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13/09/2018Porcentual de famílias inadimplentes em São Paulo supera 20% em agosto e atinge a maior taxa desde maio de 2012
Segundo a FecomercioSP, parcela de famílias que não conseguirão pagar as contas em atraso no próximo mês também cresceu e atingiu maior patamar desde 2004
São Paulo, 13 de setembro de 2018 – A proporção de famílias paulistanas endividadas subiu pelo segundo mês consecutivo, ao passar de 51,2% em julho para 53,6% em agosto. Isso significa que 2,1 milhões de famílias da capital tinham algum tipo de dívida. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o endividamento ficou tecnicamente estável (53,4%). Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
A taxa de inadimplência, ou seja, a proporção de famílias que não conseguiram quitar suas dívidas até a data de vencimento, também registrou alta, passando de 19,6% em julho para os atuais 20,4%, o maior patamar desde maio de 2012 (21,5%). Atualmente, são 797 mil famílias nessa situação.
Segundo a Entidade, a diferença para 2012 é que, naquele período, a alta foi algo pontual e a inadimplência ficou pouco acima de 20% por dois meses, mas voltou logo a um patamar mais adequado. No caso atual, a inadimplência permanece acima dos 19% desde março deste ano.
Além disso, a parcela de famílias que já dizem que não conseguirão pagar as contas em atraso no próximo mês e, portanto, permanecerão inadimplentes, atingiu 9,6%, maior nível desde agosto de 2004. De acordo com o levantamento, 376 mil famílias estão nesta situação.
Em relação ao tempo médio de comprometimento da renda com as dívidas, a maior parcela está no longo prazo, acima de um ano, com 35,1%. Ao todo, 22,5% estão com dívida de até três meses; 20,1% de três a seis meses; e 20,2% de seis meses até um ano. O tempo de dívida em atraso supera 90 dias em 56% dos casos de inadimplência. O restante fica dividido de forma equilibrada – de 20,2% para até 30 dias; e de 22% entre 30 e 90 dias.
Na segmentação por faixa de renda, a proporção de famílias endividadas com renda inferior a dez salários mínimos (SM) avançou de 54,8% em julho para 56,9% em agosto. Em relação à inadimplência, a situação é mais complicada, já que 25,7% das famílias não conseguiram pagar a dívida até a data do vencimento e 12,4% declararam não ter condições de pagar as contas em atraso no próximo mês. Em ambos os casos, trata-se do maior nível desde o início da série histórica, em 2010.
No grupo de famílias com renda superior a dez SM, a tendência também foi de aumento, mas em níveis mais adequados, segundo aponta a FecomercioSP. O endividamento passou de 40,6% para 43,9%; a inadimplência, de 7,4% para 7,7%; e a não condição de quitar a dívida passou de 2,8% para 3,4%.
De acordo com a Entidade, além do ritmo mais fraco da atividade econômica e do desemprego elevado, as famílias também podem ter gastado um pouco a mais nas férias de julho e dificultado o controle do orçamento doméstico para o mês de agosto. A pesquisa mostra claramente a dificuldade das famílias, em destaque as de renda mais baixa, neste momento de instabilidade econômica e política.
Não há no curto prazo, indicação de que o quadro mude. Isso porque para a inadimplência cair de forma mais significativa, é essencial a retomada da geração de emprego, o que não está acontecendo pelas faltas de confiança e previsibilidade para os investimentos. Adicionalmente, os bancos monitorando todos esses riscos – desemprego e inadimplência – limitam a oferta de crédito e buscam a negociação dos débitos antigos, de forma que as taxas não saiam de um controle, acrescenta a Federação.
Tipos de dívida
O cartão de crédito segue como o principal tipo de dívida, com 71,7%, pouco abaixo dos 73,2% do mês anterior. Na segunda posição, está o carnê com 14,2%, seguido de financiamento de casa com 12% e financiamento de carro com 11,7%.
Metodologia
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) é apurada mensalmente pela FecomercioSP desde fevereiro de 2004. São entrevistados aproximadamente 2,2 mil consumidores na capital paulista.
O objetivo da PEIC é diagnosticar o nível de endividamento e de inadimplência do consumidor. A partir das informações coletadas, são apurados importantes indicadores: nível de endividamento, porcentual de inadimplentes, intenção de pagamento de dívidas em atraso e nível de comprometimento da renda. Tais indicadores são observados considerando duas faixas de renda.
A pesquisa permite o acompanhamento do nível de comprometimento do comprador com as dívidas e sua percepção em relação à capacidade de pagamento, fatores fundamentais para o processo de decisão dos empresários do comércio e demais agentes econômicos.
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