Negócios
01/09/2017FecomercioSP discute as oportunidades que surgem para o Brasil pelo Brexit
Seminário promovido pelo Conselho do Comércio Externo da Entidade reuniu especialistas em relações internacionais para analisar o caminho que o governo e as empresas brasileiras devem trilhar para se aproximarem dos comércios britânico e europeu
Indefinições sobre a forma como o governo britânico fará suas negociações comerciais abre espaço para países de fora da União Europeia
(ARTE/TUTU)
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), por meio de seu Conselho do Comércio Externo e da Fecomercio Internacional, realizou o seminário "Brexit: Oportunidades para o Brasil", que discutiu as oportunidades de negócios que surgem por meio da reorganização da corrente de comércio e investimentos com a saída do Reino Unido (Inglaterra, Escócia, Irlanda do Norte e País de Gales) da União Europeia (UE), decidida por um referendo no ano passado. O evento contou com a participação de Rubens Barbosa, que foi embaixador do Brasil em Londres de janeiro de 1994 a junho de 1999, e em Washington, de junho de 1999 a março de 2004; Vera Innes, sócia e responsável pelo escritório Noronha Advogados de Londres; e Bernardo Ivo Cruz, representante da FecomercioSP para a Europa, ex-secretário de Negócios Estrangeiros de Portugal, ex-diretor da Agência de Promoção Comercial e de Investimentos de Portugal no Reino Unido e atual CEO da True Bridge Consultancy.
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O seminário, moderado pelo vice-presidente da FecomercioSP e presidente do Conselho de Comércio Externo, Euclides Carli, teve início com as impressões britânicas sobre o atual momento do Brexit, descritas por Vera Innes, residente no Reino Unido desde a década de 1990. "O povo britânico escolheu romper com a União Europeia após 44 anos, motivado por um sentimento de restabelecimento da soberania e pela retomada dos controles das fronteiras, do parlamento e das leis que eram definidas pelo bloco", apontou Vera. O momento atual, conforme ela explicou, é de incerteza, já que as rodadas de negociações pouco avançaram nesse período e a UE segue irredutível em relação a obrigatoriedade do pagamento de uma indenização para que a saída seja confirmada, além dos direitos dos cidadãos europeus que residem no Reino Unido que é contrapartida dos direitos dos britânicos residentes na UE.
Em virtude das indefinições sobre a forma como o governo britânico fará suas novas negociações comerciais a partir de agora, segundo o CEO da True Bridge Consultancy, Bernardo Ivo Cruz, existem oportunidades de negócios para os países de fora da União Europeia. "Desde o início do anúncio do Brexit, os britânicos indicaram que o Brasil é um potencial parceiro para acordos bilaterais de livre-comércio, enviando em média dois representantes por mês para analisar as oportunidades brasileiras. No entanto, até a conclusão da saída do Reino Unido da UE, acordos bilaterais estão proibidos, segundo as regras de restrições da União Europeia", apontou. Mesmo assim, Cruz acredita que as empresas brasileiras e britânicas têm uma grande oportunidade de estreitar seus laços e vislumbrar possíveis acordos, já se preparando para o Brexit.
Um dos obstáculos a serem enfrentados para que esses acordos se tornem realidade é a onda de protecionismo que surgiu no Reino Unido, além de políticas de restrição aos investimentos estrangeiros, que também estão em discussão. "Em contrapartida, a União Europeia negocia um acordo com o Mercosul, previsto para o fim deste ano, porém, com as eleições alemãs, que acontecem neste segundo semestre, o acordo não deve sair no prazo previsto. Dado que, em 2018, será a vez de o Brasil eleger um novo governo, então, um possível acordo deve acontecer apenas em 2019", apontou o ex-embaixador do Brasil em Londres, Rubens Barbosa.
Já em relação ao Brexit, Barbosa acredita que somente se iniciarão conversas com empresas brasileiras após a resolução dos impasses entre União Europeia e Reino Unido. "As áreas de tecnologia, TI e inovação talvez sejam as únicas que mostrem possibilidades de aproximação entre empresas brasileiras e as companhias britânicas, e deve ser assim até o fim de todos esses imbróglios", concluiu.
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