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Economia

Inadimplência atinge recorde na capital paulista em março

Inflação e juros elevados pressionam orçamento das famílias; comércio deve sentir o impacto da limitação do consumo

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Inadimplência atinge recorde na capital paulista em março

Para 88,5%, o cartão de crédito continua sendo o principal meio para compras a prazo
(Arte: TUTU)

O porcentual de famílias que não conseguiram quitar as dívidas dentro do prazo registrou recorde em março, na capital paulista. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), 23,1% dos lares paulistanos estão nesta situação – maior nível da série histórica, iniciada em 2010. O cenário é resultado da pressão inflacionária sobre o orçamento familiar, pressionando por mais crédito para manter o consumo básico. No comércio varejista, a limitação das compras ditará um ritmo mais fraco nas vendas no primeiro semestre.

Atualmente, 927 mil lares estão com as contas em atraso. São 55 mil a mais do que no mês anterior e 194 mil acima do registrado no mesmo período de 2021. O porcentual de famílias que já afirmam que não conseguirão pagar as dívidas atingiu o maior patamar desde outubro de 2018: são 9,4% nesta situação. Em termos absolutos, 374,7 mil vão precisar renegociar com bancos, financeiras e lojas para evitar multas e juros elevados, que já agravam a situação, pois há mais incidência de taxas, e, consequentemente, sobram menos recursos para o consumo diário.

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Quando se analisa a relação dos dados com as faixas de renda, observa-se que a inadimplência atinge 27,7% das famílias que recebem menos de dez salários mínimos. Já o endividamento impacta 77,2%. Apesar de os efeitos serem mais sentidos entre os menos favorecidos, em março, o endividamento e a inadimplência das famílias com renda superior a dez salários mínimos atingiram recordes históricos: 66,1% e 11,4%, respectivamente.

No terceiro mês do ano, o endividamento voltou a subir e alcançou 74,3% dos lares. São 2,98 milhões com algum tipo de dívida – aumento anual de 627 mil. Para 88,5%, o cartão de crédito continua sendo o principal meio para compras a prazo. Na segunda posição, ficaram os carnês, com 18,3%. O porcentual registrou a segunda queda consecutiva e o menor patamar desde julho do ano passado, reflexo dos aumentos dos juros e do risco de inadimplência, que têm levado os estabelecimentos a restringirem este tipo de crédito. Na sequência, ficaram o financiamento de carro (14,4%) e o crédito pessoal (10,7%).

Crédito para manutenção do consumo

De acordo com a pesquisa da FecomercioSP, 7,2% dos entrevistados pensam em contrair crédito ou financiamento nos próximos três meses – maior porcentual desde maio de 2020. Destes, 66,4%, afirmam que usariam o crédito para consumo; 21,5%, para quitação de dívida; e 9,4%, para pagamento de contas. Entretanto, apesar de a maior parte ser destinada às compras, diante do cenário atual, o que pode justificar esta intenção são os gastos básicos com alimentos, e não a expansão do consumo em bens duráveis, por exemplo. Pelo contrário, os números da inadimplência e do endividamento criam limitações.

Exemplo disso é o Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), que registrou alta de 1,5% em março (76,4 pontos), mas alavancado pelos itens de emprego. O Emprego Atual avançou 5,7%, chegando aos 97,7 pontos, quase o mesmo nível da Perspectiva Profissional (97,9), que apontou aumento de 3% em março. Ambos estão nos maiores patamares desde o início da pandemia, em abril de 2020.

A melhoria do mercado de trabalho consegue recompor a renda das famílias para se protegerem da inflação. Entretanto, seria necessário um volume maior de investimentos para criar mais oportunidade e de maneira mais rápida. Na avaliação da FecomercioSP, porém, o aumento dos juros deve limitar a intenção de investimentos das empresas, mantendo a situação ainda delicada para o resto do ano.

Acompanhe as diferentes pesquisas e análises setoriais realizadas pela FecomercioSP e tenha mais conhecimento do mercado.

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