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Editorial

Escalada da insegurança

O aumento da violência — fato que elevou a segurança ao posto de principal preocupação dos cidadãos — afeta a rotina e prejudica a economia

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Escalada da insegurança
A nova edição da Revista Problemas Brasileiros discute a escalada da insegurança, as consequências para pessoas e negócios e a importância do tema na corrida eleitoral. (Arte: TUTU)

Dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) mostram que, entre janeiro e setembro de 2023, foram registradas 16,5 mil ocorrências de roubo só na região do centro da capital, o maior número desde que a série histórica começou, em 2001. É uma média de 45 casos por dia — considerando que, segundo especialistas, apenas metade das vítimas presta queixa. O aumento da violência urbana e suas consequências é o tema da reportagem de capa da edição 480 (abr/mai) da Problemas Brasileiros. 

Um estudo do Insper realizado entre o fim de 2022 e o início do ano passado dá uma dimensão ainda maior do problema: quase metade (47%) dos paulistanos diz que sofreu alguma ação criminosa recentemente. Destes, 8% foram assaltados. Os dados provam que o sentimento de insegurança da população é real. 

Contudo, a explosão dos números das ocorrências não é exclusividade de São Paulo. No Rio de Janeiro, por exemplo, os roubos de celulares subiram 15,7%, entre janeiro e novembro do ano passado, segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP-RJ). Já em Salvador (BA), houve aumento de 30% nos roubos dentro do transporte coletivo em 2023, segundo a Secretaria de Mobilidade da cidade (Semob).  Não à toa, o tema — presença constante nas conversas cotidianas e no noticiário — deverá ser central também na campanha eleitoral deste ano, quando eleitores de todo o País escolherão prefeitos e vereadores. Embora a segurança pública não seja responsabilidade direta das prefeituras, mas dos governos estaduais, é nas cidades que os cidadãos circulam e que o comércio acontece. 
Ainda sobre eleições, a PB #480 destaca o surgimento de uma nova protagonista: a Inteligência Artificial (IA). A principal preocupação de consultores e autoridades em comunicação política é com o deepfake — recurso no qual a voz e as imagens das pessoas são recriadas com perfeição, mas para a produção de conteúdo falso. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) investiga denúncias de uso indevido da ferramenta na adulteração de falas e diálogos de prefeitos que devem tentar a reeleição em outubro com o objetivo de prejudicá-los. Na prática, o eleitor recebe por canais de comunicação, como o WhatsApp, um áudio ou vídeo do candidato em que ele afirma algo que, na verdade, não disse. 

Por outro lado, especialistas em marketing político apontam as vantagens da tecnologia, como mais alcance e potencial maior da propaganda política. É possível, por exemplo, produzir vídeos em que o candidato apresenta, de forma personalizada e com recursos de IA generativa, propostas para determinada região ou grupo de eleitores de uma forma muito mais eficiente, atraente e legítima.

Se a saúde perdeu o posto de principal preocupação do eleitor, surge como emergência diante do aumento expressivo da dengue. O Brasil encerrou fevereiro superando a marca de 1 milhão de casos suspeitos apenas nos dois primeiros meses do ano. A projeção do Ministério da Saúde é que serão mais de 4,2 milhões em todo o ano, número quase três vezes maior que o registrado em 2023. Historicamente, o pico de casos de dengue se dá em abril, o que tornam ainda mais preocupantes os registros até agora.

Ações humanas como o desmatamento e a queima de combustíveis fósseis têm desencadeado uma série de efeitos significativos, incluindo o aquecimento global, que altera o padrão de chuvas. Pesam, ainda, a geração e o acúmulo de resíduos, extinção de espécies, a migração forçada de animais e o deslocamento e aglomeração de pessoas. Direta ou indiretamente, todos esses fenômenos afetam a ecologia dos vetores de arbovírus e a expansão da sua faixa geográfica. O Aedes aegypti, transmissor do vírus da dengue e de outras doenças como zika e chicungunha, é um desses vetores. A relação entre o aumento das doenças transmitidas por mosquitos e o aquecimento global está presente em dois momentos desta edição da PB: na reportagem “Clima extremo, dengue em alta” e no artigo “Ciência brasileira de olho nos mosquitos”, de autoria da Agência BORI

“Tête-à-tête”
Um dos principais nomes da economia brasileira, Luiz Carlos Bresser-Pereira é o entrevistado deste número. Na conversa, o ex-ministro da Fazenda e um dos pais do Plano Real traz a sua visão sobre uma questão fundamental: a crise fiscal. Segundo ele, esse é o problema da economia brasileira, o mesmo há três décadas. E, à medida que essa crise se aprofunda, limita ainda mais a capacidade de investimento público. A solução não é fácil nem rápida, mas há atenuantes — como a reforma do Estado.  

A reportagem da PB também esteve em Londres, no Bett UK, a maior exposição de tecnologia educacional do mundo. De lá, trouxe respostas para sete perguntas sobre a aplicação da IA na educação, em uma entrevista com John Domingue, professor de computação na Open University, a maior universidade da Inglaterra. 

A Problemas Brasileiros é uma realização da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), com distribuição dirigida a empresas associadas da Entidade, sindicatos filiados, universidades e escolas, Poder Público e organizações do terceiro setor.

Acesse a edição completa aqui.

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