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Editorial

O ano de 2022: a chance de repensar o Brasil

Entenda quais pontos os candidatos às eleições devem se atentar e os cenários econômicos para 2022

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O ano de 2022: a chance de repensar o Brasil

O primeiro ponto a ser discutido são as reformas
(Arte: TUTU)

*Por André Sacconato

Entramos no período eleitoral, com candidaturas novas aparecendo e algumas antigas voltando à tona. Como temos ainda aproximadamente um ano, chegou a hora de cobrarmos dos candidatos, independentemente de quem sejam, a plataforma econômica que trarão.

Não se trata aqui de pontuar posicionamento político ou retórica. É necessário saber o que teremos pela frente e o que devemos valorizar na decisão. O objetivo final sempre terá de ser o aumento de emprego, renda e bem-estar da população.

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O primeiro ponto a ser discutido são as reformas. É inegável, por exemplo, que temos um sistema de administração pública que não valoriza o trabalho nem a produtividade, sendo uma das maiores fontes de desigualdade. Não se trata aqui de desvalorizar o funcionário público, muito pelo contrário, mas de abrir espaços para que possamos cada vez mais valorizar quem realmente produz. Índices objetivos de apuração de produtividade, prêmios relativos ao desempenho e eliminação dos subterfúgios para os que não querem trabalhar são essenciais para o Brasil trilhar o caminho da prosperidade.

Outro ponto essencial: a abertura da economia nacional. Não temos dúvidas de que, se feita de forma abrupta, pode ser prejudicial à empresa brasileira, mas uma abertura gradual, com simultânea melhora do ambiente de negócios, é primordial para o País se inserir na cadeia produtiva mundial e ganhar produtividade. Só assim poderemos crescer com distribuição de renda.

Não menos importante é a Reforma Tributária, após a Administrativa, para diminuir a necessidade de gastar tanto tempo pagando impostos e, dentro do possível, racionalizar as alíquotas. Não podemos tolerar aumento de carga tributária ou remendos malfeitos. Isso é uma condição básica para o desenvolvimento do País.

Além disso, devemos garantir que o governante se comprometa a manter um Banco Central independente e totalmente responsável pela moeda e pela inflação, ainda mais em tempo de inflação alta.

Quem leu o artigo até aqui pode pensar que defendo o Estado mínimo. Muito pelo contrário, a ideia é justamente limpar o Estado, para que possa se concentrar naquilo que realmente faça a diferença. Não há pior algoz para os mais pobres do que a inflação. Governo que não liga para este fato não liga para os mais pobres. A história mostra isso: aumentos de níveis de pobreza são comuns em processos inflacionários e aumentos da desigualdade.

E, principalmente, numa sociedade tão desigual, é impossível falar em não intervenção estatal. Imaginar que se pode falar em meritocracia em um país onde crianças estão fora da escola, trabalhando em situações insalubres, enquanto outras estão em escolas de dezenas de milhares de reais por mês, é desonestidade. É preciso reformar completamente a educação básica, falar em primeira infância e melhorar a saúde. Isso só será possível se reformarmos o Estado, abrirmos a economia e deixarmos de gastar tanto com a educação superior. Não há milagres.

Precisamos de planos de longo prazo no Brasil. Precisamos de alguém que pense a Nação, e não fique apenas reagindo a provocações ou pensando no curto prazo. Temos mais uma chance em 2022, e não podemos deixá-la passar. É importante pensar em plataformas, em planos, não em nomes. O Brasil implora.

Saiba mais sobre o Conselho de Economia Empresarial e Política (CEEP).

*André Sacconato é economista, consultor da FecomercioSP e integrante do CEEP.
Artigo originalmente publicado no Portal Contábeis em 26 de novembro de 2021.

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