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Editorial

Não podemos nos descuidar da inflação

Especialista comenta sobre os índices inflacionários no país e como o Banco Central enfrentou a situação

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Não podemos nos descuidar da inflação
Pontos de atenção estão nos alimentos e nos combustíveis, além do desafio fiscal que se avizinha (Arte: TUTU)

A divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de outubro dá um aviso claro: “Cuidado com a inflação!”.

Após três deflações seguidas, o mercado já está de olho na sinalização do Banco Central (Bacen) para saber quando a autoridade monetária baixaria as taxas de juros, antecipando um movimento planejado para o meio do ano que vem. Entretanto, a ata do Bacen mostra que a preocupação não abrange tanto as eventuais quedas da taxa básica, mas, sim, a inflação descontrolada. O posicionamento do Bacen foi preciso.

O IPCA do mês passado revelou inflação de 0,59% acima da perspectiva do mercado, gerando um pequeno aumento na previsão do relatório Focus para este ano: de 5,63% para 5,82%. É claro que números mensais são voláteis, mas a questão não é apenas o número em si, mas a abertura.

Um primeiro ponto de atenção foram os alimentos, principalmente em domicílio, que afetam os mais pobres. O grupo em geral obteve alta de 0,72% e influência de 0,16 ponto porcentual (p.p.) para o índice geral, fechando em 0,80% – enquanto o grupo de fora do domicílio, em 0,49%. Vale lembrar que esta categoria apontou deflação de 0,51% em setembro.

Contudo, o desempenho em outubro mostra que os valores desses alimentos estão longe de se estabilizarem – e isso pode impactar a parcela mais empobrecida da população, forçando-a a gastar a maior parte da renda nestes itens. E, para completar, não podemos nos esquecer da possibilidade de o Auxílio Brasil aquecer este mercado.

Outro ponto de atenção são os combustíveis. A intervenção artificial do governo nos preços, com baixa de impostos, já mostra sinais de esgotamento. Além disso, a proximidade do inverno no Hemisfério Norte e o posicionamento mais radical da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) devem gerar nova alta no valor do barril de petróleo. Apesar do recuo dos combustíveis em outubro (-1,27%, bem menor do que nos meses anteriores), a tendência é voltar a crescer.

Um outro item, mais estrutural, perturba: o desafio fiscal que se avizinha. Ao injetar recursos demais na economia, o governo pode interferir negativamente na inflação, colocando mais “lenha na fogueira”.

Ainda estamos muito longe da meta – e não devemos atingi-la nem em 2023. Se a política fiscal se tornar expansionista demais, corre-se o risco de gerar ainda mais pressão na política monetária, obrigando o Bacen a “enxugar” a liquidez e aumentar as taxas de juros.

A autarquia agiu corretamente em ancorar as expectativas do mercado e deixar clara a importância de a estagnação da taxa em 13,75% ser suficiente para resolver o problema inflacionário. Com isso, afastou a tese, ainda muito precipitada, de tentar adivinhar o momento ideal de baixar os juros básicos.

Assim, o Bacen envia um recado à política fiscal: “Ao seguirmos juntos, poderemos, em algum momento, flexibilizar os aumentos. Entretanto, se você se comportar de maneira mais expansionista, terei de apertar ainda mais a oferta monetária”. Estamos vendo, in loco, a importância de um banco central independente. Isso foi um ganho gigantesco para o Brasil.

*André Sacconato é economista, consultor da FecomercioSP e integrante do CEEP.

Artigo originalmente publicado no Portal Contábeis em 17  de novembro de 2022.

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