Economia
04/08/2017Famílias paulistanas estão mais endividadas e número cresce aproximadamente 66 mil em um ano, aponta FecomercioSP
Segundo pesquisa da Entidade, em julho, 1,959 milhão de famílias se declararam endividadas, enquanto no mesmo mês de 2016, 1,893 milhão estavam nessa situação
Na segmentação por renda, o endividamento foi maior entre as famílias que ganham até dez salários mínimos, que registraram 55,7% em julho
(Arte/TUTU)
O desemprego elevado e a instabilidade causada pela crise política ainda provocam oscilações no comportamento dos consumidores paulistanos, que seguem pouco estimulados a tomar crédito diante das incertezas. Após duas quedas consecutivas, o nível de endividamento voltou a subir em julho e 50,6% das famílias paulistanas declararam ter algum tipo de dívida, crescimento de 0,9 ponto porcentual (p.p.) na comparação com o mês anterior (49,7%). No comparativo com julho do ano passado, quando a proporção era de 49,2%, houve alta de 1,4 ponto porcentual no número de endividados.
Em números absolutos, o total de famílias endividadas passou de 1,925 milhão em junho para 1,959 milhão no mês atual, sendo que em julho de 2016 esse número era de 1,893 milhão. Comparando julho ano a ano, o aumento de famílias endividadas foi de quase 66 mil. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
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Na segmentação por renda, o endividamento foi maior entre as famílias que ganham até dez salários mínimos, que registraram 55,7% em julho, alta de 0,7 p.p. em relação ao mês anterior (55%). Para o grupo com renda superior a esse patamar, o porcentual de endividados foi de 35,6%, crescimento de 1,2 p.p. em relação a junho (34,4%).
Do total das famílias endividadas, 52,8% têm entre 11% e 50% da sua renda comprometida com o pagamento de dívidas. Para 25,5% das famílias, o comprometimento de renda é menor que 10%, enquanto que para 18,4% das famílias endividadas, esse comprometimento com dívidas é superior a 50% da renda.
Segundo a assessoria econômica da FecomercioSP, apesar da desaceleração da inflação e da trajetória de queda na taxa de juros, alguns fatores como o desemprego elevado e uma nova crise política ainda incomodam os consumidores. Por isso, a Entidade acredita ser necessário aguardar os próximos resultados da pesquisa para verificar a trajetória do endividamento nos próximos meses.
Inadimplência
Após três altas consecutivas (março, abril e maio), e uma relativa estabilidade (-0,2 p.p.) em junho, os recursos das contas inativas do FGTS parecem ter começado a surtir efeitos sobre a inadimplência. Em julho, 18,1% das famílias paulistanas tinham alguma conta em atraso, queda de 0,9 p.p. em relação ao mês anterior. Em relação a julho do ano passado, a proporção de famílias com contas em atraso subiu 0,8 p.p., quando registrava 17,3%.
A proporção de famílias que não terão condições de pagar as contas no próximo mês também caiu 0,4 ponto porcentual, ao passar de 8,2% em junho para 7,8% em julho, e é 0,5 p,p. superior ao registrado em julho de 2016, quando 7,2% das famílias declararam estar nessa situação. Segundo a Federação, diante do quadro de desemprego elevado, foi inevitável a deterioração das variáveis relacionadas à inadimplência que finalmente parecem ceder, ainda que de forma tímida.
Entre as famílias com contas em atraso, 47,5% delas têm contas vencidas há mais de 90 dias; 24% têm contas atrasadas entre 30 e 90 dias; enquanto que 26,1% do total de famílias estão com dívidas atrasadas por até 30 dias.
A ocorrência de contas em atraso é maior entre as famílias com menor renda, proporcionalmente às famílias de renda mais elevada. Segundo a Entidade, para essa faixa da população, em que qualquer imprevisto pode desequilibrar suas finanças, o crédito representa um importante meio de inclusão nos padrões de consumo e é a única forma de acesso a esses padrões.
Entre as famílias que recebem até dez salários mínimos, a proporção de contas em atraso apresentou queda de 0,7 p.p. na comparação mensal, atingindo 24% em julho. Já no caso das famílias com renda acima desse montante, o porcentual recuou, pelo segundo mês consecutivo, 1,4 ponto porcentual, passando de 6,5% para 5,1% nesse mesmo período.
Tipos de dívida
O principal tipo de dívida continua sendo o cartão de crédito, utilizado por 71,8% das famílias endividadas. Em seguida, estão carnês (14,6%), financiamento de carro (12,2%), crédito pessoal (11,7%), financiamento de casa (10,8%), cheque especial (7,0%) e crédito consignado (4,9%).
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