Negócios
19/11/2024Fusões e aquisições: quais são as perspectivas de negócios para o segmento atacadista?
Em reunião na FecomercioSP, especialistas analisam as oportunidades e tendências que estão moldando o futuro das transações no setor
Nas últimas três décadas, no intervalo entre 2021 e 2023, o mercado brasileiro de fusões e aquisições apresentou o melhor desempenho em volume de transações dos últimos 30 anos. Os dados (da KPMG, da PWC e da TTR) foram divulgados por Nestor Casado, CEO da Capital Invest M&A, para mostrar o panorama atual do mercado de Fusões e Aquisições (F&A) e as tendências para o futuro, durante reunião do Conselho do Comércio Atacadista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), realizada em outubro.
Com o intuito de traçar as perspectivas de negócios para o segmento atacadista, o especialista apresentou informações importantes sobre o processo de compra ou venda de uma empresa e estratégias de otimização da relação entre ganho e risco numa aquisição, além de dicas e orientações tanto pela óptica do comprador/investidor como pela visão do vendedor/empresário.
Cenário atual e tendências
Nos últimos 30 anos, o número de transações de F&A passaram de 175 (em 1994) para 1.505 (em 2023), segundo a KPMG. Na visão de Casado, em 2024, esse mercado está ainda mais ativo. “A tendência de médio e longo prazos é de crescimento, de forma análoga ao que aconteceu nas últimas três décadas, pois esse mercado avança conforme aumenta a maturidade”, afirmou.
No primeiro de semestre deste ano, o Estado de São Paulo liderou o setor, sendo responsável por 52,3% do total de transações no País. Rio de Janeiro ficou em segundo lugar, com 11,7%, e, na sequência, Minas Gerais, com 8,5%. “O Estado paulista concentra mais de 30% do PIB do Brasil, além de ser sede de boa parte das maiores empresas nacionais, que normalmente são mais ativas em F&A”, explicou o especialista.
Perspectivas para o segmento atacadista
Com base em um estudo da FecomercioSP que mostra a tendência de empresas do atacado optarem por se transformar em operadores logísticos e gestores de estoque, Casado comentou que, nesse cenário, alguns empreendedores deverão se transformar mais rapidamente. “O motivo é uma consolidação de mercado pelas economias de escala e sinergias, melhorando ainda mais a rentabilidade das empresas adquirentes”, ressaltou.
Na visão do especialista, dentre os seis tipos de transações corporativas (aquisições maioritárias, aquisições minoritárias, fusões, incorporações, joint ventures e cisões), o mais relevante para o atacado é o primeiro. “Isso acontece porque, quando um atacadista adquire outro, o principal motivo é unir operações para, assim, aproveitar as sinergias. Sem uma aquisição de 100%, portanto maioritária, isso não é possível”, esclareceu o executivo.
Principais dicas
Em uma transação de F&A, na posição de vendedor ou de comprador, a principal dica é a contratação de uma assessoria especializada. No caso de venda, para aumentar o ganho em uma transação, as principais orientações são:
- preparação da empresa que será negociada e a sua venda quando o mercado estiver aquecido;
- contato com múltiplos interessados de uma forma profissional e confidencial e negociação até obter o melhor valor. Quando a venda de uma empresa não segue um processo profissional, o deságio para os sócios pode chegar a até 50%;
- determinação do preço da empresa pelo mercado, num processo competitivo, para evitar, por exemplo, que o empreendedor perca o negócio porque tem expectativa de um valor irreal;
- terceirização da coordenação do processo de venda com exclusividade, única forma de preservar a reputação do sócio/empreendedor e de seu mandatário, evitando que o mesmo projeto seja apresentado várias vezes à mesma empresa.
Pela óptica do comprador/investidor, seguem as principais dicas:
- realização de um estudo de mercado para mapear e priorizar os potenciais alvos do negócio;
- elaboração de propostas de aquisição baseadas em um valuation profissional, visando deixar os principais riscos para o vendedor;
- facilitação de sinergias durante a compra e monitoramento do PMI (indicador econômico que avalia a atividade do setor) após a efetivação;
- foco na aquisição de empresas complementares — por exemplo, negócios dentro do core business, em localizações geográficas diferentes.