Economia
09/06/2022Pagamento do FGTS e 13º elevam a intenção de consumo, que atinge, em maio, o maior patamar desde abril de 2020
Apesar da melhora pontual provocada pela injeção dos recursos na economia, inadimplência se mantém próxima ao nível recorde
Entre as famílias que recebem até dez salários mínimos, a redução da insatisfação com as condições econômicas foi mais relevante
(Arte: TUTU)
O saque emergencial do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e a antecipação do pagamento do décimo terceiro salário para aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) contribuíram para a alta, em maio, da Intenção de Consumo das Famílias (ICF). O indicador da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) subiu 4,1% e registrou 80 pontos. Embora ainda indique insatisfação, pois está abaixo dos 100 pontos numa escala que vai de 0 a 200, este é o maior patamar do ICF desde abril de 2020 (98,8). Na comparação anual, o crescimento foi de 18,9%.
As sete variáveis que compõem o indicador registraram crescimento no mês, mas os itens Emprego Atual e Perspectiva Profissional se destacaram, crescendo 5,1% e 6,5% e atingindo as pontuações de 107,8 e 106,3, respectivamente. A avaliação da renda atual subiu 5,8%, chegando aos 85,3 pontos. A melhora no mercado de trabalho na capital paulista – que gerou, no primeiro trimestre, 60 mil novos empregos formais, além da reabertura da economia e a injeção de recursos do FGTS e do décimo terceiro – beneficiou o poder de compra dos consumidores paulistanos, em maio. Entretanto, ainda é insuficiente para cessar os impactos da inflação no orçamento doméstico.
Além disso, estas medidas não elevaram, na mesma proporção, o ânimo dos paulistanos em consumir. As variáveis que mensuram Nível Atual e Perspectiva para Consumo subiram 1,4% e 0,6%, respectivamente. Ambas ficaram abaixo dos 100 pontos (na zona de insatisfação), com as respectivas pontuações de 58,3 e 78,6. As demais altas foram observadas em Acesso ao Crédito (3,9%/81,5 pontos) e momento para duráveis (2,6%/42,1 pontos), porém, em patamares inferiores aos do ano passado (-9,5% e -8,6%, respectivamente).
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A análise por faixa de renda demonstrou que, entre as famílias que recebem até dez salários mínimos, a redução da insatisfação com as condições econômicas foi mais relevante: alta de 4,7%, saindo de 71,4 pontos, em abril, para os atuais 74,8. Entre os lares com renda superior a este valor, o avanço foi de 2,5% (contudo, com pontuação mais elevada: 95 pontos). O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) também foi alavancado pelos recursos do FGTS e do décimo terceiro salário, crescendo 1,5%.
Inadimplência próxima ao nível recorde
De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), da FecomercioSP, o número de inadimplentes ficou tecnicamente estável em maio: as famílias com dívidas em atraso eram 24,5%, ante os 24,6% em abril, quando houve o recorde da série histórica do levantamento. No mês, 983 mil lares não conseguiram pagar as dívidas até a data do vencimento. Entre as famílias com renda maior, a taxa ficou estável (12,2%), ao passo que entre as de renda menor, houve recuo de 29,5% para 29,3%.
Com mais recursos em mãos, as famílias estão focando no pagamento das dívidas. Após recorde em abril (75,3%), o número de lares endividados diminuiu 74,5%, o que significa que 28,1 mil famílias não têm mais dívidas, num total de 2,99 milhões de lares endividadas. A principal razão para esta redução foi o menor uso do cartão de crédito (de 93,7% para os atuais 91,9%). Além do encarecimento, as empresas de cartão e os bancos estão mais seletivos na concessão de crédito, dado o maior risco de inadimplência. Por outro lado, houve aumento do endividamento nos carnês (19,7%, ante 19,1% do mês anterior).
Na análise por faixa de renda, a redução do endividamento foi detectada tanto nas famílias que ganham até dez salários mínimos quanto nas que recebem acima deste valor. Para o primeiro grupo, o porcentual passou de 78,1% para 77,4%. Na faixa de renda mais alta, houve recuo de 67,1% para 66,2%.
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