundo ele, as fotos feitas com drones podem mostrar problemas, como erosões e falta de manejo com a vegetação.
“Com helicóptero não se tem a mesma precisão e a instabilidade do voo prejudica a captura de imagens. Já com pessoas, demandaria um efetivo muito grande, e ainda assim seria difícil obter detalhes”, argumenta.
Investimento
O custo para monitorar áreas verdes com drones é considerado relativamente baixo. “O drone que usamos custou aproximadamente R$ 7 mil”, disse o professor Silva, referindo-se ao equipamento que já tem a câmera.
Caso seja agregado ao drone softwares de vídeo ou foto, o valor sofre um acréscimo de R$ 3 mil por serviço, segundo o professor Jocir Pereira da Silva. Desta forma, com um investimento médio de R$ 13 mil, monta-se a estrutura – com drone e programas.
Outra alternativa é a contratação do serviço de profissionais que já dispõem da estrutura – drone e software. Neste caso, o custo por voo varia entre R$ 400 e R$ 1,5 mil.
Brasil segue sem legislação específica
Alguns países têm leis consideradas referência no uso de drones. França, Chile e países do Reino Unido estão entre eles. O Brasil ainda não tem legislação específica. “O desafio é estudar modelos já existentes e que estão sendo projetados no mercado global. As inovações tornam a regulamentação uma tarefa árdua”, comenta o advogado e presidente do Conselho de TI da FecomercioSP, Renato Opice Blum.
Ele considera urgente a criação de regras para a utilização comercial de drones, tanto para segurança das pessoas, quanto para o desenvolvimento desse setor da indústria tecnológica. Opice Blum argumenta que no Reino Unido as normas são rigorosas, levando em conta diferentes detalhes do equipamento, como peso, velocidade, altitude e certificação para o operador.
“Para o Brasil, é preciso verificar se essas regras servem para regulamentar de forma balanceada a utilização comercial dos drones no território nacional”, completa. Atualmente é obrigatório o processo de homologação junto à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), na qual deve ser feita a apresentação de documentações do drone e do proprietário do equipamento.
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