Economia
09/08/2021Em novo recorde de endividamento, capital paulista soma 2,6 milhões de famílias endividadas
Porcentual de famílias que têm dívidas chegou a 66,1%; inflação tem provocado mais parcelamento das contas no cartão de crédito, que também atingiu recorde
Houve, porém, uma leve queda da inadimplência, sendo que desta forma, 763 mil famílias não conseguiram pagar a dívida contraída até a data do seu vencimento
(Arte: TUTU)
O aumento da inflação, puxado, principalmente, pela alta nos preços dos alimentos, da energia elétrica, do gás e dos combustíveis, tem levado as famílias da capital paulista a se endividarem cada vez mais. Em julho, o porcentual com algum tipo de dívida alcançou a marca de 66,1% (era de 64,6%, em junho), atingindo novo recorde histórico de 2,63 milhões de famílias endividadas. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
A pesquisa mostrou que, em apenas um mês, mais de 60 mil lares entraram para a estatística. Com o poder de compra reduzido em decorrência da inflação, as famílias têm buscado o cartão de crédito – sobretudo o parcelamento –, como válvula de escape para a manutenção do consumo, levando a modalidade também a ser recordista no mês, com 80,9% entre os endividados.
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Os dados, porém, apontam uma leve queda da inadimplência, que, em junho, obteve o porcentual de 19,5%, ficando em 19,1% neste mês. Desta forma, são 763 mil famílias que não conseguiram pagar a dívida contraída até a data do seu vencimento. Apesar da queda mensal, entretanto, o nível ainda está historicamente avançado: o patamar de julho deste ano está acima dos 15,9% registrados há um ano.
O recorte de faixa de renda realizado na pesquisa demonstra que o avanço dos endividamentos, mensal e anual, tem atingido tanto as famílias que ganham até dez salários mínimos quanto as que recebem mais. No entanto, os porcentuais de endividamento e de inadimplência são maiores entre o primeiro grupo (famílias com até dez salários mínimos: 68,1% e 23%, contra 60,2% e 9,2%, das que recebem mais, respectivamente).
As famílias com renda mais baixa estão, também, menos propensas a consumir, segundo a pesquisa Intenção de Consumo das Famílias (ICF), realizada pela FecomercioSP. O índice do mês ficou em 67,5 pontos – não muito diferente de junho, quando fechou em 67,7, –, mas, enquanto as mais bem remuneradas elevaram a intenção de consumo em 1,5%, atingindo 88,3 pontos, o índice para as com menor poder aquisitivo caiu 1,2%, retornando para 60,4 pontos.
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A insatisfação com as condições econômicas está principalmente ligada à insegurança com relação ao emprego. No estudo, o item Emprego Atual foi o que mais chamou atenção, apontando queda de 3,4%, a sexta seguida, atingindo os 76,7 pontos. Além disso, há a percepção dos paulistanos quanto ao aumento da Selic e dos riscos ainda presentes na economia, que deixam o crédito mais seleto. Neste sentido, o item Acesso a Crédito recuou 5,2% e voltou aos 83,4 pontos.
Por fim, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) confirma que a inflação está sendo o maior obstáculo para as famílias, seja para manutenção do consumo, seja para aumentar a confiança: o índice cresceu 3,4% em julho, atingindo 111 pontos. No entanto, o resultado foi puxado pela melhora das expectativas, e não pelas condições atuais. Enquanto o Índice de Expectativa do Consumidor (143,8 pontos) subiu 5,1%, o Índice das Condições Econômicas Atuais caiu 2,2% e retornou aos 61,7 pontos, menor patamar desde agosto do ano passado.
A perspectiva é que o aumento de preços deva continuar pressionando o nível de endividamento nos próximos meses, que continuará elevado, deixando o avanço da intenção de consumo ainda bastante limitado.