Por Priscila Trindade

A convergência entre os ambientes físico e digital, conhecido também como “figital”, é um caminho inevitável (e irreversível) para todas as empresas. Contudo, a consolidação desta realidade depende da adoção e do desenvolvimento de ações de inovação e tecnologia. Com o objetivo de explorar estes temas, o Conselho de Economia Digital e Inovação (CEDI), da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), apoiou e participou da quarta edição da Innovation Xperience Conference, ocorrida na última terça-feira (8), no Centro Fecomercio de Eventos (CFE).

O evento, realizado pelo Grupo Inovation Xperience com o apoio do Movimento Inovação Digital (MID), deixou claro que o objetivo da FecomercioSP de ampliação da transformação digital, especialmente pelos pequenos negócios, vai ao encontro da pauta do Poder Público municipal de estreitar as relações entre empresas que busquem novas tecnologias.

“Sabemos o quão difícil é fazer a gestão empresarial e seguir contribuindo para a sociedade. Por isso, acreditamos na melhoria do ambiente de negócios e no avanço conjunto entre os setores privado e público para a transformação digital”, afirmou Andriei Gutierrez, presidente do CEDI.

Aloysio Nunes, presidente da SP Negócios – agência de promoção de investimentos e exportações ligada à Prefeitura de São Paulo – enfatizou que o Poder Público pode auxiliar na organização da troca de experiências de setores como o de novas tecnologias. “Temos muito a contribuir para o desenvolvimento e para as conexões. Lembrando que São Paulo é o centro da economia brasileira, com 10% do PIB e a concentração de 12 unicórnios [empresas de tecnologia privadas avaliadas em mais de US$ 1 bilhão]”, afirmou.

Outras correções ainda estão em andamento para facilitar o acesso das pessoas à tecnologia. “Ainda existem bairros de ‘sombra’ na capital, sem acesso a este serviço, e não há avanço de tecnologia sem internet. Temos de pensar em todas as ações de forma inclusiva e ampla”, detalhou Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo.

Aline Cardoso, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de São Paulo, ressaltou que a aprendizagem também é outra vertente capaz de fomentar o segmento. “Temos nos esforçando para fazer este ecossistema mais democrático e diversos, focando a educação”.  

Co_Lab FecomercioSP

Com o intuito de fomentar os negócios de diferentes portes, a Entidade criou o Co_Lab FecomercioSP. A nova iniciativa objetiva a transferência de conhecimento das grandes companhias, membras do CEDI, para os pequenos negócios. O hub vai incentivar o setor por meio de empresas que buscam a transformação digital no mercado.

“Atualmente, cerca de 80% do faturamento do comércio são originados do digital e do varejo online. O Co_Lab FecomercioSP pode acelerar esta transformação. A proposta é apoiar as pequenas empresas que estão entrando neste mundo”, disse Gutierrez. 

Riscos

Segundo apontou Vitor Magnani, presidente do Movimento Inovação Digital (MID), quem está ausente no varejo online periga perder vendas mesmo para consumidores localizados próximos ao estabelecimento. “Atualmente, compramos os mais diversos itens pelo digital. Não precisamos ir a uma loja, a não ser que queiramos. Além disso, não existe mais mercado regionalizado. Então, uma pequena empresa localizada em São Paulo que está fora do e-commerce vai perder competitividade para uma loja de Recife que comercializa o mesmo produto, porque o consumidor vizinho da loja paulista vai comprar direto do Nordeste, uma vez que ele visualizou o produto na internet, que chegará em pouco tempo na casa dele”, explicou Magnani.

Para ele, uma das formas de atrair o comerciante que, hoje, está fora do universo digital é simplificar as palavras recorrentes neste ambiente, muitas vezes de difícil entendimento para o pequeno empreendedor. “Ter um vocabulário próprio virou uma barreira para novos entrantes. Precisamos traduzi-lo”, comentou Magnani.

Mais ações da FecomercioSP

A FecomercioSP trabalha uma série de ações voltadas à inovação. Por uma logística mais fácil, a Federação e outras entidades empresariais lutam contra a burocracia e os prejuízos ao setor empresarial. A desburocratização do processo de envio de um produto adquirido, seja no no estabelecimento físico, seja no e-commerce, é o foco principal do projeto. A melhoria na eficiência está atrelada à digitalização, que reduziria o excesso de obrigações acessórias que acompanham uma mercadoria – que, atualmente, abrangem 16 documentos fiscais impressos em cada operação de venda.

“Podemos garantir a digitalização de toda a parte burocrática com o uso de tecnologia. Já existe ablockchain [banco de dados que permite o compartilhamento transparente de informações na rede de uma empresa] e a certificação digital. Não há mais desculpa para manter determinados processos em papel”, detalhou Gutierrez.

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