Economia
21/05/2018Empresas mais cautelosas contraem menos crédito apesar da queda dos juros
Priorizando quitar compromissos, investimentos são adiados em função da incerteza política do País
Números indicam que há uma possível restrição por parte do sistema financeiro com aumento de juros e seletividade de crédito
(Arte/Tutu)
Em um cenário econômico mais estável comparado ao do ano passado, um assunto bastante comentado atualmente é a redução da taxa de juros ao consumidor e o aumento da oferta de crédito. Para as empresas, no entanto, o quadro não é o mesmo.
Estatísticas do Banco Central mostram que o saldo de crédito – os recursos em posse das empresas – caiu de R$ 791 bilhões em março de 2016 para R$ 727 bilhões no mesmo mês deste ano. Enquanto isso, no mesmo período, houve aumento de R$ 800 bilhões para R$ 862 bilhões para os consumidores.
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Os números indicam que há uma possível restrição por parte do sistema financeiro com aumento dos juros e seletividade do crédito. Porém, a taxa de juros média para pessoa jurídica caiu 32% em dois anos, ao passar de 31% ao ano (a.a.) para 21% a.a.. A inadimplência, que estava em trajetória de alta em março de 2016 (4,9%), atingiu 6% em maio do ano passado, mas voltou a cair, ficando em 4,4% em março deste ano.
Para os consumidores em geral, houve uma retração menor dos juros nesse período (-18%), além de que a taxa se manteve em nível mais elevado (57% a.a.). A inadimplência oscilou próxima à estabilidade no decorrer de 2016, entrando em trajetória de queda no ano passado.
Dessa forma, seria sensato pensar que, com as reduções dos juros e da inadimplência, haveria um quadro favorável para obtenção de crédito. De fato, está mais barato contrair crédito na comparação com o ano passado. Contudo, a redução do saldo de crédito sinaliza que as empresas adotaram um comportamento de cautela e estão priorizando o acerto de suas contas.
Evidentemente, a crise abalou as finanças das empresas, que ainda estão em um período de dificuldade e de recuperação, até porque os cenários de médio e longo prazos são incertos em virtude das eleições deste ano. Por isso, neste momento, as empresas optam por quitar os compromissos e adiam decisões de investimentos.
Em contribuição ao setor privado, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) assinou, em abril, um acordo de cooperação com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para divulgar as linhas de crédito oferecidas pela instituição, especialmente às micros, pequenas e médias empresas.
A iniciativa é uma alternativa para um grande número de empresas que esbarram na burocracia e na falta de garantias que são exigidas pelos bancos comerciais para concessão de crédito.
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