Taxas de juros devem subir mais do que o anteriormente previsto no Brasil e no mundo, aponta conselho
(Arte/Tutu)

A guerra entre Rússia e Ucrânia pressionará, ainda mais, a já elevada inflação mundial, fazendo com que os bancos centrais, incluindo o brasileiro, aumentem as taxas de juros para patamares superiores aos anteriormente previstos. Além disso, em um ano de eleição, os efeitos do conflito e a forma como os candidatos à Presidência da República pretendem lidar com tais consequências serão mais um tema de interesse do eleitor avesso à polarização.

Estas são algumas das observações compartilhadas pelos membros do Conselho de Economia Empresarial e Política (CEEP), da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), na edição de março do podcast do colegiado.

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Na avaliação de Antonio Lanzana, economista e copresidente do CEEP, embora o Banco Central (Bacen) tenha saído na frente em relação a pares estrangeiros no que diz respeito ao combate à inflação, o ciclo contracionista da política monetária deve se prolongar para além do esperado, em razão da guerra no Leste Europeu. Inclusive, as projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano, indicador oficial de inflação do País, têm sido revisadas para cima semanalmente.

“Apesar dos esforços do Banco Central, pelo segundo ano consecutivo a inflação vai superar o teto da meta”, destaca Lanzana. “Dependendo da evolução do conflito, talvez em 2023 consigamos recolocá-la dentro do intervalo [de tolerância]”, acrescenta.

No segundo blogo, o sociólogo Paulo Delgado, também copresidente do CEEP, aponta que há uma parcela de eleitores que não se deixa contaminar pela polarização política que domina o Brasil, preferindo adotar uma visão mais analítica para decidir o voto.

“O eleitor polarizado tem pressa, quer queimar etapas, não liga para números. Ele está absolutamente convencido de que, na ilha de certezas em que vive, não há dúvida: é um [Lula] ou outro [Bolsonaro]”, frisa o cientista político. “A polarização é uma fraude contra o princípio dos dois turnos. Se é para ter dois candidatos só, é melhor acabar com os dois turnos”, afirma.

No bloco internacional, o economista André Sacconato examina os efeitos da guerra sobre a economia da Rússia, seriamente acometida por sanções aplicadas por países do Ocidente. Projeções indicam que o Produto Interno Bruto (PIB) russo pode encolher de 15% a 20% em 2022.

“Os Estados Unidos e aliados congelaram US$ 300 bilhões de reservas que a Rússia tem fora do país”, pontua o membro do CEEP. “Qual o efeito disso na economia daquele país? Não há dólar para dar vazão à fuga de capitais. Então, o banco central russo foi obrigado a fazer rígidos controles de capitais: não sai dólar de lá, e, principalmente, proíbe-se a importação”, complementa.

Além disso, na edição, os integrantes do CEEP discorrem sobre a melhora da arrecadação de impostos, a inconsistência entre as políticas fiscal e monetária nacionais, a queda da confiança do consumidor, o respeito que presidentes da República devem ter pelos limites da Constituição e as maneiras que os chefes de Estado dos Estados Unidos e da China, Joe Biden e Xi Jinping, têm lidado com a invasão russa à Ucrânia.

Ouça, a seguir, o podcast na íntegra:

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