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Editorial

O mercado de trabalho e a pós-recuperação distinta de Estados Unidos e Brasil

Entenda o movimento de retomada econômica e projeção de crescimento para 2022

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O mercado de trabalho e a pós-recuperação distinta de Estados Unidos e Brasil

Cenários distintos mostram que as expectativas para as economias estão distantes no processo de recuperação
(Arte: TUTU)

*André Sacconato

A retomada pós-pandemia dos países ocidentais parece ter seguido um formato comum. A grande maioria se recuperou em “V”, alguns com mais amplitude, outros com menos. Fato é que, ainda em 2021, muitas nações já estavam se reabilitado dos efeitos econômicos nocivos do evento.

O que parece diferenciar cada uma é a forma como esta recuperação se daria. Países como os Estados Unidos devem manter um crescimento um pouco mais forte, sob efeito das políticas expansionistas, embora em menor ritmo do que em 2021. Já outros, como o Brasil, parecem ter chegado ao limite e não devem crescer em 2022. Para se ter uma ideia da diferença, é interessante comparar os dados dos mercados laborais nos dois países.

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Os norte-americanos contam com um mercado de trabalho praticamente a pleno vapor. Além de um contingente de trabalhadores voltando às funções com a melhoria das condições sanitárias (é importante lembrar que essas condições, nos Estados Unidos, são bem piores que por aqui), os números mostram mercado laboral forte e com rendimentos crescendo.

E mais: no país do Norte, está faltando mão de obra em três setores: alojamentos, alimentação e logística. Em alguns locais, é comum avisos de que o serviço não está na qualidade desejada por falta de pessoal. Há algumas semanas, o número de pedidos semanais de seguro-desemprego baixou para a menor marca em 52 anos (foram apenas 199 mil aplicações para o benefício). No melhor ano da história americana, em 2019, a média foi de 218 mil pedidos. Outro dado relevante é que a quantidade de vagas postadas no site indeed.com já está 52% maior do que no período imediatamente anterior à pandemia. Além disso, 3% da população empregada no último mês trocaram o atual trabalho por serviços mais bem remunerados, taxa recorde histórica. Com isso, o desemprego atinge, atualmente, 4,2%, valor considerado quase de pleno emprego – só em novembro, o país adicionou mais 1,1 milhão de novos trabalhadores na economia.

Infelizmente, este quadro está longe de acontecer no Brasil. Embora apresentando um excelente número no trimestre finalizado em setembro, com diminuição de 1,1 milhão de desempregados, ainda assim, a taxa está em 12,6%, muito acima do ideal. Dos novos 3,6 milhões de postos, 1,1 milhão são sem carteira assinada, e outros 500 mil, de novos CNPJs – isso mostra que muitos estão sendo obrigados a abrir empresas em um ambiente hostil. Outro dado muito preocupante são as quedas de 4% do salário médio real, em relação ao trimestre anterior, e de 11%, em relação ao mesmo período do ano anterior. Assim, a massa de renda – o total de receita disponível – caiu 0,1%, frustrando todos os bons números de emprego.

Estes dois cenários bem distintos mostram que as expectativas para ambas as economias estão bem distantes no processo de recuperação. Embora as duas lutem contra inflação alta, os Estados Unidos ainda têm potencial de desenvolvimento baseado na força de trabalho, com expectativa de crescimento acima de 3% em 2022. Já no Brasil, a inflação, os juros altos, as dúvidas na política fiscal e o alto desemprego levam o mercado a uma previsão de estabilidade.

Em suma, os dados de mercado laboral ainda não são muito animadores para a economia nacional, a qual não apontou melhoria consistente dos números pós-pandemia, diferentemente da estadunidense.

Saiba mais sobre o Conselho de Economia Empresarial e Política (CEEP).

*André Sacconato é economista, consultor da FecomercioSP e integrante do CEEP.
Artigo originalmente publicado no Portal Contábeis em 10 de dezembro de 2021.

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