Sustentabilidade
22/11/2016Negócio que foca em limpeza com menos água ganha espaço no mercado
Público consumidor das redes de franquias Jan Pro e Limpeza com Zelo vai do residencial ao corporativo e cresceu mesmo com a crise econômica
Serviço propõe aos consumidores economizar tempo e dinheiro – além de ainda ter o fator sustentável
(Arte/TUTU)
Por Jamille Niero
A crise hídrica que afetou o Estado de São Paulo recentemente ressaltou a importância de se repensar a forma como a água é utilizada e se buscar maneiras para evitar desperdícios. Outro fator que reforça esse pensamento é uma estimativa do Banco Mundial, que aponta que até 2050 mais de um bilhão de pessoas viverão em cidades sem água suficiente.
“O pior da crise hídrica já passou, mas não sabemos o que vem pela frente. Mesmo que os reservatórios continuem com água, o custo vai aumentar ao longo do tempo, porque está cada vez mais poluída e as fornecedoras gastam mais para torná-la potável”, analisa Cristiane Cortez, assessora do Conselho de Sustentabilidade da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
Segundo ela, o ideal é que negócios que sirvam como alternativas mais sustentáveis sejam pensados e pesquisados agora para serem colocados em prática antes que o problema apareça – como aconteceu com a crise hídrica, que gerou muitos transtornos por falta de soluções.
É o caso da Limpeza com Zelo e da Jan Pro, duas redes de franquias (pertencentes ao mesmo grupo, o Jan Pro) especializadas em limpeza residencial e corporativa, respectivamente. A ideia veio dos Estados Unidos, país que abriga a matriz da franqueadora há 25 anos. No Brasil, o modelo de prestação de serviços desembarcou há 12 anos, primeiro focado na limpeza corporativa. Contudo, mais recentemente dois fatores despertaram a demanda residencial: a PEC das Domésticas, lei que ampliou os direitos trabalhistas dos empregados domésticos (sancionada em 2015), e a consolidação da tendência imobiliária de apartamentos e casas cada vez menores. A explicação é do diretor executivo da Jan Pro no Brasil, Renato Ticoulat.
Segundo o executivo, mesmo com a crise econômica (que fez com que pessoas e empresas cortassem despesas), o mercado é promissor. Isso porque o serviço propõe aos consumidores (sejam pessoa física ou jurídica) economizar tempo e dinheiro – além de ainda ter o fator sustentável, já que usa menos recursos naturais como a água.
“Tivemos um crescimento de quase 60% na Jan Pro, mesmo com o fechamento de empresas que atendíamos em segmentos como o de concessionárias de veículos. Hoje passamos a atender mais academias, restaurantes, etc.”, relata o diretor. Já o público-alvo do serviço residencial varia um pouco de acordo com a cidade onde ele é prestado: a maioria dos contratantes são solteiros ou recém-casados que trabalham fora e não têm tempo para a limpeza. “No Rio de Janeiro, o maior público é quem aluga quarto ou casa para turistas, já em Santos (litoral paulista) tem muitos aposentados e, no bairro paulistano de Moema, a maioria são os jovens que estudam em faculdades próximas”, diz.
O faturamento das duas franqueadoras reflete o potencial do mercado: o da Jan Pro passou, no último ano, de R$ 42 milhões para R$ 90 milhões. Já a receita da Limpeza com Zelo, que iniciou as atividades há menos tempo, saiu de R$ 2 milhões para R$ 8 milhões, também de 2014 para 2015.
Como funciona
O serviço é feito com produtos químicos como o peróxido de hidrogênio e panos de microfibra em vez de algodão – os primeiros aguentam 540 “lavadas” enquanto os últimos apenas sete. Há também o equipamento chamado mop pulse, que economiza 98% de água e 48% de produto químico, garante Ticoulat.
Ele destaca o cuidado com o descarte dos materiais utilizados. De acordo com o executivo, os baldes em desuso são reciclados, as roupas e tecidos são doados depois de utilizados, além de serem feitos de material reciclado, como o PET, e o produto químico é diluído em uma proporção de 1 para 200. “Temos ainda a preocupação com o volume de descarte, com a qualidade do ar após o uso do produto químico e com o barulho produzido pelo equipamento que usamos.”
No caso do cliente residencial, a limpeza é feita por faxineiros franqueados – que antes de abrirem a sua própria franquia, passam cerca de 60 dias como parte da equipe interna para aprenderem o serviço. O prestador leva o equipamento e os materiais à casa do contratante. Já no corporativo, equipamentos, materiais e a equipe de funcionários da Jan Pro ficam alocados na empresa do cliente.
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