Sustentabilidade
10/04/2017E-commerce de orgânicos pode crescer até 300%
Estratégia é oferecer ao consumidor o que ele deseja: praticidade no acesso a alimentos mais saudáveis
O grande chamariz de um e-commerce de orgânicos é a facilidade que o consumidor encontra para comprar
(Arte TUTU)
Por Deisy de Assis
A busca por uma alimentação saudável e pela redução dos impactos negativos do consumo ao meio ambiente atrai os consumidores para os produtos orgânicos. Por outro lado, há o desafio do acesso aos alimentos, que nem sempre estão nas prateleiras das lojas e supermercados. As empresas do segmento identificaram aí uma oportunidade de investir no comércio eletrônico. A tática é oferecer praticidade. Assim, os empreendedores esperam alavancar os negócios. Animados, estimam que, ainda em 2017, as vendas terão alta de até 300%.
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É o caso do Clube Orgânico, plataforma que funciona como marketplace e reúne dez produtores e revendedores de legumes, verduras e frutas orgânicos. Os clientes se tornam assinantes do clube e optam por plano pré-pago de entregas semanais ou mensais. A partir daí, recebem em casa a cesta de produtos.
A empresa, que fica no Rio de Janeiro (RJ), teve início com o ingresso do projeto em um programa de incentivo ao empreendedor, que rendeu aos sócios Eduardo Boorhem e Victor Piranda premiação no valor de R$ 6 mil. Depois, os empresários pleitearam recursos com investidores-anjos e conseguiram angariar R$ 250 mil. E assim o Clube Orgânico começou.
Segundo Boorhem, atualmente a empresa possui em torno de 250 assinaturas, o que representa recuperação, após as baixas provocadas pela crise na economia brasileira. “Vínhamos em um crescimento, no qual passamos de 100 assinaturas em abril de 2015, para 400 no mesmo mês do ano passado. Porém, de 2016 para 2017, houve uma retração”, conta o sócio.
A companhia prevê a retomada do crescimento ainda este ano. “A perspectiva é que, até o final de 2017, estejamos com algo em torno de mil assinaturas”, aponta Boorhem. A estimativa corresponde a uma alta de 300%.
Para atender às atuais 250 assinaturas, o Clube Orgânico faz 700 entregas por mês, índice que também mostra a recuperação, uma vez que essa média chegou a cair de 1.200 para 400.
Estratégia
Para essa previsão a companhia precisou adotar medidas que a favorecessem. A estratégia foi torná-la mais atrativa aos consumidores. “Deixamos de cobrar a taxa de matrícula. Além disso, diversificamos os tamanhos das cestas e a periodicidade”, diz Boorhem, sobre a solução que oferece mais flexibilidade ao cliente.
Outra aposta foi uma alternativa para a logística de entregas, que é considerada o maior gargalo entre os processos do negócio, pelo custo e pela necessidade de cuidados com o transporte dos alimentos. “O que fizemos foi criar parcerias com uma empresa de transporte que não só faz as entregas, mas também as roteiriza, o é que um ganho, pois gera menos operacionalização à empresa”, menciona o sócio.
A empresa também investiu em parcerias com lojas de diferentes segmentos, que se tornaram pontos de retirada dos alimentos. Os clientes que forem retirar nos locais, ganham R$ 10 de desconto. E, somada a essas mudanças estratégicas, está a ampliação das opções para os clientes. A partir deste mês a plataforma terá produtos orgânicos de mercearia, como ovos, arroz e farinha de trigo.
Apostando na praticidade
Para Boorhem, o grande chamariz de um e-commerce de orgânicos é a facilidade que o consumidor encontra para comprar. “As pessoas não precisam se preocupar em destinar tempo para ir à feira, por exemplo.”
E esse foi o principal fator que levou a Ecobio a criar uma loja on-line de orgânicos. A empresa está no Rio Grande do Sul e tem 17 anos de atuação na produção de grãos sem agrotóxicos - como chia, linhaça, arroz, feijão, entre outros. A ideia de criar o e-commerce surgiu há cinco anos, quando a companhia observou a procura dos consumidores, que tinham interesse nos produtos, mas não conseguiam encontrá-los com facilidade no mercado.
“Fizemos um planejamento estratégico e contratamos o serviço de criação da plataforma”, conta o proprietário da Roberto Salet, que inicialmente investiu R$ 3 mil para colocar em funcionamento uma loja virtual simples.
O retorno positivo nos negócios surpreendeu a empresa, pois além das vendas aos consumidores, que crescem de 10% a 12% ao ano, a empresa passou a receber maior demanda (alta de 20%) de varejistas para revender os produtos. “O que verificamos foi que o e-commerce deu visibilidade aos produtos”, diz Salet.
Em 2016, o empresário decidiu aperfeiçoar o site, investindo mais R$ 7 mil em plataforma que permite navegação mais rápida aos clientes - atualmente, 1.800 cadastrados -, além de ser responsiva (mobile). Para este ano, o plano estratégico inclui como elemento principal as ações de marketing. “Assim, acreditamos que fecharemos 2017 com alta de 40% nas vendas”, estima o empresário.
Na Sítio do Moinho, localizada em Itaipava (RJ), a exclusividade das vendas nas lojas físicas e por telefone estão com dias contados. Isso porque a empresa - com 20 anos de atuação no mercado e que desde 2005 tem focado na venda de produtos orgânicos in natura - também investiu no comércio eletrônico. A previsão é que a loja on-line esteja em funcionamento a partir de junho.
“Com a tecnologia, os hábitos dos clientes mudaram. Eles buscam praticidade e autonomia. Acreditamos que a web é um caminho para esse novo público e que o e-commerce ampliará nossa rede de atendimento”, afirmou a gerente comercial da empresa, Daniela Araujo.
Atualmente, a taxa de crescimento anual da Sítio do Moinho é de 8%. “Estimamos que passe para 20% com o lançamento da loja digital”, afirma a gerente financeiro da companhia, Andressa Ferreira.
Para investir
Para a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), há diferentes vantagens para os empreendedores que apostam no comércio eletrônico para a venda de orgânicos.
Na opinião da assessora técnica do Conselho de Sustentabilidade da Federação, Cristiane Cortez, um deles é o fomento à escolha por alimentos mais saudáveis e menos nocivos ao meio ambiente, que tem sido um critério cada vez mais frequente entre os consumidores. “Vale lembrar que o uso de agrotóxicos pode contaminar o solo, os lençóis d’água e, assim, prejudicam fauna, flora e a saúde humana. Quando um comerciante decide atuar com orgânicos, seu negócio está deixando de contribuir com esse processo nocivo.”
Mas essa escolha também requer cuidados. “No caso de negócios com orgânicos, é preciso ter atenção para a necessidade de um plano de marketing digital viável, pois envolve captação e retenção de consumidores que tenham interesse em produtos orgânicos diferenciados e que aceitem pagar por essa conveniência”, orienta o presidente do Conselho de Comércio Eletrônico da FecomercioSP e CEO da Ebit, Pedro Guasti.
Do ponto de vista jurídico, o empreendedor também deve se respaldar. Um dos cuidados é respeitar o Código de Defesa do Consumidor, que engloba a venda de quaisquer produtos e serviços, independentemente do canal ser físico ou virtual.
“Para o caso de produtos alimentícios a questão é um pouco mais delicada, pois envolve produtos perecíveis, com prazo de validade curto e maior dificuldade de transporte. Mesmo assim, o consumidor sempre deve receber excelente atendimento e ser surpreendido positivamente com a experiência de compra”, afirma Guasti.
Prêmio Fecomercio de Sustentabilidade
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) lançou a sexta edição do Prêmio Fecomercio de Sustentabilidade, com inscrições abertas até 20 de novembro de 2017.
A nova edição tem como tema os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Trata-se de uma agenda mundial adotada pela Organização das Nações Unidas (ONU), com 169 metas a serem atingidas pela humanidade até o ano de 2030. Essas medidas envolvem ações nas áreas de consumo e produção sustentáveis, erradicação da pobreza, segurança alimentar, agricultura, saúde, educação, igualdade de gênero, entre outras.
Serão reconhecidos projetos com foco nos princípios da sustentabilidade. As categorias contempladas são: empresa; indústria; órgão público; academia; reportagem jornalística; e entidades empresariais.
Os finalistas serão anunciados em fevereiro de 2018. Os vencedores receberão títulos de capitalização ou previdência, no valor de R$ 15 mil, e troféu. Os trabalhos classificados em segundo e terceiro lugares também serão reconhecidos.
Veja também:
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