Negócios
02/07/2020Presença digital do negócio será fundamental para empreendedor vencer crise financeira
Assessora econômica da FecomercioSP analisa a importância de um plano de negócios que avalie os caminhos que a empresa deve tomar daqui para a frente
O planejamento de quanto se pretende vender é fundamental para quem utilizará plataformas de marketplace
(Arte: TUTU)
Os prejuízos do varejo paulista nos últimos meses atingiram a marca aproximada de R$ 659 milhões ao dia, segundo estimativa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Com isso, a crise econômica causada pela pandemia está exigindo que pequenos negócios adotem novas estratégias de planejamento para se adaptarem a essa realidade de perdas financeiras constantes.
Mesmo durante o processo de reabertura de estabelecimentos e o retorno do atendimento presencial, é hora de o empreendedor saber integrar estratégias para que consiga sobreviver no mercado nos próximos meses, alerta a economista e advogada Kelly Carvalho, assessora econômica da FecomercioSP, em transmissão ao vivo realizada no fim de junho pela revista Pequenas Empresas Grandes Negócios.
A especialista da FecomercioSP fez um balanço dos diversos recursos que as empresas podem lançar mão para vencer a crise. O primeiro deles é fazer um plano de negócios urgentemente.
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“As empresas não estavam preparadas para o momento. Por causa do desemprego, muitos se tornam empreendedores, mas não levam em conta as diversas variáveis necessárias para a permanência no mercado, como um plano de negócios”, afirma Kelly. “Os empreendimentos considerados não essenciais foram fortemente impactados sem que tivessem um planejamento de caixa – que é essencial – e sem digitalização da empresa. Quem conseguiu se digitalizar, conseguiu um certo fôlego”, pontua.
A economista ressalta que, agora, é necessário que o empresário tenha um controle financeiro amplo do empreendimento. “Em uma planilha, ele pode listar despesas fixas, custos variáveis e receitas. Com base nisso, deve verificar como está o negócio atualmente e o que pode ser feito para alavancar as vendas, ou seja, precisa projetar os próximos meses. Isso permitirá que tenha uma visão mais detalhada da empresa para tentar renegociar contratos – como o de aluguel do imóvel –, verificar se deve mudar para um estabelecimento menor ou se compensa reduzir os estoques”, diz. Renegociar prazos de pagamentos e de entregas com fornecedores e manter o home office também podem ser maneiras eficazes de redução de custos, avalia Kelly.
Presença digital do negócio será fundamental
A digitalização forçada durante a pandemia foi uma forma de sobrevivência das empresas, mesmo sem a mesma receita de antes. “Com a crise, o consumidor vê o comércio eletrônico como mais cômodo e mais seguro. Quem nunca comprou pela internet antes, passou a comprar, foi obrigado. Então, a integração entre os comércios físico e digital é uma forma de sobrevivência do negócio, uma maneira de ser visto, e isso vai ser fundamental para quem quiser se manter no mercado”, analisa a assessora econômica da FecomercioSP.
Os empreendedores podem utilizar as plataformas de marketplace que abriram espaço para vendas, não precisam ter um domínio próprio, já que o custo de gerenciamento disso é alto, ressalta.
Ela comenta que o planejamento de quanto se pretende vender também é fundamental para quem utilizará essas plataformas de marketplace, tendo em vista que há inúmeros concorrentes para o mesmo tipo de produto e comissões a serem pagas para a plataforma sobre o valor vendido. “Ainda tem logística de entrega, relacionamento com fornecedores, etc. Tudo isso deve constar em um plano de negócios”, pontua.
Controle financeiro
Apesar de uma série de medidas de fomento ao crédito a pequenas empresas, esses recursos ainda não chegam a quem precisa. A FecomercioSP encaminhou diversos ofícios a órgãos públicos, e a instituições como o BNDES, para que o acesso ao crédito seja simplificado.
Segundo a economista, muitos empreendedores trabalharam ao longo da vida sem qualquer tipo de restrição em seu nome ou da empresa, mas uma negativação ocasionada pela crise está impedindo empréstimos nos bancos. Mas isso é apenas uma parte do problema.
“A grande parte dos empresários não tem garantias a oferecer, e os bancos aumentaram os critérios para análise de crédito, em razão do risco de inadimplência. Isso faz com que ofertem linhas com taxas de juros mais altas e prazos mais curtos para pagamento.” Como uma alternativa para tentar se restabelecer no mercado, o empresário deve tentar renegociar as dívidas com as instituições financeiras, conclui.
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