Economia
08/06/2017Intenção de consumo das famílias paulistanas cai 2,7% em 15 dias após nova crise política
Segundo levantamento da Entidade, famílias com renda superior a dez salários mínimos sentiram mais os efeitos da delação envolvendo lideranças políticas
Grande parte do desempenho econômico ligeiramente positivo apresentado no início do ano foi em função dos aumentos da confiança e da intenção de consumo das famílias e dos empresários
(Arte/TUTU)
Após um novo capítulo da prolongada crise política brasileira que aprofundou ainda mais o clima de incerteza que se instalou no País, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) mediu seus impactos sobre o humor dos consumidores paulistanos.
Em maio, excepcionalmente, a Federação calculou o Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) paulistanas em dois períodos distintos. De acordo com as entrevistas feitas com 1,1 mil pessoas no dia 10 de maio (antes da delação envolvendo lideranças políticas nacionais), o ICF atingiu 78,8 pontos. Já em 25 de maio (após o evento), em uma nova coleta com outros 1,1 mil consumidores, o ICF marcou 76,7 pontos, uma queda de 2,7% em um intervalo de 15 dias. Essa pesquisa capta, portanto, o efeito imediato sobre os consumidores e seus comportamentos.
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De acordo com a tabela, observa-se, que entre as famílias com renda acima de dez salários mínimos, a queda na intenção de consumo foi maior (-8,3%), passando de 89,5 (10/5) para 82 pontos (25/5); ao passo que, entre as menos abastadas, a intenção de consumo praticamente não se alterou (-0,3%), alcançando 74,8 pontos em 25 de maio, ante os 75,1 pontos em 10 de maio. De acordo com a assessoria econômica da FecomercioSP, em grande parte isso se deve ao fato de que o patamar de intenção de consumo das famílias de menor renda já está muito baixo, sendo difícil fazernovos cortes em seupadrão deconsumo, que se limita apenas ao básico.
Para a Federação, grande parte do desempenho econômico ligeiramente positivo apresentado no início do ano foi em função dos aumentos da confiança e da intenção de consumo das famílias e dos empresários. Esse aumento de confiança, por sua vez, deriva do apoio ao novo direcionamento econômico e à aprovação das reformas (algumas já finalizadas e outras em andamento). O novo cenário, segundo a Entidade, não permite mais garantir que as reformas e o direcionamento econômico se mantenham totalmente blindados e imutáveis, portanto, há um aumento indesejado das incertezas.
Existem tantas dúvidas no cenário político, que a Federação afirma ser muito difícil dizer o que vai acontecer com os indicadores de confiança e como as famílias vão reagir. Embora o momento econômico pareça melhorar, a Entidade aponta que uma crise profunda e, principalmente, prolongada, pode abortar esse processo. Por enquanto, a FecomercioSP afirma que só resta acompanhar e mensurar a temperatura com base nas pesquisas de opinião e confiança continuamente, que se tornam ainda mais relevantes nesse cenário.
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