A agenda ESG não é um movimento novo no mercado, tampouco no varejo. Inclusive, já não há dúvidas de que não se trata apenas de mais um diferencial, mas de uma obrigação das empresas em um momento no qual as rédeas estão nas mãos do consumidor. No cenário atual, os critérios Ambiental, Social e de Governança, que se originam da sigla ESG — Environmental, Social and Governance, em inglês — emergiram como um elemento vital que vai além das práticas convencionais de negócios.

Atentas às demandas de mercado e para orientar os empresários sobre as melhores práticas de gestão, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) e o Sindicato do Comércio Varejista (Sincomercio) de Jundiaí e Região promoveram o workshop ESG e Logística Reversa para o Varejo no último dia 24, no Sesc Jundiaí.

A iniciativa inédita, fruto de parceria entre ambas as entidades, convidou especialistas para conscientizar o público sobre a necessidade de atualizar as práticas de gestão ESG, abordando o papel da liderança nessa agenda, trazendo orientações e exemplos de mercado e destacando, também, os benefícios e a obrigatoriedade da prática da logística reversa no varejo. O objetivo do encontro foi alertar as empresas acerca dos riscos de não aderir a essas práticas e, por outro lado, mostrar os diferenciais competitivos que oferecem, como promover a imagem do negócio perante a sociedade, facilitar a negociação de linhas de crédito e atrair mão de obra qualificada.

“Por meio de quatro painéis temáticos, o workshop apresentou para os comerciantes e participantes como a agenda ESG e a logística reversa aproximam os negócios de consumidores e desenvolvem a marca, evitando os riscos reputacionais. Podem até ajudar na captação de recursos. Foi uma oportunidade para obter dicas práticas de especialistas e empresários sobre temas de extrema relevância. Por isso, fizemos questão de incentivar mais essa ação em parceria com a FecomercioSP”, afirmou Edison Maltoni, presidente do Sincomercio Jundiaí e Região.

Programação completa

Durante o evento, as assessoras da FecomercioSP mostraram as orientações e os trabalhos desenvolvidos para apoiar as empresas na gestão dessa jornada. Sobre o tema Desmitificando o ESG, Alexsandra Ricci destacou o que são essas práticas e como implantá-las na realidade dos respectivos negócios, independentemente do porte. Já Cristiane Cortez falou sobre a lista de produtos pós-consumo com obrigatoriedade legal de implementação de Sistema de Logística Reversa (SLR) pelo Comércio, destacando tudo o que é preciso saber acerca do tema. 

As especialistas da Entidade também mostraram as formas de cumprimento das obrigações e as responsabilidades dos diversos atores (importadores, fabricantes, distribuidores, comerciantes e consumidores), abordando, ainda, os riscos da não participação e adesão dessas práticas. O SLR, por exemplo, é um instrumento de desenvolvimentos econômico e social previsto na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei 12.305/2010, que determina que o Comércio — assim como a Indústria e os consumidores — tem a responsabilidade compartilhada de promover a destinação ambientalmente adequada desses produtos pós-consumo.

Outros painéis apresentaram o movimento global Capitalismo Consciente, com a palestra da CEO do movimento no Brasil, Daniela Garcia; e a visão da empresa Natura &Co sobre ESG, com a participação da gerente sênior de Relações Institucionais e Governamentais, Isabela Dias. As palestras fomentaram como a iniciativa privada pode gerar impacto positivo à sociedade, com o propósito de acelerar a transformação cultural das empresas nacionais, capacitando lideranças conscientes para gerar mudanças positivas nos negócios, além de abordar questões sobre como pensar a estratégia de negócio a partir da sustentabilidade e da regeneração.

Público-alvo presente

O engenheiro Florestal Nelson Seo, também presente no evento, comentou a sua percepção sobre ESG. “É muito importante ter essa cultura inserida nos negócios e no nosso dia a dia. A tecnologia se renova sempre, e precisamos transformar a ideia de guardar e acumular para recriar, renovar e inovar. Somos uma organização que oferece soluções para reciclagem, eficiência energética, logística, remanufatura, análises técnicas de qualidade e tecnologia da informação. O workshop contribuiu para inspirar o público na gestão consciente, não importa o tipo ou o modelo do negócio”, disse o executivo, que atua na área comercial da Indústria Fox, companhia que, com mais de 12 anos de existência, já foi responsável por 850 mil equipamentos reciclados, 400 mil residências eficientizadas, 170 GWh de energia economizada e 600 mil toneladas de CO₂ tratadas.

Já Daniela Pereira, fundadora da Circulagem, startup que presta consultoria de sustentabilidade a empresas e indústrias de diversos portes, também destacou a importância de atividades como essa. “Comecei a empreender para gerar iniciativas de maior impacto ambiental e social, relacionando cooperativas de reciclagem e grandes indústrias que precisavam reciclar. A partir daí, surgiram novas necessidades, como a gestão de resíduos sólidos e líquidos, e expandimos os serviços a toda a cadeia de valor. O workshop foi muito interessante porque abordou as duas vertentes que trabalho [ESG e logística reversa]. Além disso, as palestras foram extremamente importantes para me ajudar na abordagem comercial e na argumentação de vendas desses temas com os clientes, independentemente do valor dos investimentos ou do porte da empresa”, destacou a CEO, que atua na capacitação e na eficiência de processos de grandes negócios, além de apoiar as Pequenas e Médias Empresas (PMEs) no cumprimento dos quesitos necessários para serem homologadas e qualificadas a prestar serviço a grandes companhias.