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29/11/2017Fintechs inovam na área financeira
Descomplicar a relação com o sistema financeiro é o objetivo das chamadas “fintechs”, empresas de tecnologia que atuam por meio de aplicativos
Mercado financeiro vive uma revolução com a chegada das startups de tecnologia
(Arte:TUTU)
Por Priscila Trindade
Falta de familiaridade com o mundo financeiro não é mais desculpa para dificuldades em planejar gastos ou conseguir crédito. Desde que as fintechs chegaram ao mercado, é possível pedir cartão e abrir conta em banco sem sair de casa. Tudo pela tela do smartphone.
Essas empresas de tecnologia atuam por meio de aplicativos (apps) e vieram para descomplicar a vida tanto das pessoas físicas quanto das pessoas jurídicas. O termo “fintech” surgiu da combinação das palavras em inglês financial e technology (finanças e tecnologia).
O presidente do Conselho de Comércio Eletrônico da FecomercioSP e CEO da Ebit, Pedro Guasti, explica que as fintechs são startups disruptivas – empresas inovadoras que modificam o mercado em que atuam.
“São empresas que oferecem serviços, soluções financeiras, usando tecnologia, aplicativos, que ofertam desde empréstimos e cartão de crédito até seguros e finanças pessoais, por exemplo. Existem empresas que já estão em evidência, como GuiaBolso, Nubank e Original”, diz.
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O modelo de negócio ainda é recente no Brasil, mas está em ampla expansão. Segundo a FintechLab, hub com foco em advisory de fintechs nacional, o primeiro mapeamento do mercado feito em agosto de 2015 apontou 54 empresas. Atualmente, o Brasil tem mais de 300 fintechs em funcionamento nas categorias pagamentos, gestão financeira, eficiência financeira, empréstimos, investimentos, funding, seguros, negociação de dívidas, cryptocurrencies e DLT, câmbio e multiserviços.
Na América Latina, o Brasil é o país com maior número de iniciativas, bem à frente do México, que ocupa o segundo lugar com 158 empresas. Em seguida está a Colômbia, com 77; Argentina, com 60; e Chile, com 56. “No Brasil, cada vez mais surgem novas empresas mais maduras no setor. São de empresários que estão aprendendo com os erros de outros ou com o seu segundo movimento de empreendedorismo”, afirma o sócio e cofundador da Clay Innovation e da FintechLab, Marcelo Bradaschia.
As fintechs estão mais consolidadas em Estados Unidos, Inglaterra, França, China, Japão e Israel. Elas surgiram antes nesses mercados, mas, independentemente disso, o que atrai e conquista o cliente em qualquer parte do mundo é a ampla variedade de serviços, o preço mais baixo que o oferecido pelo mercado tradicional e a redução da burocracia.
Os motivos que levaram à criação e proliferação das fintechs passam pela crise financeira de 2008, pelo aumento do uso de smartphones e pela chegada dos millenials – geração dos nascidos entre 1982 e 2000 – ao patamar de consumidores.
Sabendo que o público é formado essencialmente por jovens e usuários de tecnologia, a Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs) tem se esforçado para ampliar essa carteira de clientes. “Para conquistar os mais velhos e não adeptos da tecnologia, usamos a estratégia de comunicar à sociedade sobre a importância, segurança e competitividade das fintechs, para que elas se popularizem cada vez mais”, explica o diretor da instituição e fundador do buscador de investimentos Yubb, Bernardo Pascowitch.
Uma das maneiras de se destacar no mercado é focar em nichos específicos para conseguir trazer eficiência para o segmento de atuação. Oferecendo controle financeiro gratuito, o GuiaBolso está no último relatório Fintech100, KPMG 2016, que identifica as principais fintechs no mundo. Na lista constam apenas duas empresas brasileiras,
A primeira versão do GuiaBolso foi ao ar em 2014. A empresa nasceu como sendo uma planilha financeira automática, que ajuda o usuário a acompanhar ganhos, gastos e movimentações da conta bancária e cartões. Com o tempo, outras funcionalidades foram implementadas: metas e planejamento e radar do CPF (mostra a situação do documento na BoaVista). No ano passado, foi implementada ainda a plataforma de crédito online, com ofertas de diversos parceiros pelas menores taxas do mercado.
“Há espaço para crescer, porque o objetivo do GuiaBolso é se tornar cada vez mais o aplicativo essencial para a tomada de decisões das pessoas, e, nesse sentido, novos produtos e funcionalidades podem ser adicionados”, diz o CEO do GuiaBolso, Thiago Alvarez.
De acordo com o empresário, em média, após três meses de uso do aplicativo, as pessoas passam a economizar mais do que o dobro do que costumavam guardar, aumentam os investimentos em 33% e um em cada quatro usuários deixa de pagar juros do cheque especial.
Segundo levantamento da empresa, a saúde financeira dos usuários ficou, em média, em 416 pontos, numa escala que vai de 0 a 700 pontos. O público do GuiaBolso é 73% masculino e 27% feminino. A renda média é de R$ 5 mil e a faixa etária é de 51% tem entre 25 e 34 anos.
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