Economia
17/05/2019Geração de empregos enfraquece no Estado; análise criteriosa da situação financeira é importante para empresa driblar volatilidade
PESP mostra que, em março, os setores de comércio e serviços perderam 3 mil vagas
A FecomercioSP explica que o Carnaval foi a principal causa dessa distorção da movimentação da mão de obra
(Arte/Tutu)
Os números da Pesquisa de Emprego no Estado de São Paulo (PESP) de março ressaltam que agora é momento de os empresários se empenharem em uma análise ainda mais criteriosa nas projeções de suas receitas de vendas, uma vez que isso baliza tanto a busca por clientes quanto a eficiência nas gestões de preços, fornecedores, caixa, endividamento e estoques. Além disso, os indicadores da economia e de emprego sugerem que é necessário olhar para 2019 – no que se refere ao ambiente para negócios – com realismo e cautela, em decorrência dos momentos de incertezas e volatilidade.
Após criação de mais de 53 mil vagas de trabalho celetistas em fevereiro, os setores de comércio e serviços perderam 3 mil vagas em março. O pior resultado foi apurado no varejo paulista, com corte de 8.433 vagas. O comércio atacadista perdeu 978 postos de trabalho. O setor de serviços, que havia registrado 50 mil vagas a mais em fevereiro, gerou 6.409 vagas em março.
A FecomercioSP avalia que esta é uma fase que necessita de muito cuidado dos empresários. Segundo a Federação, os dados de emprego mais recentes exemplificam a frustração com o enfraquecimento do ritmo de recuperação da nossa economia em 2019; além disso, chegou-se a esperar uma evolução de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) e geração de até 1 milhão de vagas formais no País e, hoje, a expectativa é de que ambos os componentes da economia cresçam apenas metade disso.
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A Entidade explica que o Carnaval (no início de março) foi a principal causa dessa distorção da movimentação da mão de obra. Isso aconteceu porque as empresas postergaram em um mês a dispensa de contratados para o Natal, tanto que as atividades comerciais que lideraram naquele período – como lojas de vestuário, calçados e supermercados – foram as que mais fecharam vagas agora. Confira a movimentação de cada setor em março.
Comércio varejista
As 8.433 vagas fechadas em março no comércio varejista foram resultado da diferença entre 72.094 admissões e 80.527 desligamentos. O estoque ativo de empregos atingiu mais de 2 milhões de empregos nesse setor no Estado. A perda de postos de emprego foi difundida por todas as atividades varejistas, principalmente nas lojas de vestuário, tecidos e calçados (-3.169 vagas). Farmácias e perfumarias fecharam 1.071 vagas e lojas e materiais de construção, por sua vez, fecharam 714 vagas. Nenhum dos setores teve resultado positivo no mês.
De acordo com a FecomercioSP, quando se considera o saldo acumulado no varejo em cada primeiro trimestre, observa-se que esse período se mantém tradicionalmente negativo desde 2011. Ainda assim, o primeiro trimestre de 2019 registrou uma perda 13% superior à verificada em 2018. Em fevereiro deste ano, foram geradas 1.039 vagas no varejo paulista, e, em janeiro, foram fechadas mais de 23 mil.
Comércio atacadista
O comércio atacadista do Estado extinguiu 978 vagas em março, saldo de 14.748 admissões e 15.726 desligamentos. É o pior resultado para um único mês desde 2017 no setor. Ao todo, foram 515.868 empregos com carteira assinada no atacado paulista, 1,6% superior a março do ano passado.
Quando se leva em consideração o primeiro trimestre, tanto em 2018 quanto em 2019 houve saldo positivo, o que não se via desde 2014 – embora o deste ano (1.094 vagas) tenha sido 60% menor do que o registrado em 2018 (2.589).
Apenas duas atividades obtiveram dados positivos em março: o atacado de máquinas (42 vagas) e o atacado de energia e combustíveis (9 vagas).
Setor de serviços
Os 6.409 empregos com carteira assinada gerados em março foram resultado de 196.059 admissões e 189.650 desligamentos. O saldo foi positivo em março em razão dos grupos de transporte e armazenagem (4.353 vagas) e de educação (3.114). No total do trimestre, foram 76.440 novas vagas, número 12,4% inferior ao saldo positivo do mesmo período de 2018 (87.251 empregos).
Ao todo, foram 7.497.982 empregos com carteira assinada nos serviços paulistas, maior número desde setembro de 2015.
Em 12 meses, 122 mil novos empregos foram registrados. Nesse estrato temporal, foram 31.066 vagas criadas apenas nos serviços administrativos e complementares, puxados para cima pelos serviços de apoio e limpeza em prédios e domicílios (15.439 vagas).
Reforma Trabalhista
O saldo de empregos do tipo intermitente, que passou a vigorar após a Reforma Trabalhista, foi positivo, com 615 vagas, resultado de 2.161 admissões e 1.546 desligamentos. Dessas vagas criadas, 498 foram registradas no setor de serviços.
Em relação aos empregos na jornada de trabalho parcial, com duração de, no máximo, 30 horas semanais, foram criadas 546 vagas em comércio e serviços.
Já o desligamento por comum acordo, que também entrou em vigor após a reforma de 2017, teve 4.111 desligamentos, 1,4% em relação ao total do mês. A legislação prevê que se empregado e empregador decidirem pela demissão em comum acordo, o empregado tem direito à multa rescisória de 20% sobre o saldo do FGTS e ao saque de 80% do saldo do FGTS.
Cenário econômico
As incertezas políticas em relação à aprovação de reformas estruturais, à alta taxa de desocupação no País, aos elevados indicadores de endividamento e inadimplência das famílias, e à baixa confiança empresarial em relação ao atual cenário econômico são alguns dos motivos dessa desaceleração das expectativas, esclarece a FecomercioSP.
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