Negócios
29/08/2017Irmãs catarinenses criam rede de franquias com “taças lambuzadas”
Sobremesa criativa era responsável por filas de até três horas na primeira unidade do café, que hoje tem 15 franquias em diferentes cidades
Para a Entidade, o principal foco da inovação no setor de cafés e doçarias deve ser a oferta de produtos novos e sugestão de formas criativas de apresentá-los
(Arte/TUTU)
Os cafezinhos que as irmãs Bruna e Paula Vieira tomavam juntas depois do trabalho se transformaram em uma bem-sucedida proposta de negócio – hoje, a doceria e cafeteria Café Du Centre, empresa que criaram juntas, soma 15 franquias em diferentes Estados brasileiros. A partir de 2018, terá também uma unidade internacional em Londres.
A ideia surgiu porque a cidade natal de ambas, Itapema, em Santa Catarina, não tinha cafés, e elas tinham que se deslocar até municípios próximos para frequentar esse tipo de estabelecimento. “Havia um espaço vazio no centro da cidade e pensamos: ‘Por que não abrir um café diferenciado?’”, lembra Bruna, que até aquele momento trabalhava como psicóloga. “Não conhecíamos Paris, mas nos inspiramos em filmes e escolhemos uma temática francesa, pois o lugar era pequeno”, conta. Com o dinheiro da venda de um carro, elas finalizaram e adaptaram o ponto e, no fim de 2014, iniciaram a operação.
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“No primeiro dia de funcionamento, quando um cliente pediu uma sobremesa, acrescentei alguns itens, pois me parecia que o resultado estava sem graça”, recorda Bruna. Ela começou a decorar taças por dentro e por fora com os ingredientes, criando um produto que, além de ter grande apelo visual, é fotogênico. Não demorou para que as taças “lambuzadas” se tornassem o carro-chefe da casa. “A aceitação foi ótima e as taças viraram uma tendência nacional. Em 2015, lançamos também a taça salgada, que foi outra inovação”, explica.
Atualmente, o cardápio do local tem 15 taças diferentes em seu cardápio, entre doces e salgadas, que são decoradas com chocolate ou queijo derretido espalhados pela parte de fora do recipiente.
Para a assessoria econômica da FecomercioSP, o principal foco da inovação no setor de cafés e doçarias deve ser a oferta de produtos novos e sugestão de formas criativas de apresentá-los (além do trato com os clientes), para sustentar a marca.
Com poucos meses de funcionamento, o estabelecimento acumulava consumidores satisfeitos e longas filas, o que levou as sócias a começar um plano de expansão. Elas optaram pelo modelo de franquias e contrataram uma empresa para formatar o projeto. A primeira unidade fora de Itapema foi aberta um ano depois da estreia, em Balneário Camboriú, também em Santa Catarina. “Tínhamos filas de até três horas, e a ideia de abrir a primeira franquia em uma cidade próxima surgiu para dividir esse público”, diz Bruna.
Para montar uma rede de franquias é recomendável, em primeiro lugar, ter um negócio testado e aprovado pelos consumidores, ainda de acordo com a FecomercioSP. A Entidade reforça que é importante que o franqueador monte uma estrutura para dar suporte às operações, assim como foi feito no café catarinense.
“Fizemos uma expansão qualitativa, com muito cuidado na escolha dos franqueados”, explica a fundadora. Durante o ano de 2016, foram criadas dez novas unidades do estabelecimento, apesar da recessão econômica. “Não buscamos apenas investidores. Boa parte de nossos franqueados são famílias abrindo seu primeiro negócio”, relata. Para 2018, a empresa prevê crescimento de cem por cento, por causa das novas unidades em fase de negociação.
Para abrir um Café Du Centre, o investimento varia entre R$ 300 mil e R$ 350 mil, valor que inclui instalação, taxa de franquia e capital de giro. O faturamento mensal tende a ser de R$ 75 mil, e o prazo de retorno do investimento é de pouco mais de um ano, dependendo da região do País.
“Nosso crescimento acontece de forma muito cautelosa – não queremos popularizar a marca e o ideal é que não haja mais de um estabelecimento por cidade, exceto em grandes capitais”, explica o gerente de expansão do Café Du Centre, Igor Mello. “O segredo do negócio é o empenho do franqueado: não é uma loja que a pessoa pode abrir e deixar na mão de um gerente”, completa.
Nesse segmento, de acordo com a assessoria econômica da FecomercioSP, o que faz a diferença para a satisfação do consumidor é a identidade dele com o negócio e com a marca: quanto mais satisfeito, maior esse diferencial. Isso envolve, ainda segundo a Instituição, o tratamento pessoal e cuidadoso.
Segundo Mello, o grande orgulho da empresa é o número de empregos diretos e indiretos criados ao longo da ampliação do negócio. “Temos uma taça que leva algodão-doce na receita. Hoje em dia, o vendedor de algodão-doce da pracinha de Itapema já tem uma pequena empresa para fornecer o produto para nossas franquias da região. Ele possui uma expectativa maior de demanda, e seu negócio cresce junto com o nosso.”
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