Negócios
14/07/2016Gestão estratégica é saída para atacadistas driblarem efeitos da crise
Assim como o varejo, segmento enfrenta quedas nas vendas, ocasionadas por preços altos e desemprego, e retém investimentos
De acordo com a Pesquisa de Emprego no Comércio Atacadista do Estado de São Paulo (PESP Atacado), em abril, o setor fechou 1.517 postos de trabalho formais
(Arte TUTU)
Por Deisy de Assis
Principalmente por depender das demandas do varejo e da indústria de transformação, o comércio atacadista sofre com os impactos da crise econômica brasileira. O cenário tem feito o setor conter os investimentos, o que, para o Conselho do Comércio Atacadista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), faz parte da gestão estratégica para enfrentar o quadro desfavorável.
Um levantamento recente realizado pela Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (ABAD) ouviu 577 empresas que atendem pequenos lojistas, supermercados e hipermercados, e verificou essa contenção. A queda na intenção de investimento em armazenagem foi de 9%. Para frotas, a retração atingiu 11,2%. Já em apostas em novos formatos de negócios, a diminuição chegou a 0,5%.
Em mão de obra também houve queda. De acordo com a Pesquisa de Emprego no Comércio Atacadista do Estado de São Paulo (PESP Atacado) da FecomercioSP, em abril, o setor fechou 1.517 postos de trabalho formais. Foi o oitavo mês consecutivo a apresentar saldo negativo de empregos no âmbito estadual.
“As reduções estão relacionadas à retração das vendas, pois a capacidade instalada, por exemplo, de armazenagem, passa a ser suficiente para atender a demanda existente”, diz o presidente do referido Conselho, Ludgero Migliavacca.
Para ele, o empresário deve focar suas ações em um maior controle da gestão e das finanças, a fim de agilizar a tomada de decisões sobre investimentos e captação de recursos. Outra medida é o combate ao desperdício de materiais, energia, água, entre outros. Além disso, é preciso eliminar tarefas operacionais desnecessárias e onerosas.
Vantagens do atacarejo
Dentro do setor atacadista, o chamado atacarejo (compras em estabelecimentos de autosserviço) tem se destacado. O crescimento nesse perfil de vendas varia de 5% a 10%, segundo o Sindicato do Comércio Atacadista de Gêneros Alimentícios no Estado de São Paulo (SAGASP), filiado à FecomercioSP.
O principal impulsionador é a mudança de hábitos dos brasileiros, que, com orçamentos mais apertados e crédito escasso, buscam comprar em estabelecimentos de atacado como uma alternativa de reduzir os gastos.
Essa alteração de comportamento é observada em todas as classes sociais, inclusive as de poder aquisitivo mais alto, que também querem preços mais atrativos.
Porém, o Conselho ressalta que o setor não se limita ao público do atacarejo e tem funções estratégicas maiores ao fornecer produtos para diversos tipos de empresas do País.
Perspectivas
Para a FecomercioSP, há expectativa de pequena melhora da atividade econômica neste semestre, em resposta às medidas da nova equipe econômica do Governo Federal e de outras que poderão acontecer, no sentido de estimular a economia brasileira nos próximos meses. Porém, ainda não é possível afirmar se essa perspectiva será consolidada.
A incerteza se deve a múltiplos fatores constatados periodicamente pelas pesquisas da Federação. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) de junho, por exemplo, registrou crescimento de 7,9% em relação a maio, o maior valor desde abril de 2015. Em contrapartida, o Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) apresentou queda de 0,9% em comparação com o mês anterior, auferindo o menor resultado em seis anos.
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