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Negócios

Em franca recuperação, economia dos Estados Unidos deve gerar oportunidades ao comércio brasileiro

Organizado por CRI e CEEP, debate sobre os cem primeiros dias do governo Biden reuniu os analistas Thiago de Aragão, Hussein Kalout e Guga Chacra

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Em franca recuperação, economia dos Estados Unidos deve gerar oportunidades ao comércio brasileiro

Fluxo comercial do País com os Estados Unidos é trunfo para as empresas brasileiras, avaliam os analistas
(Arte/Tutu) 

Por Eduardo Vasconcelos

Impulsionada por uma campanha de vacinação exitosa e por pacotes de auxílio do governo, a economia dos Estados Unidos, em franca recuperação, deve ampliar as oportunidades de comércio, favorecendo a economia brasileira, que também deve se beneficiar com a entrada de dólares no País. Ainda que o governo de Joe Biden não adote políticas direcionadas ao Brasil, o setor privado brasileiro tem muito a ganhar com o fortalecimento da economia estadunidense.

Esses são alguns dos principais pontos salientados no Ciclo de Debates Brasil & EUA – 100 Dias do Governo Biden, realizado, na quarta-feira (28), pelos conselhos de Relações Internacionais (CRI) e de Economia Empresarial e Política (CEEP), da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Mediada por Jaime Spitzcovsky, colunista da Folha de S.Paulo e entrevistador do UM BRASIL, a conferência contou com análises de especialistas baseados nos Estados Unidos: Thiago de Aragão, diretor de Estratégia da Arko Advice; Hussein Kalout, cientista político e pesquisador na Universidade Harvard; e Guga Chacra, jornalista da GloboNews e comentarista de política internacional.

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Comentando os cem primeiros dias do novo governo norte-americano, completados na quinta-feira (29), Aragão afirmou que “a arrancada do governo Biden demonstra uma mudança muito grande em relação ao governo Trump” e que “a logística de vacinação acelerou a recuperação econômica”.

“Todas as vezes que a economia norte-americana demonstra força e cresce é como se enchesse um copo que acaba transbordando e influenciando outros países. Isso faz com que o investidor procure outros mercados atrás de retornos mais altos”, destacou Aragão.

O internacionalista também ressaltou que, apesar das dificuldades econômicas impostas pela pandemia de covid-19, parte da população norte-americana tem acumulado poupança nesse período, o que deve gerar consumo em diversos setores. “O Brasil é um país que oferece muitas oportunidades para investidores, principalmente em setores não ligados à forma de o governo atuar, como o de serviços”, acrescentou Aragão.

A pujança da recuperação da economia dos Estados Unidos pode ser observada em números. No primeiro trimestre deste ano, o país cresceu 6,4% na comparação com o mesmo período de 2020. O otimismo fez com que o Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano, revisasse, em março, a projeção de crescimento para 6,5% neste ano, contra os 4,5% estimados em dezembro passado.

Corroborando a ideia de que a expansão da atividade econômica norte-americana transborda para outras nações, Antonio Lanzana, copresidente do CEEP, destacou que os Estados Unidos representam, aproximadamente, um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. “Mesmo não sendo prioridade de Biden, o Brasil tem vínculos históricos com os Estados Unidos. São os nossos principais importadores de bens industrializados, o fluxo de turistas é relevante e há uma integração dos mercados financeiros”, ressaltou Lanzana.

“Com a economia norte-americana aquecendo da forma como está, todo o mundo acaba sendo privilegiado”, complementou o jornalista Guga Chacra. Ele indicou que, com o governo Biden focando na difusão de energia renovável, o setor se apresenta como uma área de oportunidades de negócios. “Nos países do Golfo Pérsico e da Ásia, a infraestrutura é muito mais avançada. Os Estados Unidos precisam renovar a infraestrutura, e Biden vai fazer com foco em energias renováveis”, sinalizou o jornalista.

Dilema da política ambiental

No decorrer do debate, os painelistas ressaltaram a importância que políticas de preservação do meio ambiente vão ter para a manutenção da relação amistosa entre Brasil e Estados Unidos.

“Os norte-americanos sabem o que querem do Brasil e o que precisam extrair nesses dois anos remanescentes do governo Bolsonaro. Precisam que o País se engaje, do ponto de vista deles, na questão ambiental, sobretudo quanto ao desmatamento”, indicou o cientista político Hussein Kalout.

Com base na Cúpula do Clima realizada no dia 22 de abril, liderada por Joe Biden, na qual o Brasil teve menos destaque do que em edições anteriores, o presidente do CRI, Rubens Medrano, comentou que “o setor privado tem de continuar se posicionando para mudar o que o País vem fazendo”.

Tanto Medrano quanto Kalout concordaram que, ainda que o governo brasileiro derrape na política ambiental, Biden não deve impor penalidades ao País. “Não vejo os Estados Unidos aplicando sanções ao Brasil, até por causa do fluxo de comércio. Eles devem guardar isso para nações com as quais têm rivalidade”, ponderou Kalout.

“Para a relação bilateral, a preservação ambiental será fundamental, porque é a prioridade do governo Biden, assim como o combate ao terrorismo foi do governo Bush (2001-2009)”, alertou Chacra. “Bush trabalhava com quem estava com ele”, frisou.

O Brasil entre potências e o 5G

Thiago de Aragão pontuou que, assim como no governo Trump, a política de contenção da China segue viva na administração Biden, embora o governo democrata busque uma articulação multilateral com este objetivo, em vez de atuar por conta própria.

Com isso, há o risco de os Estados Unidos usarem o edital do leilão da tecnologia 5G, que deve ser disputado entre empresas chinesas e norte-americanas, como peça deste movimento.

“O Brasil tem de fazer uma concorrência séria que favoreça a tomada da melhor decisão. É preciso ter uma visão estratégica de posicionamento entre as duas potências”, afirmou Paulo Delgado, copresidente do CEEP.

“Cabe a nós ver como queremos nos inserir na rivalidade sino-americana. O País não pode submeter os seus interesses estratégicos a uma escolha binária, ou Estados Unidos ou China”, adicionou Kalout. "Inclusive, os norte-americanos respeitam muito mais países que têm independência e sobriedade e sabem calibrar seus interesses entre as potências do que aqueles que se alinham automaticamente."

Especificamente sobre o governo Biden, Medrano concluiu reforçando que os Estados Unidos não têm interesse em "criar mais um inimigo na América Latina" e que, por seu potencial econômico, o Brasil tende a ser visto como um aliado. "Estou confiante de que a relação entre os setores privados de ambos os países seguirá próspera".

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