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Sustentabilidade

FecomercioSP reforça o papel do Comércio e dos Serviços na transição climática e chama as empresas para a ação

Evento debate as prioridades da agenda climática brasileira, com destaque para a Agenda Verde da Federação e as estratégias do governo na redução de emissões e no fortalecimento da adaptação

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No estúdio da FecomercioSP, a jornalista Camila Silveira media o primeiro painel da live com a presença do professor Goldemberg e de Izabella Teixeira No estúdio da FecomercioSP, a jornalista Camila Silveira media o primeiro painel da live com a presença do professor Goldemberg e de Izabella Teixeira
José Goldemberg José Goldemberg
Izabella Teixeira Izabella Teixeira
O segundo painel teve a participação de Aloisio Melo e de Sueli Araújo O segundo painel teve a participação de Aloisio Melo e de Sueli Araújo
Aloisio Melo Aloisio Melo
Sueli Araújo Sueli Araújo
No estúdio da FecomercioSP, a jornalista Camila Silveira media o primeiro painel da live com a presença do professor Goldemberg e de Izabella Teixeira
José Goldemberg
Izabella Teixeira
O segundo painel teve a participação de Aloisio Melo e de Sueli Araújo
Aloisio Melo
Sueli Araújo

Os grandes temas dos debates entre os países presentes na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas — a COP30, que ocorrerá em novembro, em Belém, no Pará — estão no foco mundial e devem estar inseridos nas estratégias empresariais.

Para debatê-los, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) convidou nomes do Poder Público, da sociedade civil organizada e do empresariado para os Encontros COP30: Clima, Impacto & Mercado — os Desafios da Mitigação e da Adaptação, no último dia 3. A live destacou o papel decisivo do Comércio e dos Serviços para acelerar a agenda climática no Brasil.

As discussões dos dois primeiros painéis do evento reuniram José Goldemberg, presidente do Conselho de Sustentabilidade da Federação; Izabella Teixeira, ex-ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil e liderança histórica no Acordo de Paris; Aloisio Melo, diretor do Departamento de Políticas de Mitigação, Adaptação e Instrumentos de Implementação (DPMA) do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA); e Sueli Araújo, coordenadora de Políticas Públicas do Observatório do Clima.

A conversa apresentou caminhos concretos para alinhar a agenda econômica do Brasil com a transição para uma economia de baixo carbono, destacando o papel estratégico das empresas, especialmente as pequenas e médias. Acompanhe como foram as discussões nesta cobertura especial!

A força da Agenda Verde

Abrindo o encontro, Goldemberg reforçou que os setores do Comércio e dos Serviços representam apenas em torno de 5% das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), mas influenciam toda a cadeia produtiva e os hábitos de consumo.

“Tudo passa pelo Comércio. Nós compramos, transportamos e descartamos produtos. Por isso, temos condições de induzir soluções mais eficientes, desde a economia circular e a logística reversa até o uso racional de água e energia”, destacou o presidente do conselho.

Na ocasião, o professor reiterou o papel da Agenda Verde da FecomercioSP, que orienta as empresas a adotarem práticas sustentáveis e aproveitarem as oportunidades contemplando justamente as questões críticas e impactantes, como eficiência e transição energética, a economia circular, as emissões de GEE, o desmatamento ilegal, o combate à poluição e os incêndios florestais. “Reduzir 10% do consumo de energia em um supermercado significa uma economia de milhões de reais e menos emissões, por exemplo. Com educação empresarial, podemos escalar soluções para mais de 100 mil estabelecimentos”, reforçou Goldemberg.

Novas escolhas e o Comércio como ponte para a ação

A ex-ministra Izabella enfatizou que a COP30, a ser sediada em Belém do Pará, acontece em um momento crítico da agenda climática mundial, quando os efeitos das mudanças do clima já são sentidos em todo o mundo.

“A natureza mudou. Os eventos extremos estão mais frequentes e intensos. Não estamos mais discutindo algo distante; é um desafio do presente. A COP30 é uma COP de implementação e exige ação de governos, empresas e cidadãos”, afirmou.

Izabella alertou que o Brasil precisa fazer novas escolhas de desenvolvimento para manter a competitividade em um mundo que exige descarbonização. Nesse contexto, destacou estratégias relevantes para seguir nesse caminho, como:

  • apostar na bioeconomia e nos combustíveis sustentáveis, como o etanol e o SAF (Sustainable Aviation Fuel; em português, “combustível sustentável de aviação”);
  • integrar a variável climática às políticas urbanas e aos contratos de concessão, garantindo infraestrutura resiliente a eventos extremos;
  • evitar um novo extrativismo econômico na transição global, garantindo que a riqueza de recursos naturais beneficie a economia e a sociedade brasileiras.

“O Brasil tem soluções, mas precisa transformar as vantagens em desenvolvimento sustentável. Isso exige cooperação entre governo, setor privado e sociedade”, reforçou.

Goldemberg afirmou que a capilaridade do Comércio é essencial para levar práticas sustentáveis às Pequenas e Médias Empresas (PMEs), tornando a transição climática uma oportunidade para todos.

“Grandes redes varejistas já entenderam que sustentabilidade é economia e competitividade. Elas podem influenciar fornecedores e multiplicar boas práticas pela cadeia produtiva. Destacaremos casos práticos com impactos positivos no último painel deste encontro. Esse é o caminho para escalar soluções e transformar metas em resultados”, ressaltou o professor.

Nesse quesito, a FecomercioSP, por meio do seu Conselho de Sustentabilidade, tem atuado principalmente na educação empresarial como diferencial, com o objetivo de capacitar as empresas, apoiar as políticas públicas e conectar as metas internacionais à realidade local.

“A sustentabilidade não é um custo, mas um investimento no futuro do País. O Comércio e os Serviços podem acelerar essa transformação e gerar negócios mais resilientes e competitivos”, adicionou Goldemberg.

Da ambição global à ação local

O primeiro painel reforçou também que a COP30 não é apenas uma conferência internacional, mas também uma oportunidade para o Brasil reposicionar a própria economia e construir um futuro mais resiliente, justo e competitivo.

Izabella declarou que a COP30 marca um momento inédito da agenda climática, pois acontece quando os impactos da crise já são sentidos globalmente, com eventos extremos mais frequentes e intensos. “Cabe a nós, brasileiros, escolhermos um país menos vulnerável e mais inovador. E o Comércio tem um papel fundamental nessa escolha. O Brasil precisa alinhar inovação, setor privado e políticas públicas para transformar vantagens naturais em desenvolvimento sustentável. É hora de agir com pragmatismo e visão de longo prazo”, disse.

Ela também frisou a importância de mobilizar a sociedade e o setor privado para acelerar a transição. “Quem traduz políticas públicas em ações são as empresas. O consumidor, por sua vez, influencia com suas escolhas. Precisamos transformar ambição em prática.”

Plano Clima e metas para 2035

No segundo painel, representando o governo, Melo, diretor do DPMA, apresentou o Plano Clima 2035, que guia as ações brasileiras para reduzir emissões e fortalecer a resiliência do País.

“O Brasil tem a meta de reduzir em até 67% as emissões de GEE até 2035, em comparação com os níveis de 2005. Ao mesmo tempo, queremos tornar a sociedade mais resiliente aos impactos climáticos e garantir que a transição seja feita com justiça, sem aumentar a vulnerabilidade das populações mais pobres”, explicou.

Dentre os eixos prioritários do Plano Clima, destacam-se:

  • eliminação do desmatamento até 2030;
  • transporte sustentável, incluindo mobilidade urbana de baixo carbono e logística verde para cargas;
  • economia circular e destinação correta de resíduos;
  • investimentos em infraestrutura resiliente, com avaliação dos riscos climáticos para reduzir perdas operacionais e estoques;
  • ampliação de instrumentos financeiros, como o Fundo Clima e o EcoInvest, que já mobilizaram mais de R$ 70 bilhões para iniciativas de descarbonização e recuperação de áreas degradadas.

“O combate à crise climática exige investimentos público e privado. Usamos o recurso público para atrair o capital privado, alavancando recursos para ampliar projetos como a restauração de florestas e o transporte sustentável”, disse o diretor.

Desafios da implementação e necessidade de cooperação

Tanto Izabella quanto Melo enfatizaram que a transição climática não será possível sem integração entre os setores público e privado, tampouco sem coordenação entre a União, os Estados e os municípios.

“A emergência climática é uma realidade que vai perdurar até que consigamos reduzir a concentração de GEE na atmosfera. Precisamos preparar as cidades, as empresas e os cidadãos para operar nesse novo contexto. Planejar é importante, mas é necessário transformar os planos em ação concreta, priorizando os investimentos onde há mais reflexo negativo e risco”, afirmou Melo.

“A governança federativa precisa sair do papel. A adaptação climática se faz no território, nos municípios, que precisam de apoio técnico e recursos para reduzir vulnerabilidades”, reforçou Izabella.

Goldemberg ainda salientou que as grandes empresas do Varejo podem puxar a transformação das cadeias produtivas, influenciando os fornecedores e os clientes. “As grandes redes, como supermercados e varejistas, já entenderam que sustentabilidade é competitividade. Elas exigem padrões melhores de fornecedores e, com isso, ajudam a difundir práticas sustentáveis. Essa capilaridade é essencial para levar a transição climática às PMEs”, opinou.

Adaptação climática urbana e justiça social

A adaptação climática nas cidades foi um ponto de destaque também. A urbanista Sueli lembrou que eventos como alagamentos e ondas de calor exigem soluções baseadas na natureza e políticas públicas inclusivas, evitando deslocamentos forçados e priorizando a proteção das populações mais vulneráveis na implementação de soluções.

“Não basta somente a engenharia. Precisamos integrar infraestrutura verde, drenagem urbana e planejamento territorial para lidar com os efeitos das chuvas intensas e do calor extremo. Não podemos simplesmente afastar as pessoas das áreas de risco sem oferecer alternativas dignas. É preciso integrar a adaptação climática às políticas públicas urbanas, envolvendo os Estados e os municípios para garantir resultados reais”, afirmou.

Sueli ressaltou que a gestão da drenagem urbana, frequentemente negligenciada no Brasil, precisa ganhar prioridade no contexto das mudanças climáticas, envolvendo:

  • soluções baseadas na natureza, como parques alagáveis e áreas permeáveis, que devem complementar a infraestrutura de engenharia tradicional;
  • planejamento territorial participativo, considerando as especificidades de cada município e a proteção das populações vulneráveis;
  • aperfeiçoamento da governança federativa, garantindo que planos nacionais de adaptação cheguem aos territórios.

“Cidades como São Paulo já lidavam com enchentes, mas os eventos extremos atuais são muito mais graves, pois as chuvas estão cada vez mais intensas. É preciso rever estratégias e combinar engenharia e soluções naturais para reduzir os impactos”, completou.

A especialista defendeu ainda as políticas de capacitação empresarial e comunitária, destacando que o setor privado, incluindo o Comércio, precisa avaliar os riscos, adaptar as operações e fortalecer as cadeias de fornecedores para resistir a eventos climáticos extremos.

COP30 como marco de ação e desenvolvimento

Os amplos e ricos debates evidenciaram que a FecomercioSP, com sua Agenda Verde e capacidade de mobilização empresarial, tem um papel estratégico na implementação da agenda climática brasileira.

Combinando educação empresarial, incentivo à inovação, apoio a políticas públicas e liderança em práticas sustentáveis, a Entidade reforça que enfrentar a crise climática significa aproveitar as oportunidades econômicas, reduzir as ameaças e aumentar a competitividade do Brasil.

Os exemplos empresariais da Leroy Merlin e da C&A complementaram as discussões com casos práticos, mostrando que a descarbonização é uma oportunidade. 

Assista ao debate na íntegra.


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