Negócios
16/09/2020Excesso de garantias, burocracia e juros altos afastam os empresários das linhas de crédito tradicionais
Pesquisa realizada pela FecomercioSP identifica os principais elementos que dificultam a tentativa de negociação bancária
As empresas ainda esperam melhores prazos e condições mais acessíveis nos bancos
(Arte: TUTU)
Em agosto, a FecomercioSP realizou uma pesquisa para entender como o momento de crise econômica (e de fragilidade para o caixa dos negócios) está direcionando a tomada de decisões dos empresários – sobretudo na busca por crédito. Os resultados dessa sondagem tornam mais nítido o cenário que já era esperado: há vários fatores que afastam empresas dos bancos e inviabilizam o fomento de negócios.
Dos empresários ouvidos, 67,4% acreditam que o momento de crise exige condições mais atrativas de empréstimos, como taxas de juros mais vantajosas. Já para 34,8%, é essencial que os bancos peçam menos garantias. Outras demandas são: mais prazo de carência (27,2%); mais prazo para pagamento de parcelas (20,6%); programas exclusivamente voltados a microempresas (23,1%); entre outras. Atualmente, esses são os grandes inibidores para o acesso ao crédito. Todos os empresários ouvidos são do Estado de São Paulo.
De fato, apenas 42% dos empresários procuraram linhas de crédito durante a pandemia. Já os outros 58% não viram necessidade, julgaram que todo o processo seria muito burocrático, estavam negativados ou desconheciam as linhas disponíveis.
Das empresas que solicitaram recursos, apenas 18% obtiveram o crédito requerido. Segundo a pesquisa, a recusa dos bancos se deu por inadimplência do negócio, baixa capacidade financeira da empresa, exigência de muitas garantias ou burocracia excessiva. Esse cenário pode melhorar com a entrada em operação de mais programas que tenham garantias do Tesouro Nacional.
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As linhas de crédito voltadas à pandemia, em condições especiais, foram importantes para quem buscou crédito. Somente 23% das empresas que tentaram empréstimos focaram nos canais tradicionais já conhecidos – em bancos comerciais. O restante dos empresários buscou por linhas sob condições emergenciais, ou por uma combinação das linhas tradicionais e novas.
Um fato curioso é que 54% das empresas ouvidas desconhecem os empréstimos feitos por fintechs ou consideram essas opções pouco interessantes (25%). Entretanto, há uma grande diversidade nesse mercado, pois a dinâmica em torno desse empréstimo é um pouco diferente da que ocorre de forma tradicional. O assunto foi tratado em webinário recente, realizado pela FecomercioSP, ocasião em que linhas de crédito com acesso mais rápido e simples foram apresentadas. Confira.
Endividamento
A pesquisa também traz dados relevantes sobre o endividamento dos negócios. Conforme a tabela a seguir, percebe-se que a folha de pagamento e o pagamento dos fornecedores são os fatores que mais comprometeram o caixa das empresas ouvidas.
A FecomercioSP lembra que o efeito da falta de capital de giro em empresas financeiramente viáveis é prejudicial para o emprego e para a cadeia produtiva, aumentando o risco de inadimplência em cascata – algo como um “efeito dominó”.
De forma geral, reforça a FecomercioSP, as empresas precisam de dinheiro, melhores prazos, menos burocracia, redução das taxas de juros e fim da exigência exagerada de garantias.
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