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Negócios

Empresas familiares devem "driblar" desafios na organização dos negócios

Delimitar funções e estabelecer critérios a serem seguidos são medidas fundamentais

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Empresas familiares devem "driblar" desafios na organização dos negócios

Por Filipe Lopes

No Brasil, 98% das empresas são familiares, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, ainda de acordo com o instituto, a cada 100 empresas familiares ativas, apenas 30 chegam à segunda geração, e 15 à terceira.

Entre os principais fatores que contribuem para a descontinuidade das instituições familiares estão a dificuldade de lidar com questões emocionais nas tomadas de decisão, desavenças entre os sócios sobre quem comanda a empresa e discordância para expandir os negócios.

Na lida com os problemas cotidianos a sociedade familiar deixar claras as responsabilidades de cada um desde o início, bem como metas almejadas. “Deve-se estabelecer regras de comportamento comuns entre os sócios e esclarecer que tanto o ativo tangível (dinheiro) e o intangível (trabalho) têm o mesmo peso e nenhum sobrevive sozinho”, afirma o responsável pela Divisão de Finanças Corporativas, M&A e Governança Corporativa da consultoria Crowe Horwath, Francisco D’Orto Neto.

Boas práticas

Uma alternativa é criar práticas básicas de governança corporativa. As ferramentas de governança não servem apenas para grandes companhias, sendo indispensáveis para Micro e Pequenas Empresas (MPEs) que queiram organizar processos internos, cálculo de riscos, melhorar a transparência, contato com acionistas e investidores, além de definir regras que todos os funcionários deverão seguir, incluindo os donos.

Para estabelecer uma governança corporativa há quatro princípios: transparência, equidade (justiça), prestação de contas e responsabilidade corporativa. Os conceitos independem do porte da companhia.

A formação de conselhos, auditorias ou comitês também é importante e podem tranquilamente ser formados por pai e filho. Uma auditoria pode ser feita por outro parente que não aquele responsável pela tarefa no dia a dia. O importante é garantir o fluxo de informação. “Delimitar o peso de cada um dentro da companhia e suas funções é importante”, afirma o gerente de capacitação do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), Rodrigo Trentin.

Entrosamento no sangue

Apesar do desafio, não são poucos os casos de sucesso de empreendimentos tocados por parentes, que nasceram, cresceram e se tornaram referências pelo empenho dos sócios-familiares, com marcas sólidas e reconhecidas mundialmente, como o Grupo Fiat, Benetton e Salvatore Ferragamo, na Itália; da L’Oreal, Grupo Carrefour e Michelin, França; da Ford Motors Co e Wal-Mart, nos Estados Unidos; da BMW e Siemens, na Alemanha; da Samsung, Hyundai Motor e Grupo LG, na Coreia do Sul; entre outras. No Brasil os exemplos são a Votorantim, Casas Bahia e o Magazine Luiza.

Para as sócias (mãe e filha) da rede de franquias especializada em depilação Depyl Action, a receita certa é definida por respeito, confiança e tolerância. “As diferenças de personalidade existem, mas as sócias devem separar. É importante fazer uma simbiose entre trabalho e vida social”, afirma Danyelle Van Straten.

A empresa foi criada por Glaci Van Straten há 30 anos, quando inventou uma cera especial para depilação. Danyelle iniciou o trabalho com a mãe aos 14 anos. Juntas planejaram a expansão do negócio no formato franquia e hoje contam com 93 lojas (sendo quatro unidades próprias), em 24 Estados brasileiros. “Temos personalidades complementares. Minha mãe é uma empreendedora nata e eu executo. Sempre respeitamos nossas diferenças”, afirma Danyelle.

Uma vantagem competitiva que as empresas familiares bem-estruturadas têm é a forte identidade da marca construída ao longo do tempo, que os clientes sabem exatamente o que esperar dos serviços/produtos ofertados. Esse é o principal ativo deste tipo de companhia e deve ser preservado ao longo das gerações que comandarão o negócio. Pensando nisso, Danyelle já se prepara para assumir inteiramente os negócios da Depyl, já que sua mãe planeja se aposentar em cinco anos. Para este ano a empresa espera manter o aumento de 27% no faturamento registrado em 2014 e alcançar a marca de cem lojas até dezembro.

Preto no branco

Achar que não há necessidade de documentar todas as atribuições por conta do grau de parentesco é um erro. Isso aconteceu no restaurante que Vaneide Sacchetin abriu com a irmã.

A proposta era que ela entrasse com a mão de obra, ao passo que a irmã seria a sócia investidora. A sociedade não deu certo e no momento da separação ele percebeu que seus direitos como sócia não estavam assegurados em contrato. “Sai com uma mão na frente e outra atrás”, afirma Vaneide, que descobriu ter apenas 10% da empresa e não poderia vender sua parte para ninguém.

Segundo a assessora jurídica da FecomercioSP, Juliana Motta, todas as regras estabelecidas, como cláusulas, condições e divisão societária devem estar presentes no Contrato Social da empresa, assim que ela nasce. “Normalmente, a percentagem menor de participação é daqueles que entram como capital intelectual e o sócio majoritário, que entrou com o dinheiro, tem mais influência nas decisões. Mas tudo isso deve ser definido entre os sócios no momento de constituir o Contrato Social”, aponta.

Confira aqui a reportagem na íntegra, publicada na edição nº 39 da revista C&S.

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