Economia
05/12/2023Inadimplência cai na capital paulista, mas segue acima do patamar de 2022
Parcela da renda dos lares comprometida com dívidas atingiu maior patamar desde 2010, mostram dados da FecomercioSP
Cerca de 26,4 mil famílias conseguiram quitar as dívidas entre outubro e novembro na cidade de São Paulo e, com isso, sair da lista de inadimplentes. Segundo dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), o porcentual de lares nessa situação caiu para 23,5%.
O endividamento retraiu timidamente para 67,5%, enquanto o volume de lares ainda sem condições de quitar as contas atrasadas permanece estável pelo menos desde agosto, desta vez na casa dos 10,7% [tabela 1]. A preocupação com o indicador se deve ao fato de que, há exatamente um ano, esse percentual era relativamente menor (9%).
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Da mesma forma, houve um aumento significativo da parcela da renda dos lares comprometida com dívidas [tabela 2]. Em novembro, cerca de 31,7% das receitas domésticas estavam direcionadas a esse fim, no intervalo de um ano — o maior da série histórica da FecomercioSP, iniciada em 2010. Considerando o alongamento desse prazo — atualmente de 8,1 meses, em média —, é possível afirmar que os consumidores têm comprometido a renda com valores mais elevados nas parcelas e por mais tempo.
No caso da inadimplência, o destaque negativo ficou por conta do tempo de atraso, que segue elevado: média de 68,6 dias para liquidar as dívidas — a maior registrada desde março de 2019.
Os dados da FecomercioSP mostram que a redução da inadimplência em novembro foi mais significativa para famílias com renda mensal superior a dez salários mínimos, passando de 12,4%, no mês anterior, para 11,6%, redução de 0,8 ponto porcentual (p.p). No outro grupo das famílias com renda até dez salários mínimos, a queda foi menor: de apenas 0,4 p.p, chegando a 28,2% no mês. Ainda assim, a retração dos inadimplentes em São Paulo expressa a melhora da situação econômica em geral do País. Segundo a Federação, é importante considerar os efeitos do programa Desenrola Brasil, do governo federal, em vigor desde agosto, para tentar diminuir o fenômeno.
O cartão de crédito (84,4%) segue sendo o principal motivador de endividamento em São Paulo, seguido pelos carnês (15,5%) e pelos financiamentos de imóveis (13,4%). Esses números mostram que, ainda que os juros estejam em patamares elevados, as famílias têm encontrado opções facilitadas de crédito — tanto para consumo rápido como para compra de bens de longo prazo, como a casa própria.
Paulistanos mais confiantes
Essa análise pode ser corroborada pelo fato de que os paulistanos estão mais confiantes para consumir: em novembro, o Índice de Intenção de Consumo (ICF) subiu 0,7%, atingindo 113,2 pontos, o maior patamar desde maio de 2014. No comparativo anual, o índice avançou 22,3%.
Indicadores que compõem a métrica ajudaram a definir o resultado: o nível de consumo atual cresceu 3,4%, atingindo 93,4 pontos, enquanto o nível de renda e o de acesso ao crédito também registraram alta. A inflação sob controle e os juros em queda contribuem para a manutenção de um cenário positivo, sem contar a chegada do décimo terceiro salário, capaz de influenciar o consumo de bens e serviços e de liberar o pagamento de contas.
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