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Editorial

Motivado pelas recentes mudanças políticas, consumidor paulistano está mais confiante, aponta FecomercioSP

Elevação na confiança dos consumidores em junho interrompeu 40 meses consecutivos de quedas; com isso, índice atingiu maior valor desde abril de 2015

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São Paulo, 17 de junho de 2016 - Os mais recentes acontecimentos políticos no País, como a nomeação da nova equipe econômica feita pelo atual governo, parecem ter influenciado a confiança dos consumidores. É o que mostra o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), calculado mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) e cuja escala de pontuação varia de zero (pessimismo total) a 200 pontos (otimismo total). 

O ICC de junho registrou crescimento de 7,9% em relação a maio e atingiu 98 pontos - maior valor desde abril de 2015. Na comparação com junho de 2015, apresentou alta de 8,2%, registrando assim, a primeira elevação na comparação entre o mês e o mesmo do ano anterior desde janeiro de 2013. Com isso, o indicador de junho interrompeu 40 meses consecutivos de queda nessa base de comparação. A elevação foi impactada principalmente pela alta no Índice das Expectativas do Consumidor (IEC) - um dos componentes do ICC -, que subiu 7,2% no comparativo com maio, alcançando os 128,5 pontos, aumento de 26,6% ante o mesmo mês de 2015 - maior crescimento registrado pelo IEC desde janeiro de 2010 nessa base de comparação. 

Para os economistas da Entidade, o aumento do IEC simboliza uma espécie de de voto de confiança dos consumidores para a nova equipe econômica, o qual, porém, tem prazo de validade. Além disso, por causa da profundidade e da extensão da crise, e também pelo processo político de mudança ter sido muito conturbado, a Federação acredita que o prazo de validade desse voto de confiança é relativamente curto. 

O outro componente do ICC, que mede a avaliação dos consumidores em relação às condições econômicas atuais (ICEA), atingiu 52,4 pontos, crescimento de 10,6% na comparação com maio. Na comparação com junho de 2015, porém, o ICEA ainda apresentou queda, de 29,4%. 

Segundo a FecomercioSP, para que a confiança do consumidor continue crescendo, é necessário que haja alguma entrega efetiva da política econômicaa ser implantada pelo governo, como reformas estruturais, ajuste das contas públicas com corte de gastos - e, não, aumento de impostos -, aprovação do teto de despesas do setor público e privatizações. 

As medidas anunciadas até agora e a rapidez com que elas vêm sendo anunciadas, segundo a Entidade, parecem estar animando os consumidores.  No entanto, a FecomercioSP reforça o alerta de que, se esse ímpeto inicial não se confirmar em mudanças e aprovações efetivas, o consumidor em breve voltará a ficar desanimado, minando assim a esperada retomada do consumo. 

O ânimo do consumidor é imprescindível para o restabelecimento do comportamento normal de consumo, conforme vem destacando a FecomercioSP, mas não suficiente, para a retomada das vendas. Ainda que não seja possível prever quando exatamente essa melhora recente da confiança passará a se reverter em aumento do movimento no comércio - no Dia das Mães e no Dia dos Namorados, por exemplo, foram registradas quedas das vendas do varejo -, a Federação aponta não ser possível prever uma retomada das vendas sem uma melhora consistente da confiança, que depende da capacidade do governo e do Congresso de converterem a mudança política em medidas que equilibrem as contas públicas e melhorem o ambiente de negócios no País. 

Metodologia

O ICC é apurado mensalmente pela FecomercioSP desde 1994. Os dados são coletados de 2,2 mil consumidores no município de São Paulo. O objetivo é identificar o sentimento dos consumidores levando em conta suas condições econômicas atuais e suas expectativas quanto à situação econômica futura. 

Os resultados são segmentados por nível de renda, gênero e idade. O ICC varia de zero (pessimismo total) a 200 (otimismo total). Sua composição, além do índice geral, apresenta-se em: Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA) e Índice das Expectativas do Consumidor (IEC). Os dados da pesquisa servem como um balizador para decisões de investimento e para formação de estoques por parte dos varejistas, bem como para outros tipos de investimento das empresas. 

A metodologia do ICC foi desenvolvida com base no Consumer Confidence Index, índice norte-americano que surgiu em 1950 na Universidade de Michigan. No início da década de 1990, a equipe econômica da FecomercioSP adaptou a metodologia da pesquisa norte-americana à realidade brasileira. Atualmente, o índice da Federação é usado como referência nas reuniões do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), responsável pela definição da taxa de juros no País, a exemplo do que ocorre com o aproveitamento do CCI pelo Banco Central.

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