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Editorial

Inflação gera inquietação no Brasil e nos Estados Unidos

Especialista comenta sobre a inflação no Brasil e nos Estados Unidos, tendo em vista as taxas básicas de juros divulgadas pelo Copom, BCB e Fed

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Inflação gera inquietação no Brasil e nos Estados Unidos
Economista escreve que os dois países enfrentam realidades próximas (Arte: TUTU)

Por André Sacconato*

E a luta contra a inflação no mundo continua. Na última semana, tanto o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central do Brasil (BCB), como o Federal Reserve (FED), dos Estados Unidos, divulgaram a taxa de juros básica de ambos os países.

Embora o Copom tenha mantido a taxa em 13,75% ao ano (a.a.), e o FED tenha aumentado em 0,25 ponto porcentual (p.p.), para a faixa entre 4,5% e 4,75%, tanto um como o outro apontaram para a mesma direção: o trabalho está longe de ser finalizado. Além disso, a inflação se apresenta bem distante das metas a serem seguidas.

No Brasil, o comitê apontou que o aumento das taxas de economias desenvolvidas torna ainda mais sensível o mercado em relação à política fiscal. Embora o mundo esteja desacelerando de uma forma tranquila, o incremento dos juros nos países centrais tende a atrair os dólares dos emergentes.

Assim, caso o conjunto de medidas do governo seja irresponsável, aumentando os riscos, este fluxo será potencializado, gerando desvalorização e mais inflação. Isso pressiona o BCB a aumentar ainda mais os juros. No caso inverso, uma política fiscal séria traz estabilidade e reverte as saídas de câmbio causadas pela desconfiança.

O Copom também destacou que as previsões inflacionárias para um futuro distante estão se deteriorando, muito em razão das declarações heterodoxas do governo. Este processo, chamado “desancoragem”, é perigoso, porque encarece o custo de longo prazo das políticas de contração monetária para debelar a inflação.

A piora das expectativas, principalmente de longo prazo, faz subir o preço dos títulos ligados a juros e os juros atuais pagos por empresas e consumidores. O comitê ameaçou, inclusive, subir esses juros caso as previsões se desloquem demais da meta, atitude correta para manter a estabilidade da moeda.

No Hemisfério Norte, o FED ponderou que os indicadores recentes realçam uma desaceleração saudável da economia, embora o mercado de trabalho ainda seja uma fonte de apreensão. O comunicado, liberado em 31 de janeiro, apontou tom ameno ao divulgar mais uma alta de 0,25 p.p., após manutenção em 5%.

Contudo, o que o Banco Central norte-americano não esperava é que o relatório de emprego, que saiu na última sexta-feira (3), apontasse criação líquida de 500 mil novos empregos, contra um prognóstico próximo a 100 mil. O dado “azedou” os mercados, que voltaram a subir juros de longo prazo e derrubar bolsas mundo afora. O mercado laboral estadunidense continua sinalizando ao FED que mais 0,25% não será suficiente. Cabe checar, agora, a reação da autoridade monetária a este novo fato.

Em suma, tanto Brasil como Estados Unidos enfrentam realidades próximas. Embora a luta contra a inflação já tenha começado (a brasileira, inclusive, bem antes), está longe de terminar. Por isso, qualquer declaração que demande baixa de juros será puro populismo e só vai complicar (e muito) o cenário futuro.

Nestas horas, é essencial agir com consciência e medir muito bem o que se comunica, principalmente os poderosos e formadores de opinião.

*André Sacconato é economista, consultor da FecomercioSP e integrante do CEEP.
 Artigo originalmente publicado no Portal Contábeis em 9 de fevereiro de 2023.

Saiba mais sobre o Conselho de Economia Empresarial e Política (CEEP).

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