Economia
01/06/2018Intenção de consumo cai pela segunda vez consecutiva em maio e mostra cautela das famílias paulistanas
Segundo a FecomercioSP, a avaliação das famílias em relação à compra de bens duráveis registrou queda de 5,3%, a maior variação negativa entre os itens pesquisados
Para a assessoria econômica da FecomercioSP, apesar da segunda retração seguida, não há indícios suficientes para se acreditar numa reversão de tendência da intenção de consumo das famílias
(Arte: TUTU)
O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) chegou aos 91,8, pontos em maio, queda de 1,1% em relação a abril, quando registrou 92,9 pontos. Na comparação com o mesmo período do ano passado, houve elevação de 16,8%, quando marcava 78,6 pontos.
O ICF é apurado mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) e varia de zero a 200 pontos – abaixo de 100 pontos significa insatisfação e acima de 100, satisfação em relação às condições de consumo.
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Dos sete itens analisados pela pesquisa, cinco recuaram na comparação mensal. O destaque ficou por conta do item Momento para duráveis que passou dos 68,1 pontos em abril para 64,5 pontos em maio, queda de 5,3%. A parcela de consumidores entrevistados que considera ser um bom momento para a compra de bens duráveis (veículos, eletrônicos etc.) passou de 34,6% em março para 28,3% em maio, recuo de 6,3 pontos porcentuais. Entretanto, o patamar é superior ao visto em maio do ano passado, de 23,5%.
A segunda maior queda no comparativo mensal foi do item Renda atual, de 3,3%, passando de 103,1 pontos para os 99,8 pontos atuais e voltou a ficar próximo da área de indiferença (100 pontos). No comparativo anual, houve um aumento de 12,1%.
A percepção dos paulistanos sobre a facilidade em contrair financiamento também caiu pelo segundo mês consecutivo. O item Acesso a crédito recuou 2,2%, ao passar de 94 pontos em abril para 91,9 pontos em maio. No contraponto anual, porém, houve crescimento de 21,4%. Isso significa que o porcentual de entrevistados que disseram estar mais difícil a obtenção de crédito para compras a prazo passou, em um ano, de 48,4% para 40%.
Os dois únicos itens que permaneceram na zona de satisfação, acima dos 100 pontos, foram Emprego atual e Perspectiva profissional. Ambos ficaram tecnicamente estáveis na comparação com o mês de abril, com variação de -0,3%. Na comparação anual, os dois apresentaram crescimento, o primeiro de 8,7%, atingindo 111,7 pontos, e o segundo, de 6%, registrando 114,3 pontos no mês
Os itens Nível de consumo atual e Perspectiva de consumo, por sua vez, apontaram aumento no comparativo mensal e também foram os que mais cresceram na comparação com o mês de maio do ano passado, 28,1% e 31,5% respectivamente. O item Nível de consumo atual obteve leve crescimento de 0,4% em relação a abril, mas continua sendo o item com pior avaliação do ICF, com 62 pontos.
O item Perspectiva de consumo cresceu pelo segundo mês consecutivo, atingindo 98,5 pontos, o maior patamar desde dezembro de 2014, e se aproxima da zona de satisfação. Em maio do ano passado, 20% dos paulistanos responderam que aumentariam os gastos nos próximos meses e, atualmente, são 34,1%.
Na análise por faixa de renda, a intenção de consumo das famílias com renda superior a dez salários mínimos caiu pelo segundo mês consecutivo (-2,1%), mas ainda permanece na área da satisfação, com 101,3 pontos. Apesar da queda, cinco dos sete itens estão acima de 100 pontos. Para o grupo com renda até 10 salários mínimos, o ICF atingiu 88,6 pontos, ligeira queda de 0,7% em relação a abril. Para esse grupo aconteceu o inverso: cinco dos sete itens estão na zona de insatisfação.
De acordo com a FecomercioSP, os números mostram claramente que as condições econômicas das famílias são melhores do que há um ano. Contudo, a economia e o emprego estão crescendo em um ritmo mais lento do que se esperava. Isso é reflexo de um cenário político de incertezas que traz um pouco mais de cautela aos consumidores. Além disso, apesar da inflação estar controlada e com deflação no grupo de alimentos, as altas no gás e na gasolina, por exemplo, fazem com que as famílias sintam uma perda do poder de compra.
Para a assessoria econômica da Entidade, apesar da segunda retração seguida, não há indícios suficientes para acreditar numa reversão de tendência do ICF. Inflação e juros estão em queda, e a geração de emprego vem acontecendo a passos lentos. O que o resultado pode sinalizar é que o indicador está encontrando o seu novo patamar de oscilação, pouco acima dos 90 pontos, o que já será um bom resultado se comparado aos índices registrados ao longo de 2017. A Federação ressalta, também, que os impactos da paralisação de caminhoneiros só serão mensurados no ICF dos próximos meses.
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