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Imprensa

Inadimplência e endividamento na capital paulista se mantêm estáveis em maio

Pesquisa da FecomercioSP aponta que 23% das famílias têm contas em atraso, enquanto outras 73,1% lidam com alguma dívida

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Maio foi marcado pela manutenção no índice de famílias endividadas e inadimplentes na cidade de São Paulo. No período, um pouco mais de 927 mil lares paulistanos declararam ter contas em atraso, o que representa 23% do total — no mês anterior, o índice era de 22,9%. Os endividados somam 73,1% do grupo, ante os 72,9% registrados em abril. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), elaborada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). A tendência de uma estabilidade mensal no endividamento e na inadimplência é similar quando analisadas as duas faixas de renda da PEIC. 

Dentre as famílias com renda até dez salários mínimos, o porcentual que afirmou ter alguma dívida passou de 75,2% para 75,5%. Entre a faixa de renda superior a dez salários, a variação atingiu 66%, ante os 66,2% em abril. A inadimplência, por sua vez, subiu 0,1 ponto porcentual (p.p.) no primeiro grupo de renda, chegando a 27,7%. Por outro lado, recuou 0,02 p.p. no segundo, de renda mais elevada (10,6% das famílias).

Principais dívidas

O cartão de crédito segue como a principal forma de dívida entre as famílias, citado por 84,5%. Na sequência estão os carnês, com 13,4%, e o crédito pessoal, com 11,7%. Segundo o levantamento, um dado positivo é a redução anual no porcentual de endividados no cheque especial: de 6% para 3,5%. Para a FecomercioSP, trata-se de um movimento importante nos lares, uma vez que a taxa média de juros na modalidade chega a 129% ao ano (a.a.), contra 42% do crédito pessoal, de acordo com dados do Banco Central (Bacen).

Cenário longe do ideal

Ainda de acordo com a PEIC, as condições econômicas das famílias estão melhores do que há um ano, porém ainda longe de um ideal — cenário confirmado pela pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), também da FecomercioSP. No quinto mês do ano, a variação recuou 1,8%. 

Todos os sete itens analisados pelo ICF apontaram resultado negativo no mês. As maiores quedas foram vistas no crédito e nas perspectivas de emprego e consumo. O acesso a crédito retraiu 2,7%, seguido de perspectiva profissional, que apresentou índice negativo de 2,3%, e perspectiva de consumo, com queda de 2,2%. No Índice de Confiança do Consumidor (ICC), a tendência também foi de queda mensal (-2,3%). 

Consumidores menos otimistas

No mês, também se identificou queda no otimismo dos consumidores paulistanos, tanto no curto quanto no longo prazo. O índice das condições econômicas atuais retraiu 2%, ao passo que o de expectativa do consumidor apresentou queda de 2,5%. De acordo com a Federação, as três pesquisas apontam que a inflação, embora arrefecida, permanece em patamar elevado. Essa situação dificulta um ganho mais forte das condições econômicas. 

Por outro lado, o quadro é mais favorável do que o visto no mesmo período de 2022. No entanto, para que haja um avanço mais significativo dos índices de confiança e redução da inadimplência, é necessário a combinação entre maior geração de empregos, inflação mais baixa e dissipada e redução dos juros.

A queda nos preços da gasolina e do gás de cozinha, no quinto mês do ano, pode ser benéfica à economia do orçamento doméstico, aliviando o bolso dos consumidores. Esse cenário que pode gerar aumento da confiança e, ao mesmo tempo, espaço para pagar contas em atraso. Segundo a FecomercioSP, ainda que a conjuntura seja desafiador — e por mais que os dados de maio tenham fugido da trajetória dos últimos meses —, a tendência no longo prazo é de melhora.

Notas metodológicas

PEIC

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) é apurada mensalmente pela FecomercioSP desde fevereiro de 2004. São entrevistados aproximadamente 2,2 mil consumidores na capital paulista. Em 2010, houve uma reestruturação do questionário para compor a pesquisa nacional da Confederação Nacional do Comércio (CNC), e, por isso, a atual série deve ser comparada a partir de 2010.O objetivo da PEIC é diagnosticar os níveis tanto de endividamento quanto de inadimplência do consumidor. O endividamento é quando a família possui alguma dívida. Inadimplência é quando a dívida está em atraso. A pesquisa permite o acompanhamento dos principais tipos de dívida, do nível de comprometimento do comprador com as despesas e da percepção deste em relação à capacidade de pagamento, fatores fundamentais para o processo de decisão dos empresários do comércio e demais agentes econômicos, além de ter o detalhamento das informações por faixa de renda de dois grupos: renda inferior e acima dos dez salários mínimos.

ICF

O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) é apurado mensalmente pela FecomercioSP desde janeiro de 2010, com dados de 2,2 mil consumidores no município de São Paulo. O ICF é composto por sete itens: Emprego Atual; Perspectiva Profissional; Renda Atual; Acesso ao Crédito; Nível de Consumo; Perspectiva de Consumo e Momento para Duráveis. O índice vai de zero a 200 pontos, no qual abaixo de cem pontos é considerado insatisfatório, e acima de cem pontos, satisfatório. O objetivo da pesquisa é ser um indicador antecedente de vendas do comércio, tornando possível, a partir do ponto de vista dos consumidores e não por uso de modelos econométricos, ser uma ferramenta poderosa para o varejo, para os fabricantes, para as consultorias, assim como para as instituições financeiras.

ICC

O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) é apurado mensalmente pela FecomercioSP desde 1994. Os dados são coletados com aproximadamente 2,1 mil consumidores no município de São Paulo. O objetivo é identificar o sentimento dos consumidores levando em conta suas condições econômicas atuais e suas expectativas quanto à situação econômica futura. Esses dados são segmentados por nível de renda, sexo e idade. O ICC varia de zero (pessimismo total) a 200 (otimismo total). Sua composição, além do índice geral, se apresenta como: Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA) e Índice das Expectativas do Consumidor (IEC). Os dados da pesquisa servem como um balizador para decisões de investimento e para formação de estoques por parte dos varejistas, bem como para outros tipos de investimento das empresas.

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