Economia
17/10/2024FecomercioSP debate medidas de abertura comercial com diretor da ApexBrasil
Atualmente, participação brasileira no mercado internacional é pequena, resumindo-se a aproximadamente 1,5% de toda a corrente de comércio global

Em defesa da implementação gradual de medidas de abertura comercial no Brasil, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) se reuniu com Floriano Pesaro, diretor de Gestão Corporativa da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), na última segunda-feira (14).
O encontro teve como objetivo discutir iniciativas entendidas pela Entidade como necessárias para superar os entraves que mantêm o País como um mercado fechado, com baixa produtividade e afastado das principais cadeias globais de valor. Apesar de a Apex não arbitrar sobre as questões apresentadas, a reunião foi uma oportunidade para nivelar o entendimento acerca dos aspectos que influenciam a dinâmica de exportações e importações.
Na reunião, Ivo Dall'Acqua Júnior, presidente em exercício da FecomercioSP, destacou que a abertura comercial deve ser previsível e abrangente para promover um crescimento econômico sustentável a longo prazo. Dessa forma, esse processo poderá expandir a produtividade, melhorar a competitividade nacional no mundo e reduzir o Custo Brasil, trazendo benefícios tanto para consumidores quanto para empresas. “O País permanece estagnado em comparação às mudanças no comércio internacional desde a década de 1990. A ausência de uma política externa voltada aos nossos interesses econômicos impediu a adaptação às reduções tarifárias adotadas por outras nações, especialmente em bens intermediários e de capital, essenciais para as cadeias globais de valor”, reforçou Dall'Acqua Júnior.
Enquanto muitos países optaram por reduzir essas tarifas, facilitando o surgimento de cadeias globais e produtos made in world, o Brasil manteve uma escalada tarifária baseada na visão de que “exportar é bom, importar é ruim”, o que resultou no adensamento das cadeias domésticas, com produtos fabricados inteiramente no território nacional — muitas vezes com tecnologias inferiores. Alguns números deixam essa situação evidente: há quase meio século, por exemplo, a participação brasileira no mercado internacional tem sido muito pequena, resumindo-se a apenas 1,5% de toda a corrente de comércio global.
Além disso, um levantamento feito pela Organização Mundial do Comércio (OMC) mostra que o Brasil é o 24º maior exportador do mundo, atrás de países que, apesar de concorrentes, têm economias menores — como o México (9º). Da mesma forma, o País ocupa a 27ª colocação no ranking de importações, ainda que tenha o nono maior Produto Interno Bruto (PIB) do planeta.
Presença do Brasil no comércio mundial de mercadorias e serviços
Dados: OMC 2024
Produção: FecomercioSP
MODERNIZAÇÃO E ABERTURA COMERCIAL: CAMINHOS PARA UM BRASIL MUNDIALMENTE COMPETITIVO






Vale destacar que o atual grau de concentração da produção mundial na Ásia exige um rearranjo dessa rede, com a criação de cadeias de valor locais e regionais. Esse movimento pode beneficiar o Brasil, desde que a agenda de reformas estruturais e a melhoria do ambiente de negócios avancem.
Propostas da FecomercioSP para uma abertura comercial efetiva
A Entidade apresentou a Pesaro uma série de propostas que considera essenciais para uma abertura comercial gradual e sustentável.
- Ações graduais e transversais, evitando exceções que perpetuariam a proteção de certos setores, permitindo um planejamento estratégico adequado por parte das empresas.
- Intensificação das negociações de acordos de livre-comércio e celeridade na ratificação dos tratados já assinados, que frequentemente lidam com atrasos na aprovação pelo Congresso e pela Casa Civil.
- Redução progressiva das tarifas sobre Bens de Informática e Telecomunicações (BIT) e Bens de Capital (BK) para convergir à média global de 4% ao longo de quatro anos, aumentando a produtividade da economia, especialmente em um contexto de digitalização.
- Extinção do Adicional ao Frete para a Renovação da Marinha Mercante (AFRMM), tributo que não cumpre o objetivo pelo qual foi criado e que atualmente pode ser definido como mais uma medida protecionista que encarece a importação e penaliza os consumidores, sobretudo os de baixa renda.
- Reformas no Mercosul, com foco na Tarifa Externa Comum (TEC) e nas regras de negociação.
- Retomada das discussões sobre a oferta brasileira ao Acordo de Compras Governamentais da Organização Mundial do Comércio (OMC).
- Promoção do comércio internacional de serviços.
- Conclusão prioritária do Portal Único do Comércio Exterior.
- Inclusão do programa brasileiro de Operador Econômico Autorizado (OEA) na legislação nacional, além da ampliação dos acordos de reconhecimento mútuo.
A FecomercioSP acredita que, para se tornar um grande exportador, o Brasil também deve ser um grande importador. A integração às cadeias globais trará ganhos de produtividade, acesso a matérias-primas de maior qualidade e custo reduzido, fortalecendo as exportações e beneficiando o mercado consumidor interno.
Por essa razão, é urgente uma modernização estatal baseada na reformulação das nossas políticas comercial e tarifária, com o objetivo de que estas estejam alinhadas às melhores práticas internacionais a fim de integrar o País às cadeias globais de produção.
<p>Em defesa da implementação gradual de medidas de abertura comercial no Brasil, a <a href="https://www.fecomercio.com.br/">Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP)</a> se reuniu com Floriano Pesaro, diretor de Gestão Corporativa da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), na última segunda-feira (14). </p><p>O encontro teve como objetivo discutir iniciativas entendidas pela Entidade como necessárias para superar os entraves que mantêm o País como um mercado fechado, <a href="https://umbrasil.com/videos/baixa-produtividade-e-responsavel-pelo-subdesenvolvimento-brasileiro/">com baixa produtividade</a> e afastado das principais cadeias globais de valor. Apesar de a Apex não arbitrar sobre as questões apresentadas, a reunião foi uma oportunidade para nivelar o entendimento acerca dos aspectos que influenciam a dinâmica de exportações e importações. </p><p>Na reunião, Ivo Dall'Acqua Júnior, presidente em exercício da FecomercioSP, destacou que a <a href="https://www.fecomercio.com.br/noticia/do-custo-da-maquina-publica-a-abertura-comercial-a-urgencia-da-modernizacao-do-estado-1">abertura comercial deve ser previsível e abrangente</a> para promover um crescimento econômico sustentável a longo prazo. Dessa forma, esse processo poderá expandir a produtividade, melhorar a competitividade nacional no mundo e reduzir o Custo Brasil, trazendo benefícios tanto para consumidores quanto para empresas. “O País permanece estagnado em comparação às mudanças no comércio internacional desde a década de 1990. A ausência de uma política externa voltada aos nossos interesses econômicos impediu a adaptação às reduções tarifárias adotadas por outras nações, especialmente em bens intermediários e de capital, essenciais para as cadeias globais de valor”, reforçou Dall'Acqua Júnior. </p><p>Enquanto muitos países optaram por reduzir essas tarifas, facilitando o surgimento de cadeias globais e produtos <em>made in world</em>, o Brasil manteve uma escalada tarifária baseada na visão de que “exportar é bom, importar é ruim”, o que resultou no adensamento das cadeias domésticas, com produtos fabricados inteiramente no território nacional — muitas vezes com tecnologias inferiores. Alguns números deixam essa situação evidente: há quase meio século, por exemplo, a participação brasileira no mercado internacional tem sido muito pequena, resumindo-se a apenas 1,5% de toda a corrente de comércio global. </p><p>Além disso, um levantamento feito pela Organização Mundial do Comércio (OMC) mostra que o Brasil é o 24º maior exportador do mundo, atrás de países que, apesar de concorrentes, têm economias menores — como o México (9º). Da mesma forma, o País ocupa a 27ª colocação no ranking de importações, ainda que tenha o nono maior Produto Interno Bruto (PIB) do planeta.</p><p style="text-align: center;"><strong>Presença do Brasil no comércio mundial de mercadorias e serviços</strong></p><p><img border="0" src="https://www.fecomercio.com.br/upload/img/3f1e33b5835634efd6c8deeaf56eda032571ad20.png" class="fr-fic fr-dii" style="width: 733px;"></p><p style="text-align: center;"><em>Dados: OMC 2024</em></p><p style="text-align: center;"><em>Produção: FecomercioSP</em> </p><p><a href="https://fecomercio.com.br/upload/file/435ad661aab79fa9558b8da64feb876577df13cf.pdf" class="botao"><span style="font-size: 12px; color: rgb(255, 255, 255);"><strong>MODERNIZAÇÃO E ABERTURA COMERCIAL: CAMINHOS PARA UM BRASIL MUNDIALMENTE COMPETITIVO</strong></span></a></p><p> [EXIBIR_GALERIA_DA_NOTICIA]</p><p>Vale destacar que o atual grau de concentração da produção mundial na Ásia exige um rearranjo dessa rede, com a criação de cadeias de valor locais e regionais. Esse movimento pode beneficiar o Brasil, desde que a agenda de reformas estruturais e a melhoria do ambiente de negócios avancem. </p><p><strong>Propostas da FecomercioSP para uma abertura comercial efetiva</strong> </p><p>A Entidade apresentou a Pesaro uma série de propostas que considera essenciais para uma abertura comercial gradual e sustentável. </p><ul style="list-style-type: circle;"><li>Ações graduais e transversais, evitando exceções que perpetuariam a proteção de certos setores, permitindo um planejamento estratégico adequado por parte das empresas. </li><li>Intensificação das negociações de acordos de livre-comércio e celeridade na ratificação dos tratados já assinados, que frequentemente lidam com atrasos na aprovação pelo Congresso e pela Casa Civil. </li><li>Redução progressiva das tarifas sobre Bens de Informática e Telecomunicações (BIT) e Bens de Capital (BK) para convergir à média global de 4% ao longo de quatro anos, aumentando a produtividade da economia, especialmente em um contexto de digitalização.</li><li>Extinção do Adicional ao Frete para a Renovação da Marinha Mercante (AFRMM), tributo que não cumpre o objetivo pelo qual foi criado e que atualmente pode ser definido como mais uma medida protecionista que encarece a importação e penaliza os consumidores, sobretudo os de baixa renda. </li><li>Reformas no Mercosul, com foco na Tarifa Externa Comum (TEC) e nas regras de negociação. </li><li>Retomada das discussões sobre a oferta brasileira ao Acordo de Compras Governamentais da Organização Mundial do Comércio (OMC). </li><li>Promoção do comércio internacional de serviços. </li><li>Conclusão prioritária do Portal Único do Comércio Exterior. </li><li>Inclusão do programa brasileiro de Operador Econômico Autorizado (OEA) na legislação nacional, além da ampliação dos acordos de reconhecimento mútuo. </li></ul><p>A FecomercioSP acredita que, para se tornar um grande exportador, o Brasil também deve ser um grande importador. A integração às cadeias globais trará ganhos de produtividade, acesso a matérias-primas de maior qualidade e custo reduzido, fortalecendo as exportações e beneficiando o mercado consumidor interno. </p><p>Por essa razão, <a href="https://representa.fecomercio.com.br/reforma-adm">é urgente uma modernização estatal baseada na reformulação das nossas políticas comercial e tarifária</a>, com o objetivo de que estas estejam alinhadas às melhores práticas internacionais a fim de integrar o País às cadeias globais de produção.</p>