Imprensa
14/11/2024Inteligência Artificial exige nova infraestrutura computacional
Consumo excessivo de energia requer alternativas renováveis para abastecer data centers
Com as aplicações de Inteligência Artificial (IA) se popularizando pelo mundo em variados tipos de negócios, o apetite pelo poder de computação também explodiu. E a tendência é que essa busca incessante por mais infraestrutura computacional se mantenha em ascensão pelos próximos três anos.
Quem garante essa tendência é Michael Intrator, CEO da CoreWeave, empresa que provê soluções na área. “Nossos clientes planejam aumentar ou acelerar a demanda por poder computacional. A tendência é de escalada contínua, e acredito que os clusters de data centers crescerão tanto a ponto de o seu tamanho ser inimaginável dois anos atrás”, afirmou o executivo, durante o Web Summit Lisboa 2024. O evento, uma das principais conferências do calendário mundial de inovação e tecnologia, reúne mais de 70 mil empresários e investidores de 160 países, além de 3 mil startups.
Para que esse crescimento se dê na medida das necessidades, um dos caminhos pode ser o surgimento de novos chips. Hoje, a solução da Nvidia é a que melhor permite trabalhar com supercomputação, mas há muita gente, incluindo grandes players, batalhando para tomar esse lugar. Melhores circuitos integrados podem levar a melhores computadores e melhores aplicações.
Ainda que da “guerra dos chips” surjam opções melhores, mantém-se a necessidade de um esforço para que os data centers tenham acesso à energia e reduzam o impacto ao meio ambiente. “Para torná-los mais eficientes, estão instalados em locais mais frios, assim como em localidades onde haja acesso à energia renovável”, explicou Intrator, da CoreWeave.
Rika Nakazawa, chefe de Inovação da NTT, empresa de telecomunicações que sempre contou com data centers, destaca que o consumo de energia é uma preocupação antiga desse mercado. Embora não negue a possibilidade de infraestruturas gigantes, ela vê oportunidade para a criação de uma rede de pequenos clusters de dados, instalados em locais estratégicos como forma de reduzir os reflexos ambientais que causam.
Outra ideia que pode frear a fome voraz pelo poder de computação — e, portanto, pelo consumo de energia — é o desenvolvimento de sistemas de IA menores e mais focados. Em vez dos LLMs (Large Language Models, como é o ChatGPT), devem surgir os Small Language Models (SLMs). “Esses modelos não precisam de tanta capacidade para fazer a ferramenta funcionar”, afirmou Rika.
Mas mesmo que os sistemas sejam mais focados, a produção energética ainda é uma questão para o planeta, até porque há alguns lugares e países em que falta eletricidade até para a vida diária da população. Segundo Rosanne Smith, COO da Northern Data Group, a saída possível para garantir a estabilidade energética no futuro é o desenvolvimento de energia nuclear para abastecer data centers. “Um pequeno reator pode abastecer uma central de processamento de dados sem nem entrar na rede elétrica. Assim, não afeta a vida das pessoas”, ponderou.
Ela reconhece que ainda que haja esforços para reduzir o impacto e o consumo de energia, é importante que essas escolhas não encareçam demais o preço da computação. “Estamos usando energias sustentáveis, escolhemos localizações no círculo polar ártico para gastar menos no resfriamento, mas não é suficiente”, disse Rosanne — lembrando que é preciso pensar em democratizar o acesso a esse tipo de infraestrutura, caso contrário, vai impedir a inovação e a entrada de pequenos players.
Web Summit 2024
Dentre os assuntos cobertos pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) no Web Summit 2024 em Lisboa, destacam-se os impactos do uso da Inteligência Artificial (IA) para as empresas e o futuro do trabalho, bem como os aspectos relacionados à regulamentação da ferramenta — temas presentes nos debates do Conselho de Economia Digital e Inovação e do think tank de IA da Entidade. Na próxima semana, um relatório com os principais insights do evento será divulgado nos canais digitais da Federação. Fique ligado!
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