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Economia

“O Brasil não precisa de nova Constituição, mas de classe política que obedeça à lei existente”, diz Jeff Garmany

Geógrafo e professor do Brazil Institute do King's College London fala ao UM BRASIL sobre política, eleições e padrões da sociedade brasileira

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“O Brasil não precisa de nova Constituição, mas de classe política que obedeça à lei existente”, diz Jeff Garmany

“Gostaria de acreditar que essa desigualdade está mudando e que até os ricos precisam pensar em processos legais. Temos visto algumas evidências disso”, diz Garmany
(Arte/TUTU)

“O Brasil não precisa de uma nova Constituição, mas de uma classe política que obedeça à Constituição que já existe”, analisa o geógrafo e professor do Brazil Institute do King's College London, Jeff Garmany. Em entrevista ao canal UM BRASIL, Garmany afirma que, no País, quem tem recursos consegue usar a legislação para fazer quase tudo o que quiser e, ainda assim, estar dentro da lei. “No Brasil, a Constituição não é um problema, mas, sim, alguns grupos sociais que não têm que se preocupar com a lei”, conclui.

A entrevista faz parte de uma série gravada em fevereiro no Brazil Institute, centro de pesquisa sediado pelo King’s College London, no Reino Unido. Em entrevista ao jornalista André Rocha, o geógrafo – que dedicou sua carreira ao estudo do Brasil – comenta temas como a violência urbana e o crescimento da importância social dos evangélicos no País.

“O Brasil é um país de contrastes”, observa Garmany. “Tem os braços abertos e outras características que explicam sua popularidade no mundo. Por outro lado, nota-se tanta injustiça social e pobreza, que é difícil explicar por que existem tantas coisas boas, mas tantos problemas. Analisar essas diferenças faz parte da minha pesquisa”, conta.

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Sobre a popularização da religião evangélica no Brasil, o estudioso afirma que o significado de “evangélico” é difuso, entre pessoas mais e menos conservadoras quanto a questões como o casamento homoafetivo ou a legalização da maconha. “Em geral, esses grupos são conservadores, mas ser evangélico há 20 anos era algo muito mais radical. Hoje não dá para dizer quem é evangélico e quem não é nos espaços públicos – ou seja, o que significa ser evangélico no Brasil está sempre mudando”, explica o entrevistado.

“A força da bancada evangélica chama a atenção, mas temos de lembrar que é um grupo diverso. No futuro, ainda não sabemos como eles podem continuar usando essa identidade religiosa para definir suas ideias ou sua base de apoio”, afirma.

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Acerca da segurança pública no País, ele analisa motivos pelos quais ela permanece insuficiente. “Ninguém está satisfeito com a segurança pública no Brasil, nem os ricos nem os pobres”, diz. “Se todo mundo está insatisfeito, por que razões ela não muda? O que me chama atenção aqui é que, para os ricos, há benefícios: eles não são processados ou presos” argumenta o pesquisador. “Gostaria de acreditar que essa desigualdade está mudando e que até os ricos precisam pensar em processos legais. Temos visto algumas evidências disso”, conclui.

A entrevista completa está disponível abaixo:

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