Negócios
31/10/2016Pagamento móvel deve ganhar mais espaço no Brasil nos próximos anos
Apesar de ser vista com desconfiança, solução proporciona praticidade para os consumidores nas compras do dia a dia
Compras feitas por dispositivos móveis em aplicativos ou lojas virtuais têm crescido, passando de de 0,3% em junho de 2011 para 23% no mesmo mês de 2016
(Arte/TUTU)
Por Jamille Niero
O dinheiro vivo deve ser substituído por soluções em dispositivos móveis em alguns anos, segundo uma pesquisa com entusiastas da tecnologia feita pelo Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE). Fazem parte da modalidade os pagamentos realizados por aplicativos ou sites e via Near Field Communication (NFC) ou contactless, tecnologia que permite a transação quando há a aproximação do celular de um leitor móvel ou máquina de cartão, ou mesmo de outro celular.
Apesar de ser uma boa alternativa a notas e moedas, o levantamento indica também que muitas pessoas ainda sentem receio em utilizar o dinheiro digital. Para 46%, a maior preocupação é o hackeamento das informações, enquanto 33 % desconfiam da ocorrência de pagamentos não autorizados por um fornecedor de pagamento móvel.
Para Pedro Guasti, presidente do Conselho de Comércio Eletrônico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) e CEO da Ebit, a preocupação com segurança das empresas que operam no setor é constante. “Como o tema segurança é muito delicado e criterioso, as companhias geralmente não divulgam todas as práticas, processos e soluções desenvolvidas para o aumento da segurança e detecção de fraudes, para não facilitar a vida dos criminosos através de hackeamento, invasão ou roubo de informações”, ressalta. Segundo ele, para contornar a desconfiança nesse quesito, é importante mostrar os benefícios do pagamento eletrônico e as boas práticas de segurança para o consumidor se proteger e evitar cair em golpes ou siladas.
Mercado
As compras feitas por dispositivos móveis em aplicativos ou lojas virtuais têm crescido. Segundo dados do mais recente relatório Webshoppers, da Ebit, a participação desses aparelhos nas compras virtuais saltou de 0,3% em junho de 2011 para 23% no mesmo mês de 2016. No primeiro semestre do ano, 18,8% do total das compras no comércio eletrônico foram feitas dessa forma e a expectativa é que esse índice encerre 2016 em 25%.
Já para a solução caracterizada pela substituição do dinheiro pelas carteiras virtuais, nas quais o smartphone armazena as informações do cartão de crédito e efetiva o pagamento pela tecnologia NFC é mais difícil de apontar previsões, porque ainda é recente em terras brasileiras. “Para evoluir, o mercado precisa oferecer a solução e comunicar ao consumidor sua existência mostrando as vantagens e segurança nela embutida. Mas existe um grande potencial para os próximos anos, se considerarmos a quantidade de dispositivos móveis e smartphones em uso no Brasil: a Ebit estima algo como 100 milhões de pessoas com smartphone”, observa Guasti.
Preparação
Para quem opera no ramo, a desconfiança do consumidor é compreensível, já que as pessoas levam tempo para se acostumarem com mudanças e novidades. Foi a mesma coisa quando surgiram o internet banking e o comércio eletrônico, ambos com a possibilidade de realizar transações por meio da rede. “É um processo cultural, mas acredito que será mais natural para quem nasceu depois de 1995, que já está mais acostumado com a internet, e na cabeça deles isso não é problema nem preocupação”, aponta Juan Fuentes, diretor da PagSeguro, fornecedora de soluções para vendas on-line e física.
Fuentes conta que as máquinas que a companhia fornece para intermediar pagamentos em lojas físicas já estão equipadas com a tecnologia NFC. O problema, ele aponta, é que há poucos consumidores que podem usar. “Ainda não existem aparelhos da Apple lançados aqui com a tecnologia, ou seja, somente estrangeiros a têm, enquanto a solução da Samsung está disponível apenas para os aparelhos mais novos, da ‘linha 7’”, exemplifica.
Para o gerente de produtos da Verifone (também especializada em pagamentos), Luiz Roncato, a adoção dessa opção precisa de estímulos de todos os envolvidos no fornecimento da solução. “Acreditamos que ao longo do tempo ela ganhe relevância no dia a dia do consumidor, ou seja, a partir do momento que ele entender que poderá sair para o almoço, para o cinema, só com o celular, vai ficar mais interessado”, considera. A companhia lançou no final do primeiro semestre uma nova linha de dispositivos para os varejistas que já aceita pagamento via aproximação.
Segundo Roncato, a previsão é que o uso “aumente exponencialmente” nos próximos dois ou três anos. Pedro Guasti, da FecomercioSP, aponta que até 2020 a expectativa do “celular substituir a carteira” é muito grande.
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