Economia
24/08/2015Especialistas fazem diagnóstico e apontam soluções à crise de liderança no Brasil
Combate à corrupção e melhora do conhecimento e reflexão política dos cidadãos estão entre as medidas
Desde as manifestações de 2013, quando milhares de brasileiros encheram as ruas de suas cidades reivindicando mudanças políticas, sociais e econômicas para o País, uma crise nacional ganha visibilidade e preocupa cidadãos e especialistas. Afinal, que crise é essa?
A FecomercioSP ouviu profissionais de diferentes áreas sobre a real situação do Brasil e quais seriam as soluções cabíveis para que o cenário nacional seja alterado e comece a apresentar melhora.
Na opinião do cientista político Fernando Schüler, existe um esgotamento no modelo de presidencialismo de coalisão e o Brasil perdeu seu projeto e deixou de se abrir para o mundo.
“O País não fez as mudanças necessárias. Não fez a reforma da previdência, nem a tributária, não fez ajustes políticos”, afirmou Schüler. Segundo o cientista político, o Brasil perdeu oportunidades na década passada, quando a época era de um quadro positivo e de crescimento. “Foi um momento bom para toda a América Latina, mas o Brasil dormiu em berço esplendido.”
Para o jornalista e escritor Roberto Pompeu de Toledo, o que se viu nas ruas, com as manifestações, sinaliza a necessidade de uma república mais republicana. “Porém, há pouca elaboração intelectual nos discursos”, disse.
Nesse sentido, o cientista político, jornalista e escritor José Álvares Moisés, argumenta que a mudança cultural é fundamental. “Precisamos nos livrar da corrupção e ter mecanismos por meio dos quais a sociedade possa se apropriar do conhecimento e implicações desse fenômeno e, ao mesmo tempo, que mude a cultura leniente com a corrupção.”
No que diz respeito à corrupção, o economista Gustavo Franco é categórico ao apontar a situação como sendo de “capitalismo de máfia”. “Mas, temos defesas poderosas, como o Ministério Público como poder independente e a Lei de Responsabilidade Fiscal”, afirmou Franco.
Marcos Troyjo, economista, diplomata e cientista social, avalia o momento como desafiador, e que pode culminar tanto na continuidade de uma gestão na qual as taxas de crescimento serão muito pequenas, quanto em uma reviravolta.
“A grande carência hoje no Brasil é de uma liderança que una o povo. Temos um País dividido”, pondera o médico e educador Eugênio Mussak.
O cenário de crise vai além da atualidade. Segundo o cientista político Luiz Felipe D’Ávila, trata-se de uma herança, um reflexo do que não foi feito no passado. “Temos que ver a crise como oportunidade de enfrentar os reais problemas, não para dissimular falsas soluções”, frisou.
Assista à entrevista na íntegra:
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