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Sustentabilidade

Indústria e agricultura buscam reduzir o consumo de água

Crise hídrica que afeta boa parte do País tem incentivado o debate sobre o tema

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Indústria e agricultura buscam reduzir o consumo de água

Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, a indústria responde por cerca de 22% do consumo de água potável, enquanto a agricultura utiliza a maior parte do recurso: 70% da água do planeta é destinada à irrigação. Com a crise hídrica, que tem afetado boa parte do Sudeste brasileiro no último ano, os dois setores têm tentando reduzir o consumo, tornando o uso da água mais eficiente de acordo com suas atividades.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) defende políticas e incentiva iniciativas de reúso da água, além de manter uma rede de recursos hídricos que integra representantes do setor. O objetivo é qualificar os empresários a usarem menos água na produção e reaproveitarem o insumo, reduzindo custos e incrementando a competitividade.

De acordo com o coordenador da Rede de Recursos Hídricos da CNI, Percy Soares, são três os principais pontos para a indústria reduzir seu consumo de água: tecnologia, gerenciamento e reutilização do recurso água.

“O principal é a tecnologia: investir em processos, máquinas e equipamentos mais modernos. O primeiro desafio é reduzir o consumo, evitando perdas e otimizando processos, circulando a água internamente, com o tratamento e a reinserção no processo produtivo e, em último caso, alternativas como comprar água, tratar efluentes, perfurar poços, usar água de chuva etc”, diz Soares.

Ele destaca que a CNI orienta as indústrias, de todos os tamanhos, a considerarem quatro dicas: fazer as contas para saber onde e quanto consome o recurso em cada etapa do processo produtivo; comparar sempre a sua prática com as melhores práticas do setor, para observar se é possível melhorar; pensar em oportunidades de reúso de água em outras atividades na planta industrial; considerar se o efluente tratado pode ser transformado em insumo no processo produtivo.

“As indústrias precisam sempre avaliar o seu risco para decidir quais medidas adotar. É uma prática cada vez mais comum”, pontua o coordenador.

Soares diz ainda que a crise hídrica tem mudado o pensamento das indústrias. Se antes o assunto água era restrito aos gerentes de utilidade e de produção, passou a ser tema de interesse geral da empresa. Com isso, o setor industrial adotou ações mais estratégicas e não mais restritas a apenas alguns setores.

As indústrias também têm ampliado a sua visão e olhado mais para o que acontece ao redor da planta, principalmente para as bacias hidrográficas que as abastecem. “A grande contribuição que o setor industrial pode dar é manter a produção usando menos água. Algumas empresas com mais capacidade de investimento saem da fábrica e investem em produção de água, preservação de florestas etc”, complementa.

Agricultura
Na agricultura, práticas para reduzir o consumo de água também ganham força. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, por exemplo, tem disseminado tecnologias de baixo custo para construção de pequenas barragens para captação de enxurradas, que promovem a infiltração da água no solo, reduzindo a erosão e elevando o lençol freático.

A Embrapa estimula ainda a adoção de sistemas de irrigação que otimizem o uso de água e energia, além de práticas conservacionistas que protejam o solo e reduzam evaporação. Com isso, florestas plantadas, cultivos e pastagens bem manejados podem contribuir para a conservação da água, pelo solo, mitigando os efeitos negativos decorrentes da grande dispersão entre precipitações das estações chuvosa e seca.

“Estamos trabalhando forte a readequação dos sistemas de irrigação”, diz Sérgio Azevedo, chefe adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Semiárido. Segundo ele, boa parte dos produtores ainda usa sistemas de irrigação que demandam muita água e energia. A ideia é que adotem sistemas mais econômicos em água e energia, como gotejamento e microaspersão.

Dados sobre o sistema de gotejamento são disponibilizados para os agricultores terem acesso a essa prática. É um sistema, explica Azevedo, que vale para a maior parte das culturas, mas é preciso analisar cada caso. “Com o gotejamento, é possível reduzir bastante o consumo de água na irrigação. Se pensarmos em culturas perenes, de espaçamento mais largo, como a manga, a redução pode ultrapassar os 30%. Mas depende do tipo de cultura e do solo, entre outros fatores”, observa.

Ele explica ainda que observar a quantidade de água necessária para cada etapa da produção é fundamental para reduzir o consumo de água, pois cada fase exige uma quantidade diferente.

A irrigação por gotejamento existe no Brasil há cerca de 20 anos. Mas a demanda começou a aumentar há cerca de 10 anos. E, na avaliação de Azevedo, tende a aumentar ainda mais, pois os produtores tendem a procurar sistemas mais econômicos porque a água passou a ser um fator de produção caro e difícil de encontrar. O custo crescente de energia e a dificuldade em encontrar mão de obra são outros fatores que colaboram para a busca por sistemas de irrigação mais eficientes.

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