Sindicatos
18/02/2025FecomercioSP e Sincomercio Jacareí alertam empresas do varejo para um cenário econômico desafiador em 2025
Perspectivas foram apontadas em encontro com lideranças empresariais do município e região

O cenário econômico nacional em 2025 aponta para um período desafiador aos empresários do comércio varejista. Apesar dos números positivos registrados no acumulado do ano passado, a inflação acima do teto da meta e o ciclo de alta da taxa Selic devem levar a uma desaceleração gradual da economia ao longo dos próximos meses.
Os dados positivos refletem uma realidade diferente da performance das empresas. Além disso, o Produto Interno Bruto (PIB), com crescimento de 3,4%, melhor desempenho desde 2021, contrasta com o número recorde de pedidos de recuperação judicial e falência. Toda essa conjuntura foi debatida durante encontro regional, realizado na última quarta-feira (12), em Jacareí, pelo Sindicato do Comércio Varejista (Sincomercio) da cidade.
O evento — que teve como anfitrião o presidente do Sincomercio Jacareí, Fouad Said Daher — contou com a participação do prefeito municipal, Celso Florêncio, presidente em exercício da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), Ivo Dall’Acqua Júnior, bem como dos assessores Jaime Vasconcellos e Paulo Igor, ambos também da Entidade, e da presidente do Conselho do Comércio Varejista (CCV) da Federação, Gisela Lopes. Além do Sincomercio Jacareí, estiveram presentes representantes de dez sindicatos patronais pertencentes a Câmara Regional Leste do CCV na região da Baixada Santista, Pindamonhangaba, Taubaté, Guaratinguetá, Atibaia, São José dos Campos, Mogi das Cruzes e Alto Tietê.
Para a assessoria da FecomercioSP, os pilares do avanço do PIB de 2024 estão calcados na alta da geração de emprego, atingindo quase 1,7 milhão de vagas; no aumento da concessão de crédito das famílias (12,9%); na baixa do saldo nas poupanças; na injeção dos recursos provenientes do pagamento de precatórios e no impulsionamento pelos gastos do governo federal. Esses fatores alavancaram o consumo da população, mas sem qualquer mudança estrutural relevante que tenha propiciado um crescimento sustentável da economia brasileira a longo prazo.
“Crédito mais elevado significa endividamento familiar mais alto, consumo da poupança é redução das reservas econômicas, e os elevados gastos do governo geram desequilíbrio fiscal. Esses fatos até podem contribuir para um crescimento da economia no curto prazo, mas também ajuda na criação de cenário de pressão inflacionária, que gera a necessidade da elevação dos juros. Portanto, ainda que haja um bom desempenho do mercado de trabalho, o crescimento da renda das famílias pode ser insuficiente para a percepção de uma melhor qualidade de vida das pessoas, que sentem o orçamento apertado pelas dívidas e a renda com um menor poder de compra”, pondera Vasconcellos, assessor econômico da FecomercioSP.
Os dados apontam para um crescimento menor da economia em 2025, com projeções para o PIB oscilando entre 1,8% e 2,4%. A desaceleração está associada ao aumento da taxa Selic, que encarece o crédito tanto para pessoas físicas quanto jurídicas, desestimulando o consumo. Também há uma inflação persistente e um menor crescimento projetado do mercado de trabalho. Por fim, também se espera um menor impacto de estímulos fiscais, que complementam esse quadro de desaceleração. De acordo com o boletim Focus, do Banco Central (Bacen), projeções feitas em 3 de janeiro indicavam IPCA de 4,99% para este ano. Cerca de dois meses depois (14 de março), as previsões do documento chegaram a 5,66% para o mesmo período.
Empresários devem ter cautela
Diante dessa perspectiva, o Sincomercio Jacareí recomenda uma certa dose de cautela aos empresários para fazer investimentos e formar estoque. Além disso, alerta os empresários que pretendem recorrer aos bancos — os juros das principais linhas de crédito estão mais elevados e devem continuar a crescer.
“Nesse contexto, as empresas do setor precisarão ajustar as estratégias para manter a competitividade e preservar margens em um possível cenário de menor crescimento em 2025”, afirma Daher, presidente do Sincomercio.
Sempre empenhado em atuar na defesa dos interesses dos empresários do setor, o Sincomercio Jacareí anunciou durante a reunião regional do CCV a implantação da área de Inteligência Artificial. Trata-se de uma tecnologia sofisticada capaz de compreender, processar e evoluir com base nas interações. Com essa tecnologia, o Sincomércio terá um canal moderno e altamente eficiente para atender seus associados e empresários. “Teremos o sistema integrado a nossa CCT e ao Sistema Sebrae. O empresário poderá interagir com Sincomercio 24 horas”, ressalta o presidente Fouad Daher.
Performance do comércio varejista
Com dados do IBGE, a FecomercioSP observou a atuação do comércio varejista, em 2024, separada por segmentos, verificando que cada um performou de forma muito distinta. Enquanto artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, perfumaria e cosméticos, por exemplo, indicaram alta de 14,2% em nível nacional, livros, jornais, revistas e papelaria sofreram queda de 7,7%.
No Estado de São Paulo, os setores também apresentaram distinção na ordem de crescimento: equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação registraram elevação de 25,1%, ao passo que e os artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, perfumaria e cosméticos apontaram alta de 21,6%. O atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo despencaram para 15,8%, e livros, jornais, revistas e papelaria amargaram -11,3%. Até mesmo o ramo de tecidos, vestuário e calçados registrou resultado negativo no comércio paulista no ano passado.
O Sincomercio Jacareí e a FecomercioSP salientam que o montante aferido pela pesquisa diz respeito às receitas brutas, e não à lucratividade. É importante considerar ainda que, em um cenário inflacionário, as margens ficam apertadas e nem sempre as oscilações positivas de faturamento bruto significam variações integrais de resultado líquido final das vendas.
TABELA 1
ÍNDICE DE VOLUME DE VENDAS NO COMÉRCIO VAREJISTA AMPLIADO: 2024–2025