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Sustentabilidade

Empresas fazem negócio com “lixo” e apostam no crescimento

Companhias do segmento identificam oportunidades em meio à recessão econômica

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Empresas fazem negócio com “lixo” e apostam no crescimento

Para o Conselho de Sustentabilidade da FecomercioSP, é fundamental que haja o trabalho de facilitação do encontro entre o gerador e o consumidor
(Arte TUTU)

Por Deisy de Assis 

Embora sua representatividade na economia nacional ainda seja pequena, o mercado de compra e venda de materiais recicláveis tem encontrado oportunidades e garantido rentabilidade mesmo com os altos e baixos provocados pela crise que afeta a economia brasileira. 

“As empresas viram na comercialização de seus resíduos uma fonte de renda e querem ganhar com o que descartam”, explica Mayura Okura, CEO e fundadora do site B 2 Blue, especializado na promoção do relacionamento entre fornecedores e compradores de materiais recicláveis, que também oferece consultoria para o gerenciamento de negócios no setor. 

Crescimento 

O site funciona como um marketplace de resíduos, no qual empresas se cadastram para vender ou para comprar plástico, metal, tecido, borracha, entre outros. “A perspectiva é manter o crescimento de 30% anuais em 2016”, diz Mayura. 

Segundo a CEO, dos mais de 13 mil cadastrados ao longo dos quatro anos de funcionamento do site, aproximadamente 70% são indústrias compradoras e 55% das transações são de itens em plásticos. 

Mayura mantém uma equipe interdisciplinar com profissionais de gestão e de áreas específicas de resíduos para a prestação de consultoria em todo o território nacional. “Com o serviço, clientes recebem auxílio para encontrar fornecedores em suas localidades, melhores preços e rotas.” 

Na opinião da assessora técnica do Conselho de Sustentabilidade da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), Cristiane Cortez, é fundamental que haja esse trabalho de facilitação do encontro entre o gerador e o consumidor para fomentar o mercado. “Negócios assim agregam ao permitir a destinação correta e lucrativa de resíduos.” 

Funcionários contra a crise 

No caso da empresa Ciclopel, que compra alumínio, ferro, papel e papelão para comercializá-los, a crise provocou estagnação nos negócios, porém, houve aumento na eficiência dos serviços. 

“Percebemos maior empenho dos colaboradores, que estão preocupados com a situação econômica e querem, de alguma forma, contribuir para que os negócios sigam bem”, conta a sócia da companhia, Cláudia Ferreira. 

O trabalho inclui o transporte do material comprado, a seleção dos produtos por tipo e qualidade e, por fim, a destinação aos compradores. “Fazemos em média 20 coletas por dia e atendemos aproximadamente 250 clientes por mês, entre escritórios, transportadoras, distribuidoras, hospitais, faculdades, fábricas e sucateiros (ferro-velhos)”, menciona Cláudia. 

No mercado desde 1996, a Ciclopel cresceu em estrutura e profissionalização dos processos. De acordo com a sócia, a partir de 2006 houve um avanço e a produção triplicou.  “Agora, com a crise, não registramos crescimento. Nos últimos três meses notamos aceleração no mercado, motivada pela alta dos preços dos materiais. Por outro lado, houve diminuição na produção com o fechamento de empresas que nos abasteciam.” 

Futuro promissor 

As companhias do segmento têm driblado a recessão e procurado identificar pontos positivos a serem trabalhados. Fatores da crise à parte, a assessora técnica do Conselho de Sustentabilidade da FecomercioSP visualiza uma tendência de crescimento para os próximos anos. 

Ela atribui a perspectiva otimista principalmente à previsão de encarecimento contínuo da disposição de resíduos em aterros sanitários, uma vez que a distância entre eles e os centros urbanos aumenta, por causa da saturação dos já existentes. 

“O aspecto econômico da sustentabilidade poderá ser a força motriz para alavancar os negócios com resíduos. Dessa forma, as vertentes ambiental e social também serão impactadas positivamente”, argumenta Cristiane.

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