Dificuldade que os consumidores têm para conseguir comprar orgânicos levou os empreendedores a identificarem uma oportunidade de negócio
(Foto: Divulgação)

Por Deisy de Assis

O plano de trabalhar com produtos orgânicos costuma ser cercado de questionamentos quanto à rentabilidade do negócio. Isso porque esses alimentos levam fama de caros. Mas um quarteto de empreendedores encarou o suposto alto custo como um mito a ser quebrado e criou a Komborgânica. Com um ano de operação, o projeto de venda itinerante de orgânicos já fatura três vezes mais que o registrado entre os meses de janeiro e setembro de 2016.

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Trata-se de uma loja móvel que funciona dentro de uma Kombi e pode ser estacionada em diferentes regiões da cidade de São Paulo. A Komborgânica já esteve em alguns pontos públicos da Capital e, atualmente, fica em espaços livres cedidos por empresas parceiras, como lojas, restaurantes e academias, de acordo com a agenda semanal.

O negócio teve início com a articulação de quatro amigos. Eles já vinham poupando recursos com o objetivo de investir em um nicho. Foi na escassez de produtos livres de agrotóxicos nos estabelecimentos comuns e na consequente dificuldade que os consumidores têm para conseguir comprá-los que os empreendedores identificaram uma oportunidade. 

“Queríamos contribuir para facilitar esse acesso, oferecendo preços competitivos e apostando em um negócio inovador”, afirmou uma das sócias, Joana Ricci, ao comentar a escolha pelo modelo itinerante. 

Dando forma ao negócio 

Ela conta que o primeiro passo foi providenciar um mapeamento de produtores orgânicos que tivessem suas práticas certificadas por entidades sérias, como a Associação de Certificação Instituto Biodinâmico (IBD) ...), considerada a maior certificadora da América Latina e a única do Brasil para produtos orgânicos com credenciamento internacional.

Em seguida, foram feitos os contatos e as propostas para que eles se tornassem fornecedores. 

“Começamos com três produtores e hoje são mais de 15”, diz a sócia. Joana ainda frisa que a empresa é frequentemente procurada por outros interessados em fornecer para a Komborgânica.

Demanda 

Atualmente a Komborgânica comercializa, em média, 1,6 toneladas de alimentos por mês, sendo que 20% desse total é vendido por meio do delivery que a empresa também disponibiliza. Os carros-chefes são ovos, tomates e abobrinha italiana. 

A assessora técnica do Conselho de Sustentabilidade da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), Cristiane Cortez, considera que a demanda registrada pela Komborgânica deixa claro o interesse dos consumidores por produtos orgânicos, o que representa um potencial de mercado. “Os empresários precisam investir em cadeias sustentáveis.”

Mas afinal, como eles driblaram o “alto preço” dos orgânicos? 

Segundo Joana, a resposta está na sazonalidade, que precisa ser a guia de um negócio como esse. “Se escolhemos vender sempre os produtos da época, além de estarmos respeitando a natureza, não há desafio com os preços, que são muito semelhantes aos dos alimentos cultivados com o uso de agrotóxicos”, explica. 

Para a sócia, esse respeito ao limite que a sazonalidade impõe é o principal desafio dos comerciantes que decidem atuar com orgânicos, mas tendem a focar em maior quantidade e variedade de produtos, independentemente da época do ano. 

Outra decisão importante que se reflete no preço final da mercadoria foi a escolha por negociar diretamente com os produtores. Assim o grupo evitou a contratação de empresas intermediárias, que encareceriam o processo com o transporte e mão de obra. 

Nova aposta 

Depois do sucesso da Kombi, a empresa decidiu expandir apostando em ponto fixo. A quitanda Komborgânica é a mais recente novidade da companhia, lançada há dois meses.

Lá os clientes encontram todos os produtos vendidos na Kombi. “Além disso, também vendemos sucos e bolos feitos com produtos que não estão mais aptos para a venda [como os que estão machucados ou muito maduros], mas ainda podem ser consumidos”, conta Joana. 

Para abrir a quitanda, os quatro empreendedores contaram com um financiamento coletivo realizado pela plataforma digital Catarse. Foram angariados R$ 12,7 mil, por meio de 93 apoiadores. 

Em um mês, a quitanda Komborgânica vendeu aproximadamente 300 quilogramas de alimentos.

Franquias para 2017 

Com essa linha de pensamento para os negócios, que está intimamente ligada ao respeito ao meio ambiente e que tem um compromisso com a saúde pública, a Komborgânica deve crescer ainda mais em 2017. 

Os planos são de abrir a marca para interessados em franquias. A previsão é que eles se concretizem a partir do segundo semestre deste ano. 

“Estamos organizando nossos processos para poder ingressar com esse plano”, afirma Joana, otimista com a ideia de multiplicar o conceito sustentável da companhia.

Prêmio FecomercioSP de Sustentabilidade

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) lançou a sexta edição do Prêmio Fecomercio de Sustentabilidade, que acontecerá em março 2018.

A nova edição tem como tema os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Trata-se de uma agenda mundial adotada pela Organização das Nações Unidas (ONU), com 169 metas a serem atingidas pela humanidade até o ano de 2030. Essas medidas envolvem ações nas áreas de erradicação da pobreza, segurança alimentar, agricultura, saúde, educação, igualdade de gênero, entre outras.

Serão reconhecidos projetos com foco nos princípios da sustentabilidade. As categorias contempladas são: empresa; indústria; órgão público; academia; reportagem jornalística; e entidades empresariais.

Os finalistas serão anunciados em fevereiro de 2018. Os vencedores receberão títulos de capitalização ou previdência, no valor de R$ 15 mil, e troféu. Os trabalhos classificados em segundo e terceiro lugares também serão reconhecidos. Clique aqui (inserir link para o site do prêmio) e saiba mais.

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Federação lança o 6º Prêmio Fecomercio de Sustentabilidade
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