A gestão dos estoques é de extrema importância para as empresas, principalmente no Brasil, onde as taxas de juros são elevadas e as dificuldades de se obter crédito aumentam consideravelmente em períodos de instabilidades e crise. Ao fim de 2022, a taxa Selic marcava 13,75% ao ano (a.a.), e a expectativa é que só volte a cair a partir do segundo semestre de 2023. 

Por afetar diretamente o capital de giro de uma empresa, contar com uma quantidade adequada de mercadorias armazenadas é fundamental para se evitar um prejuízo nas operações. Estoque excessivo custa caro e estoque baixo demais pode favorecer a concorrência, já que, ao não encontrar o produto que procura, o cliente pode não retornar mais à sua loja.  

Assim, uma gestão eficiente da mercadoria permite ao lojista planejar bem os recursos financeiros, uma vez que estes serão investidos em produtos rentáveis (de médio e alto giros), não comprometendo o capital de giro com itens que ficariam parados por meses na prateleira – ou que poderiam ser perdidos por prazo de validade vencido.  

Em razão disso, a administração dos estoques pode aumentar o lucro e melhorar a reputação da empresa, já que o cliente sai do ponto de venda com a sensação de que encontra tudo o que precisa. Já para as pequenas e médias empresas, a rotatividade dos produtos (giro dos estoques) tem importância considerável, seja pela limitação de espaço, seja pelo capital de giro, que precisam ser otimizados. 

Pensando nisso, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) preparou algumas dicas de como fazer uma boa gestão dos estoques em 2023 e alavancar os resultados do seu negócio. Confira a seguir! 

Inventário 

O primeiro passo é fazer um inventário do estoque, identificando falhas e produtos próximos ao vencimento ou parados há muito tempo. Aproveite a temporada de liquidação/saldão de janeiro para vender estes itens com desconto e fazer caixa. Ao contar todo o estoque, aproveite para organizar o ambiente físico – com separadores e prateleiras – e alterar a disposição dos produtos na loja. Em operações de comércio eletrônico com prazos apertados para postagem dos pedidos, esta organização é fundamental e ajuda a aumentar a produtividade da operação.

Organização 

Um dos conceitos que pode auxiliar na organização é o da Curva ABC, que segmenta o estoque em grupos de produtos de acordo com a importância de cada um para o faturamento gerado e para o giro.  

Na curva A, estão enquadrados 20% dos itens que respondem por 80% do faturamento, ou seja, os produtos fundamentais para a operação e que não podem faltar, de modo que a reposição deve ser planejada com antecedência.

Os produtos de curva B representam 30% dos itens e 15% do faturamento. Apesar de serem menos relevantes quanto ao faturamento, complementam o portfólio, pois podem apresentar margens de lucro maiores que os da curva A e, ainda, contribuir para aumentar o tíquete médio. 

Por fim, os produtos de curva C respondem por 50% dos itens e apenas 5% do faturamento. Em termos de giro, têm menor importância, mas merecem atenção por fazer parte do capital investido, o qual não pode ficar parado – pois gera custos de armazenagem. É importante fazer o acompanhamento desta mercadoria observando rentabilidade e perdas (validade, furto, danos etc.), para tirá-la de linha se necessário. 

Giro do estoque  

Um conceito que permite acompanhar o desempenho dos produtos é a rotação (giro), que nos dá uma ideia da rapidez com que os estoques são convertidos em vendas. A tabela a seguir mostra duas empresas com o mesmo volume de vendas, mas com diferentes investimentos em estoques. 

A empresa “B” obteve um desempenho melhor do que a empresa “A”, já que alcançou o mesmo volume de vendas com um estoque menor, ou seja, conseguiu girar mais vezes a sua mercadoria. Lembrando que os cálculos devem ser feitos considerando o valor de custo de compra do fornecedor, e não o de venda.  

Também é possível calcular o número de dias necessários para que a empresa gire o estoque, permitindo um melhor planejamento financeiro ao compará-lo com o prazo de pagamento dos fornecedores. 

É importante que o(a) empresário(a) busque reduzir o prazo médio de estocagem por meio de uma boa gestão de compras, sempre se perguntando onde, o que, quanto e por quanto tempo estocar, bem como estipular a demanda esperada de vendas, quanto custa manter toda a mercadoria e de que forma controlá-la.

Neste contexto, a tecnologia é uma grande aliada para impedir que produtos fiquem encalhados. Este controle é importante principalmente nos segmentos que trabalham com produtos perecíveis, cujo acompanhamento deve ser contínuo.  

Uma boa gestão de estoques também permite extrair informações ricas à condução do negócio, como o perfil e as preferências dos clientes, a disposição mais favorável dos produtos nas gôndolas, a sazonalidade dos itens, o melhor período para promoções e o desempenho da equipe de vendas. 

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