Economia
18/03/2016“É preciso valorizar o professor”, diz especialista da Universidade de Illinois
Mary Paula Arends-Kuenning fala sobre desigualdades sociais e educação universitária gratuita
Professora disse não ser a favor da educação universitária gratuita em tempo integral, como acontece nas universidades públicas brasileiras.
Mary Paula Arends-Kuenning, professora associada da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, Estados Unidos, diz que não há milagres quando o assunto é educação. “É preciso valorizar o professor e investir na melhoria do capital humano, base para o desenvolvimento de uma nação”, defende.
Durante entrevista realizada pela plataforma UM BRASIL, a especialista falou sobre a necessidade de criar incentivos para atrair pessoas para a profissão de educador. “Hoje, se você dá aula há 20 anos, recebe mais; se dá aula há dois anos, recebe menos. Ou seja, aumenta-se o salário ao longo do tempo. É preciso reverter isso, com bons pagamentos e escolas próximas da casa dos professores”, acredita.
Paula cita estudo norte-americano que comprova que crianças que tiveram bons professores se tornaram adultos mais bem-sucedidos economicamente. A especialista também faz uma análise sobre as desigualdades sociais entre Brasil e Estados Unidos e ressalta que ambos os países podem aprender com as fragilidades do outro. “O Bolsa Família foi e está sendo testado em algumas cidades norte-americanas como uma maneira de combater a desigualdade.”
Diferentemente do Brasil, nos Estados Unidos os recursos das escolas públicas são financiados por impostos sobre propriedades, e isso contribui para o aumento da desigualdade. “Pessoas que moram em bairros ricos têm mais fundos para boas escolas públicas, enquanto aqueles que moram em bairros pobres possuem menos oportunidades”, explica.
A professora diz não ser a favor da educação universitária gratuita em tempo integral, como acontece nas universidades públicas brasileiras. Para ela, as pessoas que mais se beneficiam do sistema tendem a ser as mais ricas.
Paula também fala sobre o impacto da crise econômica brasileira para o avanço da educação. “Este é o momento de focar e pensar sobre o que está funcionando ou não. Às vezes, as pessoas estão mais aptas a fazer mudanças quando as coisas não estão indo bem”, diz.
O forte investimento na educação durante os últimos 20 anos é outro motivo para o otimismo. “Os jovens que se beneficiaram desse avanço constituíram família e hoje são pais. A educação mais elevada dos familiares causa resultados eficientes na educação dos filhos. A ideia de que “eu tenho o direito de reclamar quando minha escola não funciona bem” – ou “eu tenho o direito de reclamar quando o professor não vai à escola” – faz parte do que está ligado à consciência de educação pública”, enfatiza.
Clique aqui e veja a entrevista completa.
Sobre a série “Inovando o Setor Público Brasileiro”
A entrevista, conduzida pela jornalista Maria Cristina Poli, foi gravada durante o Lemann Dialogue, uma conferência que reúne alunos bolsistas da Fundação Lemann das Universidades de Columbia, Harvard, Illinois e Stanford. O tema desta quinta edição foi “Inovando o Setor Público Brasileiro”.
O conteúdo integra a plataforma UM BRASIL, idealizada pela FecomercioSP, que nesta série conta com a parceria do Columbia Global Centers no Rio de Janeiro e do Lemann Center for Brazilian Studies da Universidade Columbia.
As gravações aconteceram em Nova York entre os dias 16 e 20 de novembro de 2015.
Clique aqui e veja a entrevista com o economista Rodrigo Soares.
Clique aqui e veja a entrevista com o diretor da SPTrans, Ciro Biderman.
Clique aqui e veja a entrevista com a diretora de educação do Banco Mundial, Claudia Costin.
Clique aqui e veja a entrevista com o diretor do Lemann Institute for Brazilian Studies da Universidade de Illinois, Jerry Dávila.
Clique aqui e veja a programação das próximas entrevistas
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