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Economia

O nó do trânsito nos grandes centros

Especialistas em mobilidade afirmam que apenas um sistema de transporte urbano inteligente é capaz de reduzir o custo e garantir qualidade razoável

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O nó do trânsito nos grandes centros

O aumento do número de carros nas ruas brasileiras diminuiu os espaços nas ruas, prejudicando o transporte público e aumentando o seu custo (Arte: TUTU)

Com informações de Silvia Kochen

O tema “mobilidade urbana” nos grandes centros tem sido cada vez mais discutido, uma vez que os problemas nessa área só têm crescido, assim como a população urbana. A partir da segunda metade do século 20, as cidades brasileiras incharam. Em 1950, 36% dos brasileiros viviam em cidades. Em 2010, são 84%. Em decorrência da falta de estrutura, hoje existem pessoas que passam cerca de duas a quatro horas em congestionamentos. Por isso, foi instituída e Lei n° 12.587 em 2012, que estabelece diretrizes da Política Nacional de Mobilidade (PNM).

O superintendente da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), Luiz Carlos Néspoli, diz que apesar da criação dessa lei, não há uma orientação do que fazer, apenas a determinação para que municípios com mais de 20 mil habitantes criem seus próprios Planos de Mobilidade Urbana (PMU). Uma das prioridades estabelecidas pela PNM é que os transportes não motorizados sejam priorizados, dando espaço para as bicicletas ou até mesmo a opção de trajetos a pé.

Com o prazo de três anos estabelecido para a solicitação de recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para a área, os projetos apresentados pelos municípios tinham falhas em sua concepção, como demandas de transportes mal dimensionadas e, consequentemente, custos insustentáveis, avalia Néspoli.

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Alto custo

Para a arquiteta Meli Malatesta, especializada em mobilidade urbana, as políticas públicas que priorizam o uso do automóvel são o principal entrave do setor no Brasil, pois há décadas a indústria automobilística é um dos pilares da economia nacional, fator que pode até servir como explicação para a resistência em mudar o modo de pensar em relação a meios de transporte e mobilidade. O que se sabe hoje em relação ao custo da mobilidade é que é alto, apesar de não sabermos quanto ao certo, já que há diversos gastos ocultos e que são praticamente impossíveis de avaliar, como os custos com a saúde causados pela poluição dos veículos. Isso explica o motivo de cada estudo feito apontar um valor diferente. E além do preço pago diretamente por cada usuário, há o custo social com as despesas para pavimentação das ruas, sinalização, fiscalização do trânsito, entre outros itens.

O aumento de veículos nas vias diminuiu os espaços, prejudicando o transporte público e aumentando a sua despesa. Além de contribuir para o aumento dos gastos com as manutenções feitas no sistema viário. Há ainda o cálculo do custo do transporte coletivo para a elaboração das tarifas, que, embora seja complicado, ficou mais confiável com a massa de informações disponível hoje, garante Néspoli. A bilhetagem eletrônica permite uma avaliação real do volume de passageiros, coisa que antigamente era duvidosa porque dependia de informações das empresas, nem sempre confiáveis. A mesma coisa vale para os sistemas de GPS que rodam com os ônibus e que monitoram, em tempo real, quantos quilômetros o sistema roda.

Nessa conta, o custeio inclui fontes de receita extratarifárias, como o subsídio de R$ 3 bilhões pagos anualmente pela Prefeitura de São Paulo para as empresas de ônibus que atuam no município.                                                                                                 

Inteligência

Especialistas em mobilidade afirmam que somente um sistema de transporte urbano inteligente é capaz de reduzir o custo, ao mesmo tempo em que garante qualidade razoável. O resultado disso seria um meio de transporte integrado entre vários modais (não motorizado, sobre rodas e sobre trilhos), além de sua frequência facilitar o acesso dos usuários. Essa iniciativa teria de partir do governo com ações conjuntas, já que muitos brasileiros atualmente moram em uma cidade e trabalham em outra. Faixas de ônibus já foram feitas em alguns locais de cidades como São Paulo, onde o tráfego de veículos é cada vez maior, porém, em curto prazo, a solução seria criar mais, dando prioridade ao transporte coletivo, e investir em transporte não motorizado, dando mais espaço a ciclovias e calçadas adequadas para caminhadas. No médio prazo, seria preciso construir corredores de ônibus e restringir a circulação do automóvel em áreas mais congestionadas. No longo prazo, recomenda o superintendente da ANTP, o investimento em políticas urbanas que aproximem as pessoas de seus empregos e no transporte sobre trilhos, quesito em que somos deficitários.

Confira a matéria na íntegra na Revista Problemas Brasileiros – edição 441.

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