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Sustentabilidade

Enviar o lixo para aterros em outras cidades pode gerar impactos ambientais

Mais de 230 municípios paulistas transportam seus resíduos para aterros públicos ou privados de outras localidades; em alguns casos, o lixo chega a viajar até 200 quilômetros

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Enviar o lixo para aterros em outras cidades pode gerar impactos ambientais

Por Jamille Niero

Um levantamento da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) mostra que 239 cidades paulistas despejam seu lixo a quilômetros de distância – em aterros públicos ou particulares em outros municípios. Entre eles, a própria capital do Estado, que envia os resíduos sólidos coletados das residências para um aterro em Caieiras, na região metropolitana. No caso do lixo paulistano, a viagem é de cerca de 40 quilômetros, mas alguns municípios chegam a enviar seu lixo para mais de 200 quilômetros de distância.

As justificativas para as prefeituras enviarem seus resíduos para outros municípios variam: o alto custo para manter um aterro adequado em território próprio, falta de espaço, áreas protegidas ambientalmente, entre outros. Contudo, enviar o lixo para longe pode gerar alguns impactos. Um deles é na alocação do resíduo que, após ser coletado, é enviado para um transbordo para aguardar ser enviado ao aterro, explica o consultor ambiental Alessandro Azzoni.

“O resíduo já começa a entrar em decomposição no transbordo, porque muitas vezes fica em local aberto. Começa a gerar o chorume que pode ser dispersado durante o transporte, caindo em estradas e podendo contaminar o solo”, diz.

Ele cita como exemplo o transbordo da Vergueiro, em São Paulo. “São dois buracos, um em cada extremidade e um fosso no meio, que recebe todo o lixo coletado e só vai para o aterro quando estiver cheio – de 10 a 20 caminhões. Mas até aí o lixo já sofreu compactação, já ficou no caminhão etc. O chorume cai como poluição difusa porque não tem como mensurar o que caiu na rua. Se chove e tem contato com água pode contaminar rios”, acrescenta Azzoni.

Outros possíveis impactos são o custo de transportar esse material e emissões de gases de efeito estufa dos caminhões que fazem o transporte, aponta a assessora do Conselho de Sustentabilidade da FecomercioSP, Cristiane Cortez. Com as regiões metropolitanas cada vez mais populosas, é certo que a quantidade de lixo produzido seja cada vez maior também. E com o espaço reduzido até para implantar aterros adequados, a tendência é que o lixo seja mais numeroso e vá cada vez para mais longe.

Soluções
Uma das formas de reverter esse cenário é com o cumprimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que visa reduzir a quantidade de lixo produzida e enviada para aterros. O problema é que os municípios têm enfrentado dificuldade para planejar e executar a implementação dos aterros sanitários de acordo com o que define a norma e mesmo para outras medidas, como a coleta e a separação de materiais recicláveis.

“A PNRS cita ainda outras formas de dispor o lixo sem ser em aterros. Uma possibilidade são as usinas que queimam os resíduos que não podem ser reciclados para gerar energia elétrica. Com essa medida, o volume do que vai para o aterro chega a ser apenas 5% ou 10% do que iria antes da queima. É uma forma de diminuir a quantidade do que vai para o aterro”, cita Cristiane.

Ela explica que no Brasil ainda não existem essas usinas, que devem ser construídas com toda uma infraestrutura para tratar os gases gerados e não poluir o meio ambiente. “Em São Paulo, já existiram incineradores, mas eles não tinham equipamentos adequados de proteção, então os gases que saiam eram tóxicos. Hoje já existe essa tecnologia. O Estado de São Paulo já tem até legislação própria para isso, seguindo os padrões do que é feito na comunidade europeia”, comenta a assessora.

Um problema seria o valor para construir usinas desse tipo. Porém, o benefício viria a longo prazo: enquanto um aterro tem vida útil de 20 a 30 anos, as usinas podem funcionar por mais tempo (com a manutenção adequada).

De qualquer forma, o primeiro passo de todos é acabar com os lixões, conforme determina a PNRS – há um projeto de lei que aguarda votação no Senado para prorrogar o prazo de término dos lixões para 2021. Enquanto isso, a tendência é que pequenos municípios se unam para manterem aterros sanitários conjuntos. “Como o custo de um aterro é alto, é uma intenção que municípios se consorciem e criem alternativas em conjunto, onde todos invistam e todos usufruam”, observa Cristiane.

Azzoni concorda que a união de dois ou mais municípios para aterros compartilhados é uma das melhores alternativas existentes hoje. “Os municípios estão começando a conversar entre si”, indica.

Confira no infográfico abaixo a distância que o lixo percorre para ser despejado em algumas regiões do estado:

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