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Economia

FecomercioSP explica como é feito o cálculo da inflação no Brasil

IPCA, indicador que mede impacto da variação dos preços, pondera peso de grupos como habitação, alimentação, saúde e transportes

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 FecomercioSP explica como é feito o cálculo da inflação no Brasil

O IPCA é considerado um indicador amplo, pois contempla uma parte significativa da população: os que têm renda entre um e 40 salários mínimos
(Arte/TUTU)

O que é a inflação? Como ela afeta a vida dos cidadãos na prática? Para responder a essas perguntas, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) detalha como é medida a inflação oficial do governo brasileiro, bem como sua influência na vida das famílias de distintas classes sociais.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi criado no fim da década de 70 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A partir de 1999, ele passou a ser usado como medidor oficial da inflação em decorrência da adoção do regime de metas inflacionárias para buscar estabilidade monetária.

O IPCA é considerado um indicador amplo, pois contempla uma parte significativa da população: os que têm renda entre um e 40 salários mínimos. Esse universo, segundo o IBGE, abrange 90% das famílias que vivem nas áreas urbanas do País.

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Distribuição dos gastos
Para calcular como a variação de preços afeta as famílias, é preciso definir um parâmetro de distribuição dos gastos nos domicílios, ou seja, o peso de cada despesa (alimentação, transporte e habitação, por exemplo) para os consumidores.

Esse cálculo é feito a partir das informações coletadas pela Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), também elaborada pelo IBGE. Vale ressaltar que, desde a sua criação, a POF passou por atualizações com o objetivo de captar as mudanças na estrutura do orçamento familiar. A última edição da POF refere-se aos anos de 2008 e 2009, a qual revelou uma mudança importante no padrão de consumo das famílias, as quais passaram a gastar mais com alimentação fora de casa em comparação aos dados coletados na edição de 2002-2003. Nesse período, o peso das despesas com alimentação fora do domicílio saltou de 24,1% para 31,1%.

Classes sociais
Naturalmente, as variações de preços impactam as famílias de maneiras distintas. Lares com orçamento de um salário mínimo e famílias que recebem 40 vezes mais distribuem seus gastos segundo necessidades variadas. Enquanto os domicílios de renda familiar baixa costumam gastar quase a totalidade de seus rendimentos com alimentação, habitação e transporte, o perfil de consumo daqueles de maior renda inclui itens de maior valor agregado.

Assim, é possível observar que os preços vão impactar de maneira distinta as famílias, uma vez que as variações de preço são absorvidas de formas específicas por cada unidade familiar.

Como é possível a inflação do ano passado acumular 2,95% de alta, e o valor do botijão de gás subir 16,01% no mesmo período?
Cada produto de consumo diário dos lares possui um impacto distinto no cálculo do valor final da inflação. O grupo habitação, por exemplo, tem um peso de cerca de 15% na composição do IPCA. Já o item botijão de gás tem uma ponderação média de 1,2%. Da mesma forma que a tarifa de água e esgoto pesa, em média, 1,68%, e a de energia elétrica residencial tem ponderação média de 3,47%.

Assim, mesmo que esses itens tenham variação de valor contundente, impactam pouco no resultado geral do indicador.

Preferências e valores ponderados
Além disso, as preferências de cada grupo familiar influenciam em como o valor de aquisições específicas impacta o poder de compra de cada lar. Por exemplo, se uma família se alimenta somente de peixes como fonte de proteína animal, percebe-se que a inflação real é maior que a oficial. Isso acontece porque certas variedades de peixes assinalaram aumentos contundentes de preço no acumulado do ano passado: o pintado subiu 32,48%; o pacu, 14%; e a sardinha, 9,71%. Ainda assim, o subgrupo dos pescados possui peso de 0,33% no cálculo do valor final da inflação (ou seja, pouco impacto), já que o IPCA é válido para famílias com distintos hábitos de consumo, que podem ou não incluir a compra desses peixes.

No mesmo período, o valor do frango inteiro recuou 8,67%; o do filé mignon, 5,52%; e a alcatra, 4,60%. Como o subgrupo das carnes possui peso de 2,71% (maior impacto), ele contribui no resultado geral para amortecer as altas observadas.

Considerando a ponderação de cada item para o cálculo da inflação – ou seja, que cada grupo de serviços, como alimentação ou moradia, possui um “peso” distinto no valor final – e que as famílias têm preferências de compra variadas (segundo sua classe social e escolhas pessoais), notamos que a oscilação de preços pode ser percebida de diferentes formas pelos brasileiros.

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